O projeto verão 2014 dos viciados em academia vai além do
"combo" dieta e malhação de sempre: inclui de 30 a 40 minutos de
exercício feito de barriga vazia --método batizado com a sigla AEJ (aeróbico em
jejum).
Popular entre fisiculturistas, que usam a prática para queimar
gordura, o AEJ se espalhou entre não atletas, embalado pela divulgação na
internet de blogueiros e "celebridades fitness".
De abril a dezembro deste ano, as buscas pelo termo no Google
cresceram 230%. E já há mais de 11 mil fotos com a "hashtag" AEJ no
Instagram.
É lá que Rodrigo Purchio, 24, e Roberta Pacheco, 22, apelidados de
casal "frango com batata-doce", espalham a 102 mil seguidores sua
rotina de exercícios.
A alcunha, que dá nome a um blog, vem da mania de Rodrigo de comer
os dois alimentos juntos --prato-chave de marombeiros porque une uma proteína
magra e um carboidrato.
Rodrigo tem 10% de gordura no corpo --homens devem ter até 15%, segundo
o fisiologista do exercício Turibio Leite de Barros. "Quero chegar a 5%
mantendo os músculos que tenho."
É aí que o exercício em jejum entra. O AEJ se baseia na ideia de
que, graças ao estoque baixo de carboidrato, resultado de uma noite inteira sem
comer, o exercício feito antes do café da manhã usaria gordura como fonte
principal de energia.
"Teoricamente parece interessante, mas na prática não
funciona", diz Ivan Pacheco, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina
do Exercício e do Esporte.
Há poucas pesquisas que sustentam a teoria. Segundo o médico,
mesmo em jejum o corpo tem estoques de carboidrato. E o que determina o gasto
maior de gordura é a intensidade do exercício.
A receita do AEJ inclui fazer uma atividade moderada, por no máximo 40
minutos. "Exercício de intensidade baixa ou moderada usa mais gordura como
fonte de energia mesmo que a pessoa tenha se alimentado", argumenta
Pacheco.
ESCALAR MONTANHA
Rodrigo e a namorada, Roberta, fazem esteira inclinada ou
bicicleta ergométrica em jejum. "Sou capaz até de subir montanha sem
comer, mas controlo a intensidade de acordo com os batimentos cardíacos",
diz ele.
Se a atividade ficar extenuante, o uso de gordura como fonte de
energia diminui e cresce o uso de carboidrato e proteínas, explica o médico do
esporte Franz Burini.
O limite entre usar uma ou outra fonte de energia é tênue. Caso o
organismo consuma as reservas de açúcar, há risco de hipoglicemia, com sintomas
como tontura, suor frio e desmaios, segundo Burini. Em atividades prolongadas,
há maior chance de perda de massa magra (músculo).
"É uma técnica que deve ser adotada em situações extremas, por
pessoas com acompanhamento. O leigo quer entrar na moda e pensa que se é bom
para o fisiculturista é bom para ele. Mas os riscos superam os benefícios para
a maioria", diz Burini.
Quando começou a praticar AEJ, Roberta morria de medo de passar mal.
"Sou hipoglicêmica e minha pressão é baixa." Os bons resultados que
viu no namorado a convenceram, mas ela começou devagar --com acompanhamento e
suplementos de aminoácidos, fez 15 minutos por dia até pegar confiança.
"Nas primeiras vezes me senti mais fraca, mas nunca passei
mal. Hoje, faço 40 minutos quase todo dia. É o exercício aeróbico de que mais
gosto." E não é o único. Ela faz três horas de atividade física
diariamente.
"Não é o jejum que faz o corpo dessas pessoas ficar superdefinido.
É a rotina regrada de dieta e exercícios", diz a nutricionista Jéssica
Borrelli, especialista em esporte.
Para ela, se exercitar sem comer não compensa. Como a atividade tem
que ser de baixa intensidade, o gasto calórico também acaba sendo baixo.
"Não vale mais a pena comer antes para conseguir treinar
melhor, gastar mais calorias e consequentemente mais gordura?"
Para quem acorda e vai direto para a academia, ela recomenda tomar antes
um copo de água de coco, que tem carboidratos e é de absorção rápida. Quem for
esperar uma hora pode comer carboidratos complexos --pão com fibras, por
exemplo.
"Tanto faz se o corpo usou mais carboidrato ou mais gordura como
fonte de energia. Para emagrecer o que importa é gastar energia, queimar mais
do que ingerir", afirma o médico do esporte Marcelo Leitão.
Uma alternativa ao AEJ é fazer exercícios intervalados, alternando
ciclos de baixa e de alta intensidade, diz Burini. Nesse caso, a queima de
gordura e a de calorias é alta.
De
Juliana Vines
Fonte:
http://folha.com.br/
* Postado por:
Profa. Paula Fortes
Educadora Física
Educadora Física
Pós-graduada em Personal Trainer e Musculação
CREF: 014132/G-RJ
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Colunista em:http://ligadasaude.blogspot.com.br/