A endocardite é o nome dado às afecções,
infecciosas ou não, do endocárdio, camada interna do coração onde estão as
válvulas cardíacas. O comprometimento da saúde bucal está diretamente associado
à endocardite infecciosa. A doença afeta o coração com rapidez e pode
comprometer as funções vitais, exigindo uma internação prolongada.
Esta doença pode
ser causada por fungos, vírus e, mais frequentemente, por bactérias que entram
na corrente sanguínea. Nesse último grupo destaca-se o Streptococcus
viridans, que vive na boca de todos os seres humanos sem provocar qualquer
dano, desde que não haja fissuras ou sangramento.
A boca
é a maior cavidade do corpo em contato com o mundo exterior. Por suas
características e funções, a boca é um ninho de bactérias: em apenas um
mililitro de saliva encontramos 150 milhões de bactérias. Quando o equilíbrio
entre essas bactérias se quebra podem surgir as doenças periodontais (gengivite
e periodontite), inflamações na gengiva ou no tecido que une os dentes ao osso.
Em suas formas mais graves, elas contribuem para o desenvolvimento de
distúrbios cardíacos. De cada dez brasileiros, nove sofrem em algum grau desse
tipo de afecção. Na maioria dos casos, ela decorre de uma higiene bucal
inadequada e da falta de visitas regulares ao dentista.
As
implicações da gengivite e da periodontite seguem basicamente o seguinte
caminho: inflamados, os tecidos se tornam irritáveis e sangram durante a
mastigação, pela ação da escova de dentes ou do fio dental. Essa hemorragia,
por sua vez, possibilita que as bactérias que desencadearam o processo entrem
na corrente sanguínea e cheguem a outras partes do organismo, como coração. É relativamente fácil que isso aconteça porque
a gengiva e o periodonto tem irrigação sanguínea abundante. Por este motivo, a
endocardite bacteriana está mais presente em vítimas de doença periodontal.
Na
área odontológica, a prevenção da
endocardite começa pela anamnese na primeira consulta, durante a qual deve ser
apurada a condição geral de saúde do indivíduo. Os dados levantados na anamnese
são fundamentais, pois revelam se o paciente pode se submeter aos procedimentos
odontológicos sem maiores riscos. É
muito importante termos conhecimento dos fatores etiológicos que podem levar o
aparecimento da endocardite infecciosa, assim como aplicar os procedimentos
profiláticos para diminuir o risco de morte.
Fica
claro na literatura que qualquer procedimento odontológico em áreas infectadas
pode levar riscos ao paciente com comprometimento cardíaco. É muito importante
que o cirurgião-dentista tenha conhecimento da patologia que está tratando e
também sobre o perfil sistêmico do paciente. Se for o caso, o dentista ou o
cardiologista deve indicar um antibiótico a ser ingerido antes do procedimento,
para garantir maior proteção ao paciente.
Portanto o tratamento e prevenção da cárie e
doença periodontal transcende a preservação dos dentes, sendo importante
para a saúde geral do indivíduo. Esta afirmativa é válida não apenas para os
indivíduos com deficiência dos mecanismos de defesa, como imunocomprometidos,
mas para a população em geral.
Atenção:
- 90%
dos brasileiros sofrem de algum grau de doença periodontal, inflamações na
gengiva ou no tecido que une o dente ao osso;
- 1
mililitro de saliva contém 150 milhões de bactérias;
-1
grama de placa bacteriana abriga 100 bilhões de micróbios;
- O
risco de problemas cardíacos é 25% maior entre pacientes com doença periodontal;
- Estima-se que o total de bactérias
na boca é cerca de 10 bilhões numa
boca saudável, aumentando consideravelmente quando a higiene bucal não é
adequada;
- A higiene bucal diminui a
quantidade de bactérias na boca em até 10 vezes.
Referências
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