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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Suplementos e fitoterápicos e o risco das interações com medicações alopáticas ...



Prescrever algo pra alguém é um ato que deve empregar bastante cuidado pelo prescritor. Por que digo isso? Frequentemente atendo no consultório, pacientes que fazem uso de medicações (uso contínuo) e com altíssimo potencial de interação com diversos fitoterápicos e suplementos alimentares. E muitas vezes esses pacientes chegam com uma receitinha "extra" de "coisas naturais", "suplementos" prescritos por nutricionistas, terapeutas, farmacêuticos e até mesmo professores de educação física.


Nessa hora penso: nós médicos temos 1 ano e meio (sim, 3 semestres de farmacologia, 1 semestre de farmacologia básica e 2 semestres de farmacologia clínica) e ainda assim saímos deficientes da faculdade. A grande maioria dos médicos desconhecem interações medicamentosas, seja entre:

  1. Medicamentos x medicamentos
  2. Medicamentos x fitoterápicos
  3. Medicamentos x alimentos
  4. Medicamentos x álcool
  5. Vitamina x vitaminas
  6. Minerais x minerais
  7. Vitaminas x minerais
  8. Minerais x fitoterápicos
  9. Vitaminas x fitoterápicos
  10. Fitoterápicos x exames laboratoriais

Se a situação é crítica entre os médicos, quem dirá entre os demais profissionais da saúde. Pior ainda entre os ditos terapeutas holísticos. Mais adiante listarei diversas situações que presenciei ao longo desses 5 anos de atuação como médico. Sempre ressalto pros pacientes: fitoterápico é natural, mas está longe de ser inócuo. Vitaminas e minerais interagem entre si. 

Essa semana um estudo (revisão de literatura: Evaluation of documented drug interactions and contraindications associated with herbs and dietary supplements: a systematic literature review) elaborado pela Escola Chinesa de Medicina, em Taiwan mostrou a seriedade do tema. O pesquisadores concluíram que os suplementos vitamínicos, artificiais ou naturais, podem afetar o funcionamento dos medicamentos tradicionais. O Dr. Hsiang-Wen Lin e sua equipe revisaram 54 artigos científicos e 31 estudos de campo e encontraram os principais sinais de interações adversas dos medicamentos com suplementos de magnésio, cálcio e ferro, além das plantas medicinais Ginkgo biloba e Erva de São João (Hipérico).

A literatura médica analisou as interações entre 213 compostos minerais, vitamínicos ou fitoterápicos e 509 medicamentos comerciais, documentando 882 interações. Os riscos potenciais da interação entre medicamentos tradicionais e suplementos geralmente resultam em situações brandas, como dores no peito, dores abdominais e dores de cabeça, mas há também relatos de problemas mais sérios, como problemas do coração.

Mais de 42% das interações foram causadas porque os suplementos alteraram a farmocinética dos medicamentos - o processo pelo qual a droga é absorvida, distribuída, metabolizada e eliminada pelo corpo.

Entre as 152 contraindicações identificadas pelos pesquisadores, as mais frequentes envolvem o sistema gastrointestinal (16.4%), sistema neurológico (14.5%) e doenças genito-urinárias (12.5%).

Dentre os medicamentos alopáticos que mais apresentaram interações com suplementos estão:

  • Varfarina: interage com Pimpinella anisum (Erva doce); Capsicum annum (Pimentão); Angélica sinensis (Angélica chinesa); Allium sativum (Alho); Zingiber officinale (Gengibre); Eleutherococcus senticosus (Ginseng siberiano); Ginkgo biloba (Ginkgo); Camellia sinensis (Chá verde); Curcuma longa (Açafrão); Tanaceto, Salvia miltiorrhiza e Chamomila
  • Insulina, 
  • Aspirina 
  • Digoxina
  • Ticlopidina

Dentre os fitoterápicos, os que mais apresentaram interações negativas estão:

  • Semente de linhaça, 
  • Equinácea,
  • Ioimbina.

Mas afinal, quem pode prescrever fitoterápicos?

  • Médico (deve procurar se especializar na área de fitoterapia);
  • Nutricionista (pode prescrever planta fresca ou droga vegetal, somente para uso oral, não uso tópico, assim como não pode prescrever os fitoterápicos de exclusiva prescrição médica, os tarja vermelha, e somente pode prescrever os produtos com indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico);
  • Cirurgião dentista (somente pode prescrever fitoterápicos dentro da odontologia);
  • Médico-veterinário (somente pode prescrever fitoterápicos dentro da veterinária);
  • Farmacêutico (pode prescrever medicamentos feitos na própria farmácia ou isentos de prescrição médica, pode prescrever ou indicar em doenças de baixa gravidade e em atenção básica à saúde);
  • Enfermeiro (pode prescrever se no município onde ele atua, tiver protocolo pra isso, estabelecendo as medicações);

Existem alguns fitoterápicos que são de exclusividade dos médicos, ou seja, só são vendidos mediante  receita médica, são tarja vermelha:

  • Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina);
  • Cimicifuga racemosa (cimicífuga);
  • Echinacea purpurea (equinácea)'
  • Ginkgo biloba (ginkgo);
  • Hypericum perforatum (hipérico ou Erva-de-São-João): interage com ciclosporina, amitriptilina, digoxina, indinavir, Sinvastatina, Midazolam, Warfarina, Teofilina, Contraceptivos orais, Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e Loperamida
  • Piper methysticum (kava-kava);
  • Serenoa repens (saw palmeto);
  • Tanacetum parthenium (tanaceto);
  • Valeriana officinalis (valeriana).

Extrato seco padronizados  que  não  precisam  de  prescrição  médica mas quem apresentam MUITAS interações medicamentosas:

  • Castanha-da-índia: Tem um componente tóxico chamado esculina, que se não for retirado do extrato, pode causar vertigem, náusea, cefaléia prurido. Ainda assim há risco de vertigem hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e irritação no trato digestivo. Já tive pacientes que tiveram alergia ao composto. Há estudos que mostram interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários, e há risco moderado com hipoglicemiantes. Compra-se sem receita médica e há um uso "popular" consagrado de que é um bom venotônico.
  • Alho: Aumenta a toxicidade de um retroviral usado no tratamento da Aids, aumenta a meia vida da hidroclorotiazida, um diurético comumente usado por nossos hipertensos, interação com a atorvastatina, uma medicação usada para baixar o colesterol), interage com ciclosporina, anticoagulantes, contraceptivos. Com a Isoniazida e com o Saquinavir apresenta interação considerada grave.  Com Varfarina a interação é considerada moderada, assim como substratos do citocromo P450 2E1 (CYP2E1) e Citocromo P450 3A4 (CEP3A4). Interage teoricamente como ácido eicosapentaenóico (EPA). 
  • Babosa  ou  Aloe  vera: Pode ter interação moderada com hipoglicemiantes, diuréticos, Sevoflurano, Laxantes, Varfarina. Tem interação grave com digoxina, droga comumente usada na insuficiência cardíaca. Tem ainda interação com ervas contendo glicosídeos cardíacos, ervas ou suplementos com potencial hipoglicemiante, Cavalinha, alcaçuz e ervas laxantes. Interfere em testes colorimétricos.
  • Boldo: Alto risco de sangramento por interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. Pode gerar intensificação da ação de fármacos antiarrítmicos. O uso simultâneo com outras drogas ou ervas que induzem hipocalemia, como diuréticos tiazídicos, adrenocorticosteróides ou Glycyrrhiza uralensis poderá exacerbar o desequilíbrio de eletrólitos
  • Arnica: Além dos efeitos colaterais quando usada via oral, apresenta na forma tópica o risco de dermatite de contato e irritação da mucosa. Tem forte interação com anticoagulantes e drogas antiplaquetárias, além do risco de alergenicidade cruzada.
  • Canela: risco de interação com hipoglicemiantes orais e insulina. Interage com outros fitoterápicos com ação hipoglicemiante. Há pacientes que relatam aumento da pressão arterial com o consumo. Há risco de interação com drogas hepatotóxicas.
  • Calêndula: Não deve ser usada durante a gravidez e amamentação, exceto sob orientação médica
  • Camomila: Há risco de sangramentos na interação com drogas anticoagulantes/antiplaquetárias.
  • Centella Asiática: Há risco moderado de interação com drogas hepatotóxicas. Há um risco grave de interação com drogas depressoras do sistema nervoso central. Interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.
  • Cáscara sagrada: Por irritar o trato digestivo pode diminuir a biodisponibilidade de inúmeros medicamentos. Interfere em testes colorimétricos e pode levar a hipocalemia.
  • Chá verde: Por ter cafeína diminui absorção de metais divalentes, diminui absorção do Ferro, Ácido fólico, pode irritar a mucosa gástrica, aumentar a concentração de catecolaminas, pode aumentar os níveis de creatinina urinária e cálcio urinário, diminuição da Ferritina por diminuir absorção de Ferro. Há risco de hepatotoxicidade e elevação das enzimas hepáticas. Piora a função tireoideana por ser rico em flúor inorgânico. Altera testes de função pulmonar e testes de focromocitoma. Tem interação moderada com: Adenosina, Antibibióticos quinolônicos, Cimetidina, Dipiridamol, Dissulfiram, Anticoagulantes/antiplaquetários, Drogas hepatotóxicas, Estrógenos, IMAO, Lítio, Nicotina, Pentobarbital, Teofilina, Verapamil. Interação grave com: Anfetaminas, Cocaína, Efedrina. Interação leve com hipoglicemiantes, etanol, fluconazol, Terbinafina.
  • Alcachofra: Contra-indicada nos casos de oclusão das vias biliares e hepatopatias graves. Por ter efeito diurético, pode interagir sinergicamente com diuréticos e levar a hipocalemia e depleção de volume. As interações mais graves poderão ser verificadas com diuréticos de alça e tiazídicos. 
  • Eucalipto: Interação moderada com hipoglicemiantes orais, diminui a eficácia de medicamentos homeopáticos, pode ocasionar alterações no sistema nervoso central quando administrado com drogas que atuam no sistema nervoso central.
  • Guaco: Interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. Interage sinergicamente “in vitro”, com alguns antibióticos como tetraciclinas, cloranfenicol, gentamicina, vancomicina e penicilina. Há risco de sangramento nas coagulopatias e dengue.
  • Guaraná: Potencializa a ação de analgésicos. Interage moderadamente com anticoagulantes/antiplaquetários podendo aumentar o risco de sangramento.
  • Alcaçuz: Não deve ser utilizado por pacientes com hipertensão arterial e diabéticos tipo II, insuficiência renal, hiperestrogenismo. Interações medicamentosas com corticóides e ciclofosfamida, podendo aumentar a atividade de ambos. Pode interferir em tratamentos hormonais e terapias hipoglicemiantes. 
  • Sene: Como é um laxante, ocasiona uma diminuição do tempo do trânsito intestinal  e com isso diminuir a absorção de fármacos administrados por via oral. Ocasiona perda de potássio que poderá potenciar os efeitos de digitálicos.
  • Ginseng:  Há risco de interação com IMAOS, anticoagulantes/antiplaquetários. O uso concomitante de medicamentos fitoterápicos à base de ginseng e estrogênios pode provocar efeitos adversos advindos do aumento da atividade estrogênica, tais como mastalgia e sangramento menstrual excessivo. Alguns relatos de casos sugerem que o ginseng possui atividade semelhante aos hormônios estrogênicos. 
  • Gengibre: Interação leve com bloqueadores de canais de cálcio e hipoglicemiantes orais. Interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. 
  • Estévia: Interação moderada com hipoglicemiantes, Lítio e com anti-hipertensivos.
  • Espinheira Santa: Interação com álcool.
  • Melissa ou erva-cidreira: Interação moderada com depressores do sistema nervoso central, interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.
  • Menta: Interação leve com antiácidos (bloquedores de H2 e inibidores da bomba de prótons). Interação moderada com ciclosporina, Substratos do citocromo P450 1A2, 2C19, 2C9, 3A4. Pode alterar níveis de FSH, LH, testosterona. 
  • Maracujá ou Passiflora: Interação moderada com depressores do sistema nervoso central, interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.

Por exemplo, todas as plantas que possuem efeito laxante por aumentar o bolo intestinal:
(Sene, Cáscara sagrada, Semente de linhaça, Semente de Chia, Plantago ovata) poderiam diminuir a absorção de determinados medicamentos: cálcio, ferro, lítio, digitálicos e anticoagulantes orais.

As drogas que diminuem os níveis de potássio por ação laxativa são: Aloe barbadensis (Babosa), Curum carvi (Alcaravia), Ricinus communis (Mamona), Taraxacum officinale (Dente-de-leão), Scrophularia nodosa (Escrofulária), Linum usitatissimum (Linhaça), Mentha piperita (Hortelã-pimenta), Triticum vulgare (Trigo), Achillea millefolium (Mil-folhas), Sambucus canadensis, Helichrysum petiolare, Plantago afra-psilium


Frequentemente atendemos pacientes diabéticos, em uso de hipoglicemiantes orais e/ou insulina, chegam com receita da nutricionista contendo alguma das seguintes Plantas: Trigonella foenum-graecum (Feno Grego), Allium sativum (Alho), Cyamopsis tetragonolobus (Goma-aguar), Plantago ovata. Porém muitas vezes o prescritor não sabe que essas plantas possuem propriedade hipoglicemiante. Há os casos em que chegam usando plantas hiperglicemiantes como Zingiber officinale (Gengibre) ou Urtiga dióica (Urtiga). 


Há casos em que pra acalmar, prescrevem plantas com ação sedativa e depressoras do Sistema nervoso central, interagindo com medicações alopáticas. As principais plantas que tem ação sedativa são:  Capsicum annum (Pimentão), Nepeta cataria (Gataria), Apium graveolens (Aipo), Matricaria chamomilla (Camomila), Humulus lupulus (Lúpulo), Piper methysticum (Kava kava), Melissa officinalis (Melissa), Valeriana officinalis (Valeriana).

Existem plantas com atividade sobre o sistema cardiovascular, as principais são: Cimicífuga racemosa (Erva-de-São-Cristóvão), Harpagophytum procumbens (Garra-do-Diabo), Panax ginseng (Ginseng), Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz), Zingiber officinale (Gengibre), podendo acentuar sintomas cardíacos.

As vitaminas interagem entre si, assim como os minerais. Por exemplo, Zinco diminui absorção do cobre. Cálcio diminui a absorção do Ferro. Sódio aumenta a excreção do Cálcio. Vitamina C diminui a absorção do Zinco. Vitamina C e Vitamina E devem ser dadas juntas pois uma regenera a outra dentro do organismo.

Alguns aminoácidos aumentam liberação de insulina e isso pode ser péssimo pra um paciente diabético. Outros podem ser benéficos para a desintoxicação do organismo.

Alguns casos que já recebi no consultório:

  • Paciente com hipotireoidismo em uso de linhaça, chá verde e sucralose. Ou seja, inúmeros compostos que pioram a função tireoideana.
  • Paciente com hipotireoidismo, fazendo uso de levotiroxina (hormônio tireoideano) e profissional (não o endócrino) prescrevendo chazinho qualquer em jejum, o que ocasiona diminuição da absorção da lexotiroxina. Ou as vezes os próprios médicos prescrevem omeprazol ou outro inibidor de bomba em horário próximo à levotiroxina.
  • Paciente cardiopata, em uso de AAS, foi ao nutricionista que prescreveu ômega 3 em dose alta, linhaça, semente de chia e vitamina E. Favorecendo sangramentos.
  • Paciente sexo feminino, foi ao nutricionista, que prescreveu hormônio (testosterona), sendo que a mesma estava apresentando queda de cabelos. Com uso da testosterona, piorou a queda de cabelo.
  • Paciente em uso de fórmula vitamínica que contém Ferro, vitamina C, Zinco e Cobre, pra tomar no mesmo horário.
  • Paciente com transtorno bipolar, vai ao nutricionista pra ganhar peso e a mesma prescreve creatina (que favorece a ciclagem pra fase de mania) além de Grifonia simplicifolia (já que não podem por lei prescrever 5-hidroxi-triptofano) e aí o paciente tem aumento de serotonina e com isso cicla pra fase de mania. 
  • Paciente HIV, o naturopata resolve prescrever Equinácea e Dente-de-leão, piorando o quadro do paciente, por interação com anti-retroviral.
  • Paciente com história de câncer no intestino há 3 anos, em uso de glutamina cronicamente, parar ter melhor rendimento na academia. 
  • Paciente com insônia, malhando a noite e o instrutor da academia indicando cápsulas de cafeína pra melhorar o desempenho no treino. 
  • Paciente com história de Púrpura trombocitopênica idiopática e aí prescreveram ômega 3 (dose baixa). Paciente indo parar no hospital por conta de sangramentos, que iniciaram imediatamente após o uso do ômega 3.

Enfim, são inúmeras as interações. Portanto, antes de alguém querer prescrever algo, por mais "natural" que seja, o prescritor deve fazer uma anamnese decente, questionando principalmente as medicações que o paciente faz uso, conhecer sobre essas medicações (afinal irá prescrever algo que pode ter interação) e obviamente conhecer muitíssimo bem aquilo que está prescrevendo:


  • Dose mínima, 
  • Dose máxima, 
  • Dose usual, 
  • Segurança da droga, 
  • Reações adversas, 
  • Se pode ser usada na amamentação e na gravidez, 
  • Se terá interação com alguma medicação alopática, fitoterápico, vitamina, mineral, aminoácido,
  • Se alterará algum exame laboratorial.

As palavras de ordem nesse caso são: ESTUDO e CONSCIÊNCIA !

Fonte:

  1. H.-H. Tsai, H.-W. Lin, A. Simon Pickard, H.-Y. Tsai, G. B. Mahady. Evaluation of documented drug interactions and contraindications associated with herbs and dietary supplements: a systematic literature review. International Journal of Clinical Practice, 2012; 66 (11): 1056 DOI: 10.1111/j.1742-1241.2012.03008.x
  2. Edzard Ernst. Interactions between drugs and supplements: the tip of an iceberg? International Journal of Clinical Practice, 2012; 66 (11): 1019 DOI: 10.1111/ijcp.12007
  3. http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/lilacs/revbrastoxicol/2008v21n2/revbrastoxicol2008v21n2p49-59.pdf
  4. http://www.ufjf.br/proplamed/files/2011/05/Fitoter%C3%A1picos-e-Intera%C3%A7%C3%B5es-Medicamentosas.pdf
  5. http://www.anvisa.gov.br/farmacopeiabrasileira/conteudo/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf
  6. http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16550/000672605.pdf?sequence=1
  7. http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=16704

*** O texto acima é de responsabilidade do autor. Para dúvidas sobre o conteúdo do texto, deixe seu comentário ou entre em contato com o autor através dos contatos disponibilizados em sua assinatura.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Como aumentar a absorção do cálcio que você consome?



Sabe aquela história, estou bebendo leite, então estou ingerindo cálcio? Você pode até estar ingerindo, o que não quer dizer que estará absorvendo o mineral. Nosso organismo é muito complexo e muitos nutrientes "brigam" entre si, desta forma um pode interferir na absorção do outro. Já escrevi sobre a biodisponibilidade dos nutrientes, confira aqui. Hoje vamos falar especificamente do cálcio, um nutriente importantíssimo para o nosso organismo. Mas tão importante quanto consumir alimentos fonte deste nutriente, precisamos garantir que ele seja absorvido pelo corpo. Então, vamos à algumas dicas para otimizar o aproveitamento do cálcio pelo nosso organismo:

- Procure diminuir a ingestão de sal: cada 500mg de sódio, excretam 10mg de cálcio e 1g de sódio excreta de 20 a 40 mg de cálcio.
- Não consuma proteínas em excesso: cada grama de proteína excreta 1,75mg de cálcio.
- Cuidado com o excesso de gordura: pode aumentar excreção de cálcio.
- Não consuma cafeína em excesso: diminui a retenção de cálcio no organismo de pessoas com dieta pobre em cálcio e aumenta a excreção de cálcio em mulheres na menopausa.
- Evitar ingerir fontes de cálcio com excesso de ferro porque estes nutrientes interagem entre si, diminuindo a absorção do cálcio.
- Evite o consumo de fontes de oxalato, por exemplo, o chocolate, no mesmo horário que as fontes de cálcio, pois eles se ligam e são excretados nas fezes, diminuindo seu aproveitamento.
- Tenha uma alimentação equilibrada, pois a ação em conjunto dos nutrientes é que vai fazer o cálcio ser bem aproveitado e realizar suas funções no organismo.




Confira as principais fontes de cálcio:


- Leite e derivados
- Vegetais de folhas verde escuras (espinafre, brócolis, couve, salsa)
- Sardinha
- Amêndoas
- Aveia
- Tofu
- Grão de bico, feijões
- Gergelim










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sábado, 23 de julho de 2011

Vegetarianismo





O vegetarianismo não é um regime exclusivamente vegetal, ao contrario do que muitos pensam, e sim, um tipo de regime alimentar em que os adeptos não comem nada que tire a vida de algum animal, portanto, não inclui carne e seus derivados (boi, frango, peixes, etc.) em sua alimentação e, em alguns segmentos pode incluir leite, laticínios e ovos.

Entre os motivos que levam uma pessoa a adotar uma dieta vegetariana estão: saúde, meio ambiente, compaixão pelos animais e religião.

Entre os diversos segmentos de vegetarianismo estão:

Vegano:  O veganismo é mais um estilo de vida do que apenas uma opção alimentar. Os veganos excluem de sua alimentação todos os produtos de origem animal (carnes, peixes, aves, laticínios, ovos, mel, gelatina etc.) Estes também evitam o uso de couro, lã, seda e de outros produtos menos óbvios de origem animal, como óleos e secreções presentes em sabonetes, xampus, cosméticos, detergentes, perfumes, filmes etc. 

Ovo-lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, mas inclui ovos e leite (e derivados, como queijo, iogurte etc.) em sua alimentação. Esta é a forma mais "popular" de vegetarianismo. 

Lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, mas inclui leite e derivados do leite (laticínios).

Crudívoro: o crudivorismo admite apenas a ingestão de alimentos crus ou aquecidos no máximo a 42ºC. Alguns podem aceitar leite cru e carne crua também. A utilização de alimentos em processo de germinação (cereais integrais, leguminosas e olegainosas) é comum nessa dieta.

Frugívoro (ou frutívoro ou frutariano): sistema alimentar que admite apenas o consumo de fruas na alimentação. O conceito de "frutos", nesse caso, segue a definição botânica, que inclui os cereais, alguns legumes (abobrinha, beringela...), oleaginosas e as frutas.

Freegano - o freegano come aquilo que encontra no lixo. Apesar de os freeganos serem mais radicais que os veganos ao se recusarem a comprar qualquer tipo de alimento, eles também são mais flexíveis, já que não têm objeções éticas a comer produtos animais que foram jogados fora. Eles querem evitar dar dinheiro àqueles que exploram os animais. Uma vez que um produto foi descartado, não faz diferença para o produtor se o alimento é consumido ou incinerado.

Macrobiótico: O macrobiótico tem um tipo de alimentação específica, podendo ou não ser vegetariana, que baseia-se em cereais integrais, com um sistema filosófico de vida bastante peculiar e caracterizado. A dieta macrobiótica apresenta indicações específicas quanto à proporção dos grupos alimentares a serem utilizados. Essas proporções seguem diversos níveis, podendo ou não incluir as carnes (geralmente brancas). A macrobiótica não recomenda o uso de leite, laticínios ou ovos.

Semi-vegetariano: indivíduo que faz uso de carnes, geralmente brancas, em menos de 3 refeições por semana.

De maneira geral todas focam um estilo de vida mais saudável e um futuro livre de doenças.
Mas você deve estar se perguntando, o que essas pessoas comem a final?

Nestas dietas estão inclusos todos os alimentos de origem vegetal: frutas, cereais, leguminosas, tubérculos, frutos oleaginosos e vegetais.

A American Dietetic Association (ADA) se posiciona dizendo que dietas vegetarianas DEVIDAMENTE PLANEJADAS são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios á saúde.

Estes benefícios vêm sendo comprovados por diversos estudos e, entre eles estão melhora do desempenho nos esportes até a prevenção e tratamento de diversas doenças.

Uma dieta vegetariana é geralmente pobre em gorduras e isenta de colesterol, consequentemente com um conteúdo calórico menor, além de conter quantidades consideráveis de fibras. E geralmente maior concentração de folato (o que diminui as concentrações de homocisteína). Fatores que favorecem a redução de peso e diminuição dos riscos de doenças cardíacas.

Estudos mostram que a mortalidade por doença arterial coronariana é mais baixa em vegetarianos do que em não vegetarianos. O nível sérico de colesterol também parece ser mais baixo entre estes. Porém, os valores de triglicerídeos variam dependendo do tipo de dieta seguido.

Vitaminas e minerais são fundamentais para uma boa saúde e podem ser encontrados em excelentes quantidades nos alimentos de origem vegetal. O que é favorável em relação à prevenção de diversos canceres. Este tipo de dieta ainda reduz ou ameniza os efeitos de doenças como osteoporose, obesidade e hipertensão e reduz sintomas de alergias e artrites.

Entre estes, o risco de câncer colo-retal é diminuído, isso porque o há um maior consumo de fibras, leguminosas verduras e frutas.

Estas dietas podem ser seguidas por pessoas de todas as idades e em todos os estágios de vida, inclusive na gravidez e na lactação. Elas também atendem as necessidades de atletas competitivos.

Porém, alguns cuidados são necessários.

Para ser tornar um vegetariano, é necessário conhecer outros alimentos, novas receitas e saber quais são as fontes dos nutrientes mais importantes.

Como se trata de uma transição alimentar, é ideal que se procure um profissional capacitado. Afinal, algumas carências nutricionais poderão existir caso a dieta não seja equilibrada.

Entre os nutrientes que merecem maior atenção estão: vitamina B12, ferro, cálcio, zinco e vitamina D.

Entre as crianças veganas há necessidade de uma fonte confiável de B12 e exposição adequada ao sol ou suplementos de vitamina D.

Exames devem ser feitos periodicamente para verificar se há necessidade de suplementação de algum nutriente, principalmente vitamina B12.

A carne vermelha tem mais ferro que os vegetais em geral, porém, os vegetais conseguem suprir as necessidades do organismo. Mas, para isso alguns alimentos devem fazer parte da dieta: soja, tofu (queijo de soja), feijão, vegetais de folha verde-escura (brócolis, couve), amêndoas, semente de girassol, damasco seco e figo seco. É importante também sempre ingerir uma fonte de vitamina C junto com estes alimentos para potencializar sua absorção.

O cálcio de muitos alimentos vegetais é bem absorvido e as dietas veganas podem fornecer cálcio em quantidade adequada caso incluam regularmente alimentos ricos em cálcio (couve, brócolis, feijão branco, gergelim torrado, frutas secas, castanhas, tofu e melado de cana). Além disso, as plantas tem boa quantidade de magnésio, necessário na absorção do cálcio pelo organismo.
Falta de zinco no organismo pode afetar o crescimento e o estado imunológico do indivíduo. Para melhorar a absorção do zinco, os grãos devem ser deixados de molho na água da noite para o dia. Isso reduz o teor de ácido fítico, elemento que reduz a absorção do mineral. E o consumo de alguns alimentos devem ser enfatizados, gergelim, gérmen de trigo ou soja, feijão de soja seco torrado, todos os feijões (especialmente o azuki), sementes de abóbora, castanha de caju, sementes de girassol, tahine (“manteiga” de gergelim) e gérmen de trigo.
As recomendações de proteínas são facilmente alcançadas nestas dietas, desde que haja uma alimentação equilibrada. Boas fontes de proteína são as leguminosas (feijão, soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha), as castanhas e o brócolis

Boas fontes de gorduras insaturadas também são importantes nestas dietas (nozes, castanhas, sementes, pastas de nozes e castanhas, abacate e óleos vegetais).

A história mostrou que os vegetarianos estavam corretos há mais de 100 anos atrás quando alegavam que a dieta que contivesse mais alimentos vegetais era a mais saudável. Como já demostrei no texto sobre dieta paleolítica. Portanto, sigas as recomendações e inclua mais vegetais, frutas, verduras, leguminosas, sementes e oleaginosas em sua alimentação e viva mais e melhor.

Pizza Vegana de rúcula
500g tofu
100g azeite
50ml limão
100g polvilho azedo
Sal
Leite de soja
Rúcula
Castanhas do pará
Azeite

Modo de preparo:
Como preparar o tofupiry: Amasse o tofu com um garfo e bata no liquidificador com o azeite, o máximo que conseguir. acrescente sal, o polvilho azedo e o limão e bata mais um pouco. leve ao fogo, acrescentando leite de soja aos poucos, até dar ponto de requeijão.
Como preparar o pesto: Bata a Rúcula, a castanha e o azeite no liquidificador. Arrume um disco de pizza, espalhe molho de tomate sobre ele, espalhe o tofupiry, coloque as rodelas de tomate com uma fatia de tofu e o pesto, coloque azeite a gosto e leve ao forno.




segunda-feira, 16 de maio de 2011

Saiba o Que Afeta a Biodisponibilidade dos Nutrientes nos Alimentos que Você Consome......


Ouvirmos falar que comer banana é bom porque contém potássio, a laranja por conter vitamina C e assim por diante, cada alimento será fonte principal de determinada vitamina ou mineral. Mas será que os nutrientes que ingerimos através dos alimentos são 100% absorvidos pelo nosso organismo? Será que tomando um copo de leite vou realmente garantir cálcio para os ossos? 

O processo digestivo inicia-se na boca (com a mastigação), passa pelo estômago (onde ocorre a digestão) e termina no intestino (local em que o sangue absorve e transporta os nutrientes para as células). Durante esse processo, mais freqüentemente no intestino, ocorre a interação entre os nutrientes (vitaminas e minerais). Essa interação pode ser positiva, quando um nutriente auxilia a absorção de outro, ou negativa quando um nutriente inibe a absorção de outro. Essas interações são conhecidas como biodisponibilidade, que é a quantidade do nutriente presente no alimento que  realmente será aproveitada pelo organismo.

A biodisponibilidade pode ser afetada por vários fatores, dentre eles:

- Medicação: Alguns medicamentos possuem substâncias que podem interagir com determinados tipos de nutrientes, diminuindo sua absorção. Por exemplo antibióticos e antiácidos diminuem a biodisponibilidade de minerais.

- Interações nutricionais: É quando dois nutrientes competem entre sí e atrapalham a absorção de ambos. Por exemplo Cálcio e ferro, Fósforo e Magnésio

- Estado fisiológico: Algumas patologias depletam nutrientes em grandes quantidades, diminuindo sua biodisponibilidade. Por exemplo diarréia e febre que interferem nas quantidades de sódio e potássio

- Estado nutricional: Se a criança estiver desnutrida e com anemia, o transporte de nutrientes para o fígado é diminuído, sendo que esses nutrientes não chegam a seu alvo.

- Ciclo vital: Em estados como de gestação e lactação, também ocorre depleção de alguns tipos de nutrientes, aumentando as necessidades nutricionais e diminuindo a biodisponibilidade.

Conheça os principais tipos de interações nutricionais. Assim, você poderá combinar melhor os alimentos nas refeições, para obter um maior aproveitamento de nutrientes.


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Referências Bibliográficas:

Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de Minerais. R. Nutr. PUCCAMP. Campinas, 10(2): 87-98, 1997.
Mahan LK, Escott-Stsmp. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10ª edição. Editora Roca. São Paulo, 1998.


Dra. Cristiane Spricigo de Lima
Nutricionista, Especialista em Nutrição Esportiva
Autora do Blog NutriCorpo