Mostrando postagens com marcador colesterol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador colesterol. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de maio de 2015

OVO - Nunca foi vilão


Li a reportagem, em uma revista semanal, sobre o ovo. Fiquei MUITO feliz pelo fato de estarem alardeando este fantástico alimento como benéfico para a saúde (e EXCLUSIVAMENTE benéfico), apesar das falhas (comuns) na reportagem. Vou fazer algumas considerações para ajudar a você, que acompanha o nosso trabalho na Sallus, a compreender melhor o assunto.

Começo logo lá do início. "Amor eterno pelo colesterol". Gostei muito da frase e a endosso pois, como já conversamos aqui, o colesterol não é, nem nunca foi, o vilão que nos fizeram crer. Esta molécula fantástica, fundamental para a existência das nossas paredes celulares (consequentemente, de nós mesmos), é muito importante para o nosso organismo e deve ser mais bem compreendida e tratada. NINGUÉM sabe tudo sobre o colesterol e sobre as lipoproteínas que o transportam, junto com outras substâncias lipossolúveis. O LDL NÃO é o "colesterol ruim", bem como o HDL NÃO é o "colesterol bom". O colesterol NÃO é uma gordura, mas um álcool. Tudo isso vocês podem ler em Gorduras, colesterol e blá-blá-blá.

Foi legal ver, finalmente, uma publicação de grande circulação afirmar que o colesterol dos alimentos não é nenhum vilão, mas ainda é triste ler afirmações como "Em excesso, porém, danifica a parede das artérias". Isso não é assim. O colesterol não danifica nada. O que realmente traz problemas é uma complexa e longa relação entre moléculas de LDL com a fração B100 oxidada e macrófagos + endotélio lesionado + ambiente intravascular pró-inflamatório + bastante tempo. Não vou entrar nos detalhes sobre isso tudo hoje, mas garanto que o problema nunca foi, diretamente, o excesso de colesterol ou de lipoproteínas que o transportem. Da mesma maneira, a idéia de que gordura saturada eleve o colesterol de uma forma maligna é falha, mas este paradigma vai demorar mais pra cair publicamente.


Fiquei MUITO feliz, também, com as considerações sobre as falhas metodológicas comuns nos estudos observacionais. É importante que todos saibam que este tipo de estudo, fundamental para levantar questões em ciência, é bom exatamente pra isso: LEVANTAR QUESTÕES. Estudos observacionais não estabelecem relações causais entre fatos. Eles as supõem pelas observações. A partir de agora, toda vez que você vir na TV, ou em uma publicação de papel ou eletrônica, que um ESTUDO TAL com TROCENTAS MIL PESSOAS "CONFIRMOU"/"DESCOBRIU"/"ESTABELECEU" ou sei lá mais o quê sobre absolutamente qualquer coisa, saiba que não é nem assim. Uma quantidade enorme de pessoas em um estudo significa muito mais descontrole sobre a amostra do que capacidade de encontrar respostas precisas. É um viés importante. Mesmo o Framingham, conjunto enorme de estudos observacionais, operando desde 1948, já nos trouxe maravilhas e maravilhosas bobagens em termos de resultados. Melhor dizendo, as pessoas que leram os resultados e os compreenderam COMO QUERIAM, os transformaram em enormes bobagens ou maravilhas. O filtro humano é sempre uma complicação à parte que pode transformar um importantíssimo estudo observacional em um problema de saúde que dura muitas décadas.

Foi particularmente bom ver, por várias vezes, o açúcar sendo citado como grande vilão. Vamos em frente...

Pronto. Agora vou voltar ao ovo. Não quero que pensem que eu esteja falando mal da reportagem. Fiquei realmente feliz com a publicação, pelo fato de reduzir o medo sobre o ovo e o colesterol, mas não podia deixar de fazer algumas considerações esclarecedoras.

O ovo é um dos alimentos mais maravilhosos que podemos ingerir. Estamos falando do ovo de galinha, especificamente, mas praticamente todos os ovos de aves são extremamente nutritivos. Não tenho informações sobre outros tipos. Do ovo nasceria um ser vivo completo e, por causa disso, ele tem que ser rico em macro e micronutrientes, fundamentais para esta construção. Nele você encontra boas concentrações de proteínas, colina, zinco, selênio, fósforo, potássio, B12, B5, B6 e B2. Ele traz, também, boas quantidade de colesterol que, como comentei mais acima, é fundamental pra nossa saúde. Há muitos anos o fenomenal professor Dr Juarez Callegaro já nos orientava a consumir 6 ovos por dia e a repassar isso para nossos pacientes. Em Ortomolecular, isso tudo já é uma verdade antiga.

A riqueza em proteínas deste alimento o torna uma opção excelente, por exemplo, para atletas que buscam ganho de massa muscular. É muito comum ver o pessoal falar quantos ovos ingere por dia mas, em geral, são muitas claras e as gemas são desprezadas. VAMOS PARAR COM ISSO! Quando consumir o ovo, consuma na sua totalidade (fora a casca, é claro).


Vale lembrar que o ovo de galinhas "caipiras" ou "de quintal" é mais nutritivo que os de galinhas criadas em escala, mas todos são interessantes. É preferível comer ovos de galinhas de granja do que não comer ovos. Também é importante lembrar que existem pessoas com alergias ou intolerâncias a proteínas presentes no ovo. Estas, infelizmente, terão que evitar o alimento, mas isso pode ser temporário. Se for o seu caso, converse com o seu médico e/ou nutricionista sobre isso.

Pronto. Coma ovos e seja mais saudável e feliz, tranquilamente. Valeu a pena defender estas idéias por tantos anos. É uma pena que muitas pessoas dependam das manchetes de revistas para crer nestas coisas mas, com a quantidade de informações truncadas e erradas disponível, eu as compreendo 100%. Contem conosco para ajudar a esclarecer suas dúvidas em saúde, dentro das nossas limitações. Ninguém tem as verdades completas, mas a gente busca um bocado. Vamos buscar juntos!

Saúde e paz... e os benefícios do colesterol para todos!


Dr Adolfo Duarte - CRM-BA 15.557 

terça-feira, 5 de maio de 2015

3 grandes mitos na Medicina

Texto do excelente Dr. Eduardo Magalhães
(Instagram @drsaude)

"A combinação de interesses mercadológicos + profissionais de saúde mal informados + ignorância coletiva, leva a perpetuação de inverdades que interferem diretamente em nossa saúde e qualidade de vida. Dentre todas, destaco 3:

1. LEITE É IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE
O cálcio dos laticínios é de uma biodisponibilidade baixa, sendo melhores fontes de cálcio, os vegetais verde folhosos, semente de gergelim, quinoa, amaranto etc. Além disso os laticínios tem um efeito acidificante em nosso organismo, fazendo com que haja utilização das nossas reservas de cálcio (ossos) para ajudar no equilíbrio ácido-básico.
Tanto é, que em países como a China, onde quase não se consome laticínios, a taxa de osteoporose é das mais baixas do mundo. 


2. COLESTEROL É VILÃO: colesterol é das moléculas mais importantes a nossa saúde, sendo importante para nossa imunidade, libido, memória, sÍntese adequada de toda nossa cascata hormonal etc. Na maioria dos casos é mais prejudicial à saúde níveis muito baixos que níveis mais elevados de colesterol. Fiz um post anterior apenas sobre isso pra quem tiver interesse. 


3. HORMÔNIOS CAUSAM CÂNCER: Se hormônios fossem responsáveis pelo surgimento do câncer, os jovens deveriam ter mais câncer que os idosos, e é justo o contrário. No post mulher x câncer de mama, falo um pouco mais disso. Tem inúmeros estudos científicos mostrando os benefícios de se manter níveis fisiológicos hormonais para a saúde e prevenção de doenças. 


Muito importante nos informarmos melhor, através de fontes idôneas, para que não sejamos tão facilmente manipulados a seguir acreditando em mitos que irão beneficiar apenas a uma minoria interessada nisso. 


Sugestões de sites: ncbi.compubmed.comworldhealth.comfreemedicaljournals.com, www.icaro.med.br etc 

quinta-feira, 19 de março de 2015

COLESTEROL - Não é o "mal" que você pensa...



Assista o novo video no Youtube:
https://youtu.be/_67kC-xkSFQ

no facebook www.Facebook.com/dr.icaroalves :

https://www.facebook.com/video.php?v=1028618530498948


Entenda e beneficie-se:

"Colesterol é um só e LDL é só o nome dele quando sendo transportado para o organismo (para ser utilizado) e HDL quando sendo transportado para o fígado (para ser eliminado) – o colesterol fica realmente RUIM quando fica “sobrando” no nosso organismo, sobretudo dentro das artérias e oxidado ou combinado com outras substâncias no sangue (muitas delas nocivas): neste caso ele pode depositar-se e entupir vasos sanguíneos.
Resumindo, na grande maioria das vezes o colesterol só é ruim em grande excesso (bem longe dos valores que têm preconizado por aí) e em organismo com hábitos de vida ruins (o que facilita sua oxidação); algo diferente disto pode ser meramente para te fazer acreditar que está doente e assim te vender remédios, muitas vezes de uso crônico". 

Mais no : http://www.icaro.med.br/artigos/?s=colesterol

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Como avalio o Lipidograma Completo

Como avalio o #Lipidograma Completo ("gorduras no sangue") dos meus pacientes?

Simples - regras básicas para o IDEAL esperado (minha opinião): - Paciente com bons hábitos de vida (ou então qualquer quantidade de colesterol que tenha oxidará mais facilmente e por isso trará problemas - e terá níveis altos de triglicerídeos, perigosos) - Demais exames têm que estar equilibrados também (nunca devemos analisar exames isoladamente e sem compatibilizar seus resultados com o quadro clínico do paciente) ou afetarão e serão afetados pelos "níveis de gorduras no sangue" - Equilíbrio de hormônios e neurotransmissores é fundamental, já que afeta diretamente os níveis e grau de oxidação de gorduras. Sobretudo de T4, T3, testosterona, cortisol, ... 
- HDL, deve estar acima de 60 - Colesterol total, deve estar entre o dobro e o quádruplo do valor 
do HDL (vejo ser ideal estar no triplo) 
- LDL, entre 100 e até 20 pontos acima do dobro do valor do HDL) - por exemplo, para um paciente com HDL de 60, acho usualmente ótimos LDL de 100 a 140 (até porque sem bons níveis de LDL ninguém fabrica hormônios ou células ou nervos ou faz reparos adequadamente!) 
- Triglicerídeos, entre o nível do HDL e o dobro deste.
Entendido? Compartilho esperando que ajude vocês, de alguma forma.

 *** Esta é a minha opinião, raciocínio que uso para os meus pacientes, após muito estudo e atualizações... Tem dado certo pros últimos mais de 20.000 pacientes atendidos!
 
#COLESTEROL NÃO é inimigo de ninguém... Só se for maltratado. 

Entenda:
http://www.icaro.med.br/artigos/tag/colesterol/

#saude #medicina #homeopatia #ortomolecular #dricaro #habitossaudaveisdevida #habitossaudaveis #qualidadedevida #obesidade #emagrecimento #medicinafuncional #resultados #produtividade #sucesso #aprovacao #hormonios #modulacaohormonal #nutriendocrinologia #nutrologia
Read more at http://websta.me/n/icaroalves#AvtlD74c3G0IXVgt.99

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Abacate reduz colesterol mais que dieta...



Acrescentar um abacate à sua dieta diária pode ajudar a diminuir o colesterol ruim, por sua vez reduzindo o risco de doenças cardíacas.

Quem garante é Penny Kris-Etherton e seus colegas da Universidade da Pensilvânia (EUA), em um artigo publicado no Journal of the American Heart Association.

Abacates Hass

Abacates são bem conhecidos como um alimento rico em nutrientes e em ácidos graxos monoinsaturados.

"Incluir um abacate por dia como parte de uma dieta com teores moderados de gordura, em comparação com a mesma dieta sem o abacate, aumenta os efeitos de redução do LDL (lipoproteínas de baixa densidade), com benefícios para os riscos de doenças cardiovasculares," resume a Dra. Penny.

Ela e seus colegas na verdade testaram três dietas diferentes, todas concebidas para reduzir o colesterol: uma dieta com baixos teores de gorduras, composta por 24% de gordura, e duas dietas com teores moderados (34%) de gordura.

As dietas mais ricas em gordura eram quase idênticas, mas uma delas incluía um abacate Hass por dia, enquanto a outra usava uma quantidade comparável de óleos com elevados teores de ácido oleico - como o azeite - equivalentes ao teor de ácidos graxos presentes no abacate.

Abacates Hass são a variedade menor, de casca mais escura e irregular. Eles têm um maior teor de nutrientes do que os abacates comuns, que são maiores, têm a casa lisa e um teor de água mais elevado.

Gorduras saudáveis

Em comparação com voluntários de controle - sem nenhuma dieta - todas as três dietas reduziram significativamente o LDL - também conhecido como colesterol ruim -, bem como o colesterol total. Todos os participantes seguiram cada uma das três dietas durante cinco semanas.

No entanto, os participantes que incluíram o abacate na dieta tiveram uma redução ainda maior nos níveis de LDL e colesterol total, em comparação com as outras duas dietas.

A dieta com o abacate Hass diminuiu o colesterol ruim em 13,5 mg/dL, a outra dieta com gordura moderada em 8,3 mg/dL e a dieta com baixos teores de gordura em 7,4 mg/dL.

"Este foi um estudo de alimentação controlado, mas isso não é o mundo real - por isso é mais uma pesquisa de prova-de-conceito," reconhece a Dra Penny. "Nós precisamos nos concentrar em fazer as pessoas comerem uma dieta saudável, que inclua abacates e outros alimentos com gorduras melhores."

Fonte: Diário da Saúde

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Vilão para a sua saúde e "colesterol"? MAIS o carboidrato simples e menos as gorduras


GORDURA SATURADA PODE NÃO SER A INIMIGA DO CORAÇÃO QUE A MEDICINA CONDENOU. - 07/07/2014

"A ciência tem apontado, e mais e mais médicos têm acatado: a gordura pode ser inocentada por falta de provas.
 
Gordura saturada, presente sobretudo em alimentos de origem animal, estaria ligada ao acúmulo do "mau colesterol"
 
Com o canudo de Medicina em mãos, o cardiologista Flavio José Kanter saiu da faculdade, em 1969, munido para a trincheira de combate à gordura saturada. Inimigos do coração, bife, ovos, banha, manteiga e leite integral ameaçavam tanto ou mais a engrenagem vital do que sal, fumo e preguiça.
Fazia oito anos que a American Heart Association e o National Institute of Health, nos Estados Unidos, haviam declarado guerra a esses elementos vistos como causadores de metade das mortes de americanos. A ordem era extirpar a carne vermelha, aniquilar o bacon, banir a nata. Até o então presidente Dwight Eisenhower, que sofreu o primeiro infarto em 1955, entrou para a história da medicina como um porta-voz da guerra ao colesterol (o fato de que chegou a fumar quatro maços de cigarro por dia era apenas um parêntese). Assim, a batalha diária contra os alimentos entupidores de veias formou gerações de especialistas e fixou-se à sabedoria popular.
Coma, no máximo, gordura vegetal. Prefira sempre a margarina à manteiga, repetiu Kanter à exaustão, seguindo à risca a cartilha. Repetia. Não repete mais. Ele perfila-se em um batalhão cada vez mais robusto de críticos à vilanização das gorduras saturadas. O fenômeno borbulha pelas laterais da medicina e da nutrição há uma década e ganhou corpo com a publicação de artigos em prestigiadas revistas científicas este ano. 
Também turbina essa discussão o livro da jornalista investigativa Nina Teicholz, The Big Fat Surprise: Why Butter, Meat and Cheese Belong in a Healthy Diet (A grande surpresa da gordura: por que manteiga, carne e queijo pertencem a uma dieta saudável, Simon & Shuster, lançado em maio nos EUA, sem edição em português). Com resenhas positivas na The Economist e no Wall Street Journal, a obra serviu de base para uma reportagem de capa em junho na revista Time - uma espécie de farol para o tema desde 1961. 
- Vivemos décadas baseados em teoria, mas nunca foi comprovado o que se dizia a respeito das gorduras - afirma o agora veterano Kanter, do corpo clínico do Hospital Moinhos de Vento. 
Ele só criou coragem e assumiu sua convicção há três meses em um artigo publicado em ZH e 
sabe que a maioria de seus colegas não pensa dessa forma. Maturou a ideia durante uma década, motivado pelos nove quilos que perdeu comendo sem restrições de gordura - exceto as trans - e colocando o corpo em movimento. Kanter acredita que a maioria das pessoas pode ingerir 30% das calorias diárias de gordura saturada. É o equivalente a cerca de seis colheres de sopa de manteiga, mas três vezes mais do que preconiza a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Desde 1970, os americanos cortaram 11% do consumo de gordura saturada, mas aumentaram em 25% o de carboidratos. Mesmo assim, a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares cresceu, o que desperta a dúvida: e se o problema não estiver no omelete com bacon pelas manhãs? Esse é o ponto de partida do livro de Nina - inspirado no trabalho do jornalista científico Gary Taubes, autor de artigos críticos publicados no The New York Times e na revista Science e do livro Good Calories, Bad Calories (Alfred A. Knopf, 2007), referência para dietas ricas em gordura e de baixo carboidrato. Durante nove anos, Nina escarafunchou até as notas de rodapé de estudos históricos e listou contradições em suas metodologias.
- Cientistas perceberam que deveriam revisar a ciência. Nessas revisões, concluíram, como eu concluí, que as evidências para condenar a gordura saturada não existem - disse Nina a ZH.
Um desses trabalhos de revisão foi liderado pelo epidemiologista cardiovascular Rajiv Chowdhury, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, publicado em março na revista Annals of Internal Medicine. Utilizando o método de metanálise, a equipe revisou 72 pesquisas realizadas com 600 mil pessoas em 18 países e não encontrou evidências para sustentar recomendações de restrição extrema a esses lipídeos.
Por e-mail a ZH, Chowdhury conta que o estudo foi realizado porque, após tantos anos de esforços, a associação entre ácidos graxos e risco de doença coronária permanecia obscura, com trabalhos de resultados conflitantes.
Segundo o pesquisador, a gordura saturada definitivamente eleva os níveis de LDL no sangue (o "mau colesterol"), associados a doenças. Mas não da forma como se pensava. Há evidências de que eleva subpartículas menos prejudiciais do LDL, e não as subpartículas "realmente más" - uma constatação que se origina em pesquisas dos anos 1980, do professor Ronald Krauss, da Universidade da Califórnia em Berkeley, mas que requerem mais testes.
A tendência é, também, não mirar nas gorduras saturadas de forma generalizada, já que cada tipo poderia estar associado a maior ou menor risco de doenças.
- Nossas conclusões não devem servir de carta verde para comer gordura saturada. Há grandes estudos em progresso e que deverão oferecer esclarecimentos definitivos em um futuro próximo. Por enquanto, recomendo prudência e distância da carne vermelha - alerta Chowdhury. 
Na Capital, com a serenidade de seus 68 anos, mais da metade deles auscultando corações, Kanter resume o sentimento de apreensão que perpassa pelo seu consultório.
- Precisamos ter humildade para reconhecer. Comparo esta mudança à que Galileu vivenciou quando comprovou que a Terra girava ao redor do Sol. É tão forte, que ainda tenho dificuldade de encará-la - afirma.
Trata-se de uma guerra com inimigos ainda desconhecidos.
 
Sai um problema, entra outro
Não é de hoje que espocam contradições na seara nutricional. O exemplo clássico é a gema do ovo, que de estricnina na veia passou à condição de elixir 
- rico em colesterol in natura, pouco absorvido pelo corpo, e com propriedades nutritivas que o colocam como alimento fundamental, por exemplo, para o desenvolvimento cerebral de crianças.
Em 1999, em meio à reverberação da absolvição do ovo, o escritor Luis Fernando Verissimo questionou quem o indenizaria por todas as gemas douradas que deixou de furar durante anos de medo inútil. "Ainda não liberaram a manteiga, mas é uma questão de tempo", escreveu, em premonição certeira.
As gorduras são essenciais para dar ao corpo energia e sustentar o crescimento das células. Também auxiliam na proteção dos órgãos e na manutenção da temperatura corporal. Afetam a absorção de nutrientes e a produção de hormônios. A questão que divide especialistas é quais fazem bem e quais fazem mal. Essa é a cruzada em que se encontram há décadas.
- Pesquisas que testam os efeitos de alimentos no corpo a longo prazo são de difícil execução. Controlar, com rigor, o que as pessoas comem por um longo período é o mais complicado. Essa é uma das explicações para haver tantas variações - avalia Vera Portal, cardiologista do Hospital de Cardiologia, que pesquisa fatores de risco para doenças cardiovasculares.
A disseminação de orientações baseadas apenas em associações, antes de testes clínicos provarem a relação de causa e efeito, estariam na base desse vaivém. 
- Essa ciência fraca, que não estaria pronta para ser "usada", tem nos levado a caminhos errados - lamenta a jornalista Nina Teicholz. 
Após idas e vindas, os especialistas agora farejam o vilão do século 21 para a saúde: os açúcares. Para fugir da gordura, a solução encontrada para saciar a população foram os carboidratos (que se transformam em açúcar). Pareciam perfeitos, até menos calóricos. Assim, a pirâmide alimentar americana se estruturou em quase três vezes mais carboidratos do que carne, peixe, ovos, feijão e nozes juntos. E sem ovo no café da manhã, vieram as caixinhas de cereal matinal com leite desnatado, pão com margarina e iogurte light, mas adoçado.
Há consenso de que trocamos um problema por outro. A população está mais obesa, mais diabética, acometida por doenças senis e só não morre ainda mais de infartos fulminantes porque evoluíram as medicações e o diagnóstico.
Os carboidratos seriam os responsáveis por elevar as subpartículas mais nocivas de LDL no sangue, e não as gorduras, apontam estudos. Seguindo essa lógica, há linhagens de nutricionistas e médicos que usam a gordura para combater o açúcar. Receitam aos pacientes a ingestão de proteínas e gorduras saturadas e monoinsaturadas (abacate, nozes, azeite de oliva) para controlar a fome e a gana por doces, pães e massas. É o caminho inverso.
- Aprendi na faculdade que a gordura faz mal, mas, depois, vi que não se tem evidências. O que vai matar a pessoa não é a gordura, mas a combinação churrasco com pão e doce depois - diz Gabriel Carvalho, nutricionista, farmacêutico bioquímico e introdutor da nutrição funcional no Brasil em 1999.
No consultório de Gabriel, o perfil dos pacientes mudou. Em geral, são pessoas que, como ele descreve, acham que sabem cuidar da alimentação. Não comem ovos porque têm colesterol, tomam leite desnatado ou semi, comem pouca carne de gado durante a semana, comem frango, evitam manteiga e nata e estão com colesterol alto. A explicação, segundo ele, são o pão branco ou o "falso integral", massas, bolachas e doces, para citar alguns vilões.
O mesmo observa o médico Jose Carlos Souto, que é urologista e especialista na chamada dieta paleolítica "low-carb":
- O que temos é um fenômeno global de aumento dos alimentos processados e redução da gordura. Como todos acreditam nesse dogma, basta escrever "não contém gordura" ou "zero colesterol", e as pessoas comem. Mas o que elas estão ingerindo é açúcar.
Há um ano e meio, Souto recebeu a empresária Camila Marquetto Saikoski, 28 anos, 1m82cm de altura, 64 quilos, que apresentava uma doença autoimune que reduzia as plaquetas. Tinha triglicerídeos altos e relação entre colesterol bom e ruim que deixava a desejar.
- Eu comia já tudo bem magro. Fugia da gordura como o diabo da cruz, e agora faço o inverso, só que deixei de comer glúten e parei de comer industrializados, só comida 100% natural - diz a empresária, cuja geladeira está recheada de nata, manteiga, carnes e ovos.
Resultado: os exames de Camila mostraram, além da normalização das plaquetas, aumento do HDL no sangue e redução dos triglicerídeos. 
 
Terreno de divergências
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) dá sinais de estar atenta à discussão. Elevou em 2012 sua recomendação máxima de 7% para 10% das calorias diárias obtidas de gordura saturada (algo como dois cubos de bacon frito), uma flexibilização maior do que a das entidades americanas, que restringem a ingestão em 5% a 6%, o equivalente a menos de duas colheres de sopa de manteiga. 
- Esse percentual de consumo de gordura saturada que o governo recomenda hoje só foi visto em períodos de fome, no pós-II Guerra Mundial. É muito drástico - afirma a autora do livro The Big Fat Surpise, Nina Teichloz, reconhecendo um grão de mudança pelo fato de, por outro lado, terem deixado de bater na tecla da gordura como número 1 de suas preocupações. 
A diretriz brasileira sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular, publicada em janeiro, cita a discussão e reconhece que a substituição de gordura saturada por carboidratos simples pode ter grande impacto no aumento do risco de doença cardiovascular e diabetes. 
- Hoje, se sabe que existe correlação do alto consumo de gordura saturada com problemas do coração. O que a gente não sabe é qual deve ser a ingestão diária. O que questionamos é se precisa ser tão restrito - pondera o presidente do departamento de arterosclerose da SBC e professor da PUCPR, José Rocha Faria Neto.
Mais preocupada com a combinação de macronutrientes do que com a vilania de um tipo de gordura, Carisi Anne Polanczyk, chefe do Centro de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento e presidente da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs), diz que a execração da gordura saturada teve alto efeito psicológico. Houve uma "lavagem cerebral", reconhece.
- Restringíamos muito. Manteiga, nem pensar. Retirava o ovo, carne era permitida em pouquíssima quantidade. Agora, achamos que manteiga é melhor do que margarina. Abandonei o creme vegetal, mesmo os que dizem não conter gordura trans. Os cardiologistas mudaram, e até os pacientes nos cobram em tom de brincadeira. Mas devemos olhar para a alimentação como um todo, não para nutrientes isolados - diz Carisi.
Um dos maiores nomes no Brasil em medicina cardíaca, o cirurgião Fernando Lucchese, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, afirma que não há evidências que o permitam relativizar o conselho de evitar a gordura saturada.
- Corremos o risco de multiplicar doenças cardíacas - afirma Lucchese.
- Pode prescrever a dieta que quiser, mas 15% a 20% (dos pacientes) cumprem à risca. Eles têm conhecimento do tema, mas não abrem mão de comer gordura saturada, por isso a medicação é importante.
Carisi também alerta: 
- Provavelmente, a maioria das pessoas pode comer gordura em quantidades razoáveis, mas, para as pessoas que acumulam, o colesterol faz mal. Não adianta passar uma ideia de que todo mundo pode comer tudo. Existe um padrão de alimentação saudável que envolve manter peso e uma combinação de nutrientes que pode ter gordura, desde que (a pessoa) não tenha predisposição de ter colesterol alto.
 
ENTREVISTA: "Coma mais alimentos verdadeiros"
Por Maria Rita Horn 
Nutricionista francesa que mora no Brasil, Sophie Deram pesquisa transtornos alimentares e neurociência do comportamento
Se fala muito em terrorismo nutricional. O que seria isso?
Tenho visto muitos jovens que nunca aprenderam a comer de forma tranquila. Vejo, na verdade, uma grande dificuldade frente a "o que comer". E uma das causas disso é o exagero de regras super-rígidas veiculadas e, às vezes, contraditórias, que fazem com que achemos que comer bem é saber mais e mais de nutrição.
Uma hora não se pode comer gordura ou ovo, um tempo depois, está liberado novamente. Esse vaivém confunde as pessoas?
Confunde muito. Antigamente, o perigo era um alimento que era estragado. Hoje, é dito que o que você coloca na boca pode ser muito tóxico. Vejo muito mal-estar com isso. Foi feita uma pesquisa sobre o conhecimento nutricional nos EUA e na França. Nos EUA, todo mundo sabia o que é ômega 3, ômega 6, muitas coisas sobre a gordura. Os franceses sabem apenas que baguete com camembert é muito bom. E o pesquisador questionou: será que saber muito de nutrição não atrapalha a relação com a comida? Provavelmente.
O que temos de mudar na relação com a alimentação para nos sentirmos mais felizes e termos menos problemas com obesidade?
Não é porque uma pessoa tem obesidade que está comendo errado. Tenho um paciente que come superbem, mas tem obesidade por problemas de hormônio. Sobre a relação com a comida, em vez de se estressar demais com as regras, tente incluir mais alimentos verdadeiros no seu dia. Beba mais água. Na alimentação de adolescentes brasileiros, 15% das calorias vêm de bebidas doces. Inclua legumes e frutas, em vez de comer tudo pronto em pacotes. Tenho três dicas: parar de fazer dieta, comer alimentos verdadeiros - e aqui não estou dizendo que você não pode comer alimentos da indústria - e cozinhar".



* Original em http://www.consulfarma.com/Noticia.aspx?IdentityNews=2239   -   ZERO HORA - RS 07/07/2014