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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Suplementos e fitoterápicos e o risco das interações com medicações alopáticas ...



Prescrever algo pra alguém é um ato que deve empregar bastante cuidado pelo prescritor. Por que digo isso? Frequentemente atendo no consultório, pacientes que fazem uso de medicações (uso contínuo) e com altíssimo potencial de interação com diversos fitoterápicos e suplementos alimentares. E muitas vezes esses pacientes chegam com uma receitinha "extra" de "coisas naturais", "suplementos" prescritos por nutricionistas, terapeutas, farmacêuticos e até mesmo professores de educação física.


Nessa hora penso: nós médicos temos 1 ano e meio (sim, 3 semestres de farmacologia, 1 semestre de farmacologia básica e 2 semestres de farmacologia clínica) e ainda assim saímos deficientes da faculdade. A grande maioria dos médicos desconhecem interações medicamentosas, seja entre:

  1. Medicamentos x medicamentos
  2. Medicamentos x fitoterápicos
  3. Medicamentos x alimentos
  4. Medicamentos x álcool
  5. Vitamina x vitaminas
  6. Minerais x minerais
  7. Vitaminas x minerais
  8. Minerais x fitoterápicos
  9. Vitaminas x fitoterápicos
  10. Fitoterápicos x exames laboratoriais

Se a situação é crítica entre os médicos, quem dirá entre os demais profissionais da saúde. Pior ainda entre os ditos terapeutas holísticos. Mais adiante listarei diversas situações que presenciei ao longo desses 5 anos de atuação como médico. Sempre ressalto pros pacientes: fitoterápico é natural, mas está longe de ser inócuo. Vitaminas e minerais interagem entre si. 

Essa semana um estudo (revisão de literatura: Evaluation of documented drug interactions and contraindications associated with herbs and dietary supplements: a systematic literature review) elaborado pela Escola Chinesa de Medicina, em Taiwan mostrou a seriedade do tema. O pesquisadores concluíram que os suplementos vitamínicos, artificiais ou naturais, podem afetar o funcionamento dos medicamentos tradicionais. O Dr. Hsiang-Wen Lin e sua equipe revisaram 54 artigos científicos e 31 estudos de campo e encontraram os principais sinais de interações adversas dos medicamentos com suplementos de magnésio, cálcio e ferro, além das plantas medicinais Ginkgo biloba e Erva de São João (Hipérico).

A literatura médica analisou as interações entre 213 compostos minerais, vitamínicos ou fitoterápicos e 509 medicamentos comerciais, documentando 882 interações. Os riscos potenciais da interação entre medicamentos tradicionais e suplementos geralmente resultam em situações brandas, como dores no peito, dores abdominais e dores de cabeça, mas há também relatos de problemas mais sérios, como problemas do coração.

Mais de 42% das interações foram causadas porque os suplementos alteraram a farmocinética dos medicamentos - o processo pelo qual a droga é absorvida, distribuída, metabolizada e eliminada pelo corpo.

Entre as 152 contraindicações identificadas pelos pesquisadores, as mais frequentes envolvem o sistema gastrointestinal (16.4%), sistema neurológico (14.5%) e doenças genito-urinárias (12.5%).

Dentre os medicamentos alopáticos que mais apresentaram interações com suplementos estão:

  • Varfarina: interage com Pimpinella anisum (Erva doce); Capsicum annum (Pimentão); Angélica sinensis (Angélica chinesa); Allium sativum (Alho); Zingiber officinale (Gengibre); Eleutherococcus senticosus (Ginseng siberiano); Ginkgo biloba (Ginkgo); Camellia sinensis (Chá verde); Curcuma longa (Açafrão); Tanaceto, Salvia miltiorrhiza e Chamomila
  • Insulina, 
  • Aspirina 
  • Digoxina
  • Ticlopidina

Dentre os fitoterápicos, os que mais apresentaram interações negativas estão:

  • Semente de linhaça, 
  • Equinácea,
  • Ioimbina.

Mas afinal, quem pode prescrever fitoterápicos?

  • Médico (deve procurar se especializar na área de fitoterapia);
  • Nutricionista (pode prescrever planta fresca ou droga vegetal, somente para uso oral, não uso tópico, assim como não pode prescrever os fitoterápicos de exclusiva prescrição médica, os tarja vermelha, e somente pode prescrever os produtos com indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico);
  • Cirurgião dentista (somente pode prescrever fitoterápicos dentro da odontologia);
  • Médico-veterinário (somente pode prescrever fitoterápicos dentro da veterinária);
  • Farmacêutico (pode prescrever medicamentos feitos na própria farmácia ou isentos de prescrição médica, pode prescrever ou indicar em doenças de baixa gravidade e em atenção básica à saúde);
  • Enfermeiro (pode prescrever se no município onde ele atua, tiver protocolo pra isso, estabelecendo as medicações);

Existem alguns fitoterápicos que são de exclusividade dos médicos, ou seja, só são vendidos mediante  receita médica, são tarja vermelha:

  • Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina);
  • Cimicifuga racemosa (cimicífuga);
  • Echinacea purpurea (equinácea)'
  • Ginkgo biloba (ginkgo);
  • Hypericum perforatum (hipérico ou Erva-de-São-João): interage com ciclosporina, amitriptilina, digoxina, indinavir, Sinvastatina, Midazolam, Warfarina, Teofilina, Contraceptivos orais, Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e Loperamida
  • Piper methysticum (kava-kava);
  • Serenoa repens (saw palmeto);
  • Tanacetum parthenium (tanaceto);
  • Valeriana officinalis (valeriana).

Extrato seco padronizados  que  não  precisam  de  prescrição  médica mas quem apresentam MUITAS interações medicamentosas:

  • Castanha-da-índia: Tem um componente tóxico chamado esculina, que se não for retirado do extrato, pode causar vertigem, náusea, cefaléia prurido. Ainda assim há risco de vertigem hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e irritação no trato digestivo. Já tive pacientes que tiveram alergia ao composto. Há estudos que mostram interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários, e há risco moderado com hipoglicemiantes. Compra-se sem receita médica e há um uso "popular" consagrado de que é um bom venotônico.
  • Alho: Aumenta a toxicidade de um retroviral usado no tratamento da Aids, aumenta a meia vida da hidroclorotiazida, um diurético comumente usado por nossos hipertensos, interação com a atorvastatina, uma medicação usada para baixar o colesterol), interage com ciclosporina, anticoagulantes, contraceptivos. Com a Isoniazida e com o Saquinavir apresenta interação considerada grave.  Com Varfarina a interação é considerada moderada, assim como substratos do citocromo P450 2E1 (CYP2E1) e Citocromo P450 3A4 (CEP3A4). Interage teoricamente como ácido eicosapentaenóico (EPA). 
  • Babosa  ou  Aloe  vera: Pode ter interação moderada com hipoglicemiantes, diuréticos, Sevoflurano, Laxantes, Varfarina. Tem interação grave com digoxina, droga comumente usada na insuficiência cardíaca. Tem ainda interação com ervas contendo glicosídeos cardíacos, ervas ou suplementos com potencial hipoglicemiante, Cavalinha, alcaçuz e ervas laxantes. Interfere em testes colorimétricos.
  • Boldo: Alto risco de sangramento por interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. Pode gerar intensificação da ação de fármacos antiarrítmicos. O uso simultâneo com outras drogas ou ervas que induzem hipocalemia, como diuréticos tiazídicos, adrenocorticosteróides ou Glycyrrhiza uralensis poderá exacerbar o desequilíbrio de eletrólitos
  • Arnica: Além dos efeitos colaterais quando usada via oral, apresenta na forma tópica o risco de dermatite de contato e irritação da mucosa. Tem forte interação com anticoagulantes e drogas antiplaquetárias, além do risco de alergenicidade cruzada.
  • Canela: risco de interação com hipoglicemiantes orais e insulina. Interage com outros fitoterápicos com ação hipoglicemiante. Há pacientes que relatam aumento da pressão arterial com o consumo. Há risco de interação com drogas hepatotóxicas.
  • Calêndula: Não deve ser usada durante a gravidez e amamentação, exceto sob orientação médica
  • Camomila: Há risco de sangramentos na interação com drogas anticoagulantes/antiplaquetárias.
  • Centella Asiática: Há risco moderado de interação com drogas hepatotóxicas. Há um risco grave de interação com drogas depressoras do sistema nervoso central. Interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.
  • Cáscara sagrada: Por irritar o trato digestivo pode diminuir a biodisponibilidade de inúmeros medicamentos. Interfere em testes colorimétricos e pode levar a hipocalemia.
  • Chá verde: Por ter cafeína diminui absorção de metais divalentes, diminui absorção do Ferro, Ácido fólico, pode irritar a mucosa gástrica, aumentar a concentração de catecolaminas, pode aumentar os níveis de creatinina urinária e cálcio urinário, diminuição da Ferritina por diminuir absorção de Ferro. Há risco de hepatotoxicidade e elevação das enzimas hepáticas. Piora a função tireoideana por ser rico em flúor inorgânico. Altera testes de função pulmonar e testes de focromocitoma. Tem interação moderada com: Adenosina, Antibibióticos quinolônicos, Cimetidina, Dipiridamol, Dissulfiram, Anticoagulantes/antiplaquetários, Drogas hepatotóxicas, Estrógenos, IMAO, Lítio, Nicotina, Pentobarbital, Teofilina, Verapamil. Interação grave com: Anfetaminas, Cocaína, Efedrina. Interação leve com hipoglicemiantes, etanol, fluconazol, Terbinafina.
  • Alcachofra: Contra-indicada nos casos de oclusão das vias biliares e hepatopatias graves. Por ter efeito diurético, pode interagir sinergicamente com diuréticos e levar a hipocalemia e depleção de volume. As interações mais graves poderão ser verificadas com diuréticos de alça e tiazídicos. 
  • Eucalipto: Interação moderada com hipoglicemiantes orais, diminui a eficácia de medicamentos homeopáticos, pode ocasionar alterações no sistema nervoso central quando administrado com drogas que atuam no sistema nervoso central.
  • Guaco: Interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. Interage sinergicamente “in vitro”, com alguns antibióticos como tetraciclinas, cloranfenicol, gentamicina, vancomicina e penicilina. Há risco de sangramento nas coagulopatias e dengue.
  • Guaraná: Potencializa a ação de analgésicos. Interage moderadamente com anticoagulantes/antiplaquetários podendo aumentar o risco de sangramento.
  • Alcaçuz: Não deve ser utilizado por pacientes com hipertensão arterial e diabéticos tipo II, insuficiência renal, hiperestrogenismo. Interações medicamentosas com corticóides e ciclofosfamida, podendo aumentar a atividade de ambos. Pode interferir em tratamentos hormonais e terapias hipoglicemiantes. 
  • Sene: Como é um laxante, ocasiona uma diminuição do tempo do trânsito intestinal  e com isso diminuir a absorção de fármacos administrados por via oral. Ocasiona perda de potássio que poderá potenciar os efeitos de digitálicos.
  • Ginseng:  Há risco de interação com IMAOS, anticoagulantes/antiplaquetários. O uso concomitante de medicamentos fitoterápicos à base de ginseng e estrogênios pode provocar efeitos adversos advindos do aumento da atividade estrogênica, tais como mastalgia e sangramento menstrual excessivo. Alguns relatos de casos sugerem que o ginseng possui atividade semelhante aos hormônios estrogênicos. 
  • Gengibre: Interação leve com bloqueadores de canais de cálcio e hipoglicemiantes orais. Interação moderada com anticoagulantes/antiplaquetários. 
  • Estévia: Interação moderada com hipoglicemiantes, Lítio e com anti-hipertensivos.
  • Espinheira Santa: Interação com álcool.
  • Melissa ou erva-cidreira: Interação moderada com depressores do sistema nervoso central, interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.
  • Menta: Interação leve com antiácidos (bloquedores de H2 e inibidores da bomba de prótons). Interação moderada com ciclosporina, Substratos do citocromo P450 1A2, 2C19, 2C9, 3A4. Pode alterar níveis de FSH, LH, testosterona. 
  • Maracujá ou Passiflora: Interação moderada com depressores do sistema nervoso central, interage com ervas e suplementos com propriedades sedativas.

Por exemplo, todas as plantas que possuem efeito laxante por aumentar o bolo intestinal:
(Sene, Cáscara sagrada, Semente de linhaça, Semente de Chia, Plantago ovata) poderiam diminuir a absorção de determinados medicamentos: cálcio, ferro, lítio, digitálicos e anticoagulantes orais.

As drogas que diminuem os níveis de potássio por ação laxativa são: Aloe barbadensis (Babosa), Curum carvi (Alcaravia), Ricinus communis (Mamona), Taraxacum officinale (Dente-de-leão), Scrophularia nodosa (Escrofulária), Linum usitatissimum (Linhaça), Mentha piperita (Hortelã-pimenta), Triticum vulgare (Trigo), Achillea millefolium (Mil-folhas), Sambucus canadensis, Helichrysum petiolare, Plantago afra-psilium


Frequentemente atendemos pacientes diabéticos, em uso de hipoglicemiantes orais e/ou insulina, chegam com receita da nutricionista contendo alguma das seguintes Plantas: Trigonella foenum-graecum (Feno Grego), Allium sativum (Alho), Cyamopsis tetragonolobus (Goma-aguar), Plantago ovata. Porém muitas vezes o prescritor não sabe que essas plantas possuem propriedade hipoglicemiante. Há os casos em que chegam usando plantas hiperglicemiantes como Zingiber officinale (Gengibre) ou Urtiga dióica (Urtiga). 


Há casos em que pra acalmar, prescrevem plantas com ação sedativa e depressoras do Sistema nervoso central, interagindo com medicações alopáticas. As principais plantas que tem ação sedativa são:  Capsicum annum (Pimentão), Nepeta cataria (Gataria), Apium graveolens (Aipo), Matricaria chamomilla (Camomila), Humulus lupulus (Lúpulo), Piper methysticum (Kava kava), Melissa officinalis (Melissa), Valeriana officinalis (Valeriana).

Existem plantas com atividade sobre o sistema cardiovascular, as principais são: Cimicífuga racemosa (Erva-de-São-Cristóvão), Harpagophytum procumbens (Garra-do-Diabo), Panax ginseng (Ginseng), Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz), Zingiber officinale (Gengibre), podendo acentuar sintomas cardíacos.

As vitaminas interagem entre si, assim como os minerais. Por exemplo, Zinco diminui absorção do cobre. Cálcio diminui a absorção do Ferro. Sódio aumenta a excreção do Cálcio. Vitamina C diminui a absorção do Zinco. Vitamina C e Vitamina E devem ser dadas juntas pois uma regenera a outra dentro do organismo.

Alguns aminoácidos aumentam liberação de insulina e isso pode ser péssimo pra um paciente diabético. Outros podem ser benéficos para a desintoxicação do organismo.

Alguns casos que já recebi no consultório:

  • Paciente com hipotireoidismo em uso de linhaça, chá verde e sucralose. Ou seja, inúmeros compostos que pioram a função tireoideana.
  • Paciente com hipotireoidismo, fazendo uso de levotiroxina (hormônio tireoideano) e profissional (não o endócrino) prescrevendo chazinho qualquer em jejum, o que ocasiona diminuição da absorção da lexotiroxina. Ou as vezes os próprios médicos prescrevem omeprazol ou outro inibidor de bomba em horário próximo à levotiroxina.
  • Paciente cardiopata, em uso de AAS, foi ao nutricionista que prescreveu ômega 3 em dose alta, linhaça, semente de chia e vitamina E. Favorecendo sangramentos.
  • Paciente sexo feminino, foi ao nutricionista, que prescreveu hormônio (testosterona), sendo que a mesma estava apresentando queda de cabelos. Com uso da testosterona, piorou a queda de cabelo.
  • Paciente em uso de fórmula vitamínica que contém Ferro, vitamina C, Zinco e Cobre, pra tomar no mesmo horário.
  • Paciente com transtorno bipolar, vai ao nutricionista pra ganhar peso e a mesma prescreve creatina (que favorece a ciclagem pra fase de mania) além de Grifonia simplicifolia (já que não podem por lei prescrever 5-hidroxi-triptofano) e aí o paciente tem aumento de serotonina e com isso cicla pra fase de mania. 
  • Paciente HIV, o naturopata resolve prescrever Equinácea e Dente-de-leão, piorando o quadro do paciente, por interação com anti-retroviral.
  • Paciente com história de câncer no intestino há 3 anos, em uso de glutamina cronicamente, parar ter melhor rendimento na academia. 
  • Paciente com insônia, malhando a noite e o instrutor da academia indicando cápsulas de cafeína pra melhorar o desempenho no treino. 
  • Paciente com história de Púrpura trombocitopênica idiopática e aí prescreveram ômega 3 (dose baixa). Paciente indo parar no hospital por conta de sangramentos, que iniciaram imediatamente após o uso do ômega 3.

Enfim, são inúmeras as interações. Portanto, antes de alguém querer prescrever algo, por mais "natural" que seja, o prescritor deve fazer uma anamnese decente, questionando principalmente as medicações que o paciente faz uso, conhecer sobre essas medicações (afinal irá prescrever algo que pode ter interação) e obviamente conhecer muitíssimo bem aquilo que está prescrevendo:


  • Dose mínima, 
  • Dose máxima, 
  • Dose usual, 
  • Segurança da droga, 
  • Reações adversas, 
  • Se pode ser usada na amamentação e na gravidez, 
  • Se terá interação com alguma medicação alopática, fitoterápico, vitamina, mineral, aminoácido,
  • Se alterará algum exame laboratorial.

As palavras de ordem nesse caso são: ESTUDO e CONSCIÊNCIA !

Fonte:

  1. H.-H. Tsai, H.-W. Lin, A. Simon Pickard, H.-Y. Tsai, G. B. Mahady. Evaluation of documented drug interactions and contraindications associated with herbs and dietary supplements: a systematic literature review. International Journal of Clinical Practice, 2012; 66 (11): 1056 DOI: 10.1111/j.1742-1241.2012.03008.x
  2. Edzard Ernst. Interactions between drugs and supplements: the tip of an iceberg? International Journal of Clinical Practice, 2012; 66 (11): 1019 DOI: 10.1111/ijcp.12007
  3. http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/lilacs/revbrastoxicol/2008v21n2/revbrastoxicol2008v21n2p49-59.pdf
  4. http://www.ufjf.br/proplamed/files/2011/05/Fitoter%C3%A1picos-e-Intera%C3%A7%C3%B5es-Medicamentosas.pdf
  5. http://www.anvisa.gov.br/farmacopeiabrasileira/conteudo/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf
  6. http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16550/000672605.pdf?sequence=1
  7. http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=16704

*** O texto acima é de responsabilidade do autor. Para dúvidas sobre o conteúdo do texto, deixe seu comentário ou entre em contato com o autor através dos contatos disponibilizados em sua assinatura.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

HIV e Ortomolecular...



Quase que mensalmente recebo em meu consultório pacientes soropositivos que esperam algo da ortomolecular. Felizmente a ortomolecular combinada com o tratamento convencional com infectologistas (é inegável que a terapia anti-retroviral mesmo com todos seus efeitos colaterais, é um grande avanço no tratamento da doença) gera bons resultados.


O foco da ortomolecular no caso do paciente soropositivo consiste na diminuição do estresse oxidativo causado pelo vírus, suplementando minerais, aminoácidos e vitaminas que sabidamente apresentam déficit por conta da cinética do vírus. O indivíduo com HIV tem como principal característica o desarranjo da função imune, que no final leva á perda dos linfócitos T-helper (CD4+), necessitando de uma Terapia Nutricional, que possa abranger não apenas os sintomas associados à infecção por HIV, mas traga ao individuo uma melhor qualidade de vida.

As pessoas HIV positivas estão entre as que mais formam radicais livres, por causa da baixa imunidade e das constantes infecções. O tratamento ortomolecular associado à terapia anti-retroviral tem proporcionado aos pacientes uma grande melhora de qualidade de vida. 


Dr. Helion Póvoa, precursor da medicina ortomolecular no Brasil, há 20 anos atende pacientes com HIV e tem uma ONG no Rio de Janeiro que visa atender pacientes carentes soropositivos. 

Ele afirma que pessoas soropositivas que tomam vitaminas, minerais e aminoácidos (chamados de antioxidantes) para combater a grande quantidade de radicais livres formados na infecção pelo HIV têm a carga viral diminuída muito mais rapidamente, desaparecendo as complicações decorrentes da doença. 

Helion Póvoa destaca, no entanto, que a função dos antioxidantes neste caso é de coadjuvante ao tratamento convencional: "A carga viral da doença é muito grande e só se consegue diminui-la com um tratamento tão violento quanto esse com os anti-retrovirais. Mas não há dúvida de que o uso de vitaminas e outros antioxidantes é capaz de representar melhoras espetaculares em pacientes com Aids. 

O próprio Luc Montagnier, cientista francês que isolou o vírus da Aids em 1983, aconselha esse tratamento antioxidante complementar a todos que têm a doença". Segundo Helion Póvoa, existe uma proteína, chamada NFKB, que é produzida intensamente no organismo de quem tem o vírus da Aids, pois é fundamental à multiplicação do vírus HIV. Os antioxidantes são capazes de inibir a síntese do fator NFKB e assim inibir a multiplicação do HIV, diminuindo a carga viral no paciente de Aids e proporcionando-lhe grande melhora do estado geral. "Convém notar outra importância dos antioxidantes no tratamento da Aids: o seu poder de combater os efeitos colaterais dos anti-retrovirais", acrescenta Helion Póvoa. 

"A formação de cálculos renais, por exemplo, é combatida com substâncias como o magnésio e a vitamina B6. Extrato de semente de uva, semente de linhaça e ômega 3 são bons para baixar o colesterol e os triglicerídeos".

 É importante ressaltar que é essencial consultar um médico ortomolecular e fazer exames específicos para saber que tipo de tratamento seguir. Porém, você pode incluir facilmente algumas substâncias ricas em antioxidantes, na sua alimentação diária. Veja as dicas no quadro ao lado.

A dieta deve ser avaliada quanto à adequação nutricional individual, considerando-se os sintomas associados à infecção por HIV, como: 
• perda de peso, 
• anorexia, 
• diminuição dos níveis de energia, 
• alterações gastrintestinais, 

As necessidades energéticas variam dependendo do estado de saúde do indivíduo no momento da infecção por HIV, progressão da doença e desenvolvimento de complicações que prejudicam a ingesta e utilização de nutrientes.

É de grande importância à utilização de nutrientes, minerais e vitaminas envolvidos na função imunológica, já que o paciente encontra-se em constante estresse oxidativo e necessita de equilíbrio nutricional; a ingesta de proteínas adequada é importante para promover o equilíbrio positivo de nitrogênio e repleção de massa magra corpórea.

A atividade bactericida e antiviral dos linfócitos e a capacidade de multiplicação e secreção de Imunoglobulinas é afetada pelos oxidantes celulares, sendo assim é muito importante no tratamento dietoterápico a introdução de alimentos que tenha nutrientes com capacidade antioxidante e suplementação destes nutrientes, já que a alimentação, a digestão e absorção de nutrientes no paciente aidético estão prejudicadas por diversos fatores.

Como o paciente aidético necessita de um tratamento medicamentoso rigoroso é interessante fornecer na alimentação substâncias que ajudam no processo de detoxificação do organismo a fim de minimizar os desconfortos, como a utilização:

• Das brássicas: brócolis, couve flor, couve-de-bruxelas, couve e repolho
• Bioflavonóides (ex: quercetina que ativa o citocromo P450), 
• Ervas e temperos naturais: alho, cebola, orégano, cúrcuma (açafrão), gengibre, alecrim, tomilho. 

Indicado tratamento coadjuvante para reforçar o sistema imune:

1- Suplementação dos aminoácidos pela depleção e carência:

A – Arginina: Whey, albumina, dieta, suplementação
B – Cisteína: Whey, albumina, dieta, suplementação
C – Ornitina: Whey, albumina, dieta, suplementação

2- Vitaminas pela ação antioxidante:

A - Vitamina A e Betacaroteno
B - Vitamina C + Quercetina (bioflavonóide) 
C - Vitamina E
D - Complexo B (principalmente B12)
E - Vitamina D

3- Suplementação dos oligoelementos:

A - Selênio quelado
B - Germânio quelado
C - Vanádio quelado (grande drenador do sistema linfático).

4- Suplementação com enzimas e HCL

A suplementação de enzimas tem a finalidade de corrigir a má-absorção. E a suplementação de ácido clorídrico é para minimizar a hipocloridria ou acloridria que geralmente os indivíduos aidéticos apresentam e que compromete a absorção dos nutrientes e consequentemente o estado nutricional do paciente e a absorção do AZT que depende do pH ácido do estômago para se solubilizar e ser absorvido. 

5- ZINCO 

O zinco é um dos principais elementos da imunidade e está presente no linfócito T. O stress oxidativo aumenta a deficiência de zinco. 

6- L-GLUTATIONA

A glutationa é um antioxidante tripeptídeo formado de ácido glutâmico e cisteína. Ela é o substrato da enzima glutationa peroxidase que catalisa a redução do peróxido de hidrogênio através de um mecanismo de óxido-redução. È também a melhor forma de transporte no plasma de cisteína e dos grupos sulfidrílicos, que aumentam a atividade e a proliferação dos linfócitos T e a sua diferenciação de T para B. O paciente aidético tem uma deficiência sistêmica de glutationa. Ela modula o sistema imune.

7- N-ACETIL-CISTEÍNA: regenera a glutationa, varredora de radicais livres:

É importante recomendar esta suplementação, pois no paciente aidético todos os aminoácidos que contém o grupo tiol vão estar baixos. 

8 - ÁCIDO ALFA-LIPÓICO:

9 - PROBIÓTICOS

Pois estes apresentam funções Imunomoduladores e Imunoestimulantes para manter o equilíbrio entre as bactérias da microbiota intestinal, já que o paciente aidético tem um stress oxidativo pela doença, consumo excessivo de medicamentos que acabam exercendo efeitos nocivos contra a microbiota gerando uma sobrecarga no sistema imunológico e a conseqüente quebra da homeostase intestinal favorecendo o aparecimento de diarréias.

10 - COENZIMA Q10 

Melhora o aporte de energia na mitocôndria. É um antioxidante que auxilia no processo imunológico. Além de ser suplementado podem ser incluídos na alimentação alimentos fontes como: peixes, soja, germe de trigo, algas, oleaginosas, gergelim e brócolis.

A infecção da célula T humana no HIV aumenta a sua sensibilidade à toxicidade ao calor e radiação. Uma possível explicação para este resultado pode ser a redução da enzima manganês-SOD nas células infectadas pelo HIV comparadas as células não infectadas, sendo assim é importante aumentar na alimentação alimentos fontes de SOD como, por exemplo, o farelo de arroz.

Vegetais crus e cozidos. Temperar com ervas naturais: cheiro verde, alho (estimulante do sistema imunológico), orégano, alecrim e azeite de oliva extra virgem que é fonte de gordura monoinsaturada e compostos fenólicos que apresentam atividades antioxidantes. 

É interessante a substituição dos cereais refinados pelos integrais que apresentam maiores quantidades de nutrientes como, por exemplo: zinco, magnésio, molibidênio que têm ação antioxidantes e é essencial para os pacientes aidéticos, já que o stress oxidativo tem uma função significativa na história natural na infecção pelo HIV e na depleção dos antioxidantes.

Observação: Em casos de diarréias que são resistentes ao tratamento, pode ser necessária a exclusão dos cereais e alimentos que são ricos em fibras insolúveis.

É importante não ficar um intervalo maior do que 2 a 3 horas sem ingerir nenhum alimento. Mesmo que nestes horários o paciente não sinta fome deve-se salientar a importância da regularidade no fornecimento de nutrientes e de energia para determinar um maior equilíbrio físico e emocional para favorecer a utilização dos nutrientes nos locais adequados, como por exemplo: as proteínas, quando ocorre intervalos maiores do que três horas entre as refeições, estas são desviadas das suas funções como a formação de imunoglobulinas que é essencial para o paciente aidético para o fornecimento de energia.

Os alimentos fontes de ácidos graxos mono e poliinsaturados, como, por exemplo, os óleos vegetais, azeite de oliva, oleaginosas, chia, são muito importantes para o paciente aidético, pois estes ácidos graxos entram na composição da capa do Natural Killer que é uma célula de defesa importante do sistema imune

Bibliografia: 

  1. SANTOS, Shirley, Medicina biomolecular e radicais livres. Coletâneas. V.01.
  2. CARVALHO, Paulo Roberto. Medicina Ortomolecular: Um guia completo dos nutrientes e suas propriedades terapêuticas. 4ªEd. Rio de Janeiro, Nova Era: 2006.
  3. OLSZEWER, Efraim. Clínica ortomolecular. 2ª ed. São Paulo, Roca: 2008.
  4. FAVIERE, Maria Inês. Nutrição na Visão da Prática Ortomolecular. Rio de Janeiro, Ícone: 2009.
  5. http://www.saberviver.org.br/index.php?g_edicao=tratamento009

*** O Texto acima é de responsabilidade do autor. Para dúvidas sobre o conteúdo do texto, deixe seu comentário ou entre em contato com o autor através dos contatos disponibilizados em sua assinatura. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não compre gato por lebre: 10 dicas na hora de escolher um ômega 3



Às vezes meus amigos ou pacientes me contam que compraram um ômega 3, pois fulano disse que é ótimo pra isso ou aquilo. Sim, ômega 3 é ótimo, mas quando prescrito por um médico habilitado ou nutricionista funcional. E na maioria ds vezes gastam dinheiro a toa, comprando óleos de péssima procedência.

São inúmeras as variáveis que interferem na qualidade do óleo, portanto, abaixo cito algumas dessas variáveis, que 99,9% da população leiga desconhece e que pelo menos todos os prescritores de ômega 3 deveriam ter obrigação de saber.

1º - Observe o conteúdo de EPA e DHA por cápsula. Os melhores possuem no rótulo a descrição
da quantidade de EPA e DHA. Somente o “Ômega 3 farmacológico” é capaz de combater doenças crônicas e prevenir o que os cientistas chamam de Inflamação Silenciosa, sendo portanto o tipo de suplemento utilizado nos estudos clínicos que validam a eficácia da suplementação com ômega 3. Sua pureza e concentração tornam possível o uso de “altas doses” indicadas em certas doenças, sem o risco de efeitos colaterais como acontece com produtos similares. Existem muitos Ômega 3 disponíveis no mercado que não atingem a concentração de EPA e DH, sendo assim muitas vezes não correspondem aos critérios de qualidade e eficácia que se esperam deles.

2º - Cheque a proporção de EPA e Ácido Araquidônico (ômega 6). Uma relação de 20% de EPA pra 1% de Ácido araquidônico.

3º -  Identifique a estrutura do óleo (éster etílico ou triglicerídeos), no rótulo deverá falar qual a forma de ômega 3 alí contido.

4º -  Verifique se é isento de contaminantes ambientais: PCBs, mercúrio e dioxinas (geralmente
os bons produtos informam isso de forma bem destacada na embalagem):
  • Concentração de PCB's < 30 ppb/g
  • Concentração de Mercúrio < 10 ppb/g
  • Concentração de dioxinas < 1 ppt
  • Nível de oxidação Total ( TOTOX ) < 13 meq/l

5º - Verifique se é extraído por destilação biomolecular ou ultra-filtrado: o que garante isenção de
poluentes ambientais.

6º -  Verifique se ele é considerado "Enteric Coated". Os assim denominados tem melhor absorção e dão
menos gosto de peixe na boca após o consumo.

7º -  Por último, esvazie 4 cápsulas de ômega 3 em um recipiente e coloque-as no congelador por 5
horas. Se ele congelar, então não se trata de um produto ultra-filtrado.

8º - Os óleos mais baratos na maioria das vezes não atendem a esses pré-requisitos. Porém, o barato sai caro. Uma das coisas mais importantes é que você calcule o preço em relação à concentração de EPA e DHA. O que você deveria estar pagando é pelo EPA e DHA. Os óleos de peixe mais baratos têm baixas concentrações de EPA e DHA, e por isso, você pode na verdade estar pagando mais caro por um produto sem qualidade.

9º - Ômega 3 que de boa qualidade sempre terá Vitamina E na cápsula, pra agir como antioxidante.

10º - 60 doses de um bom ômega 3 (no Brasil) não sai por menos de 50 reais. Desconfio se encontrar mais barato.

Portanto fica a dica: não use ômega 3 sem supervisão de médico ou nutricionista funcional, você (e seu bolso) podem se dar mal, afinal, ele não é isente de efeito colateral.

Fontes:

*** O Texto acima é de responsabilidade do autor. Para dúvidas sobre o conteúdo do texto, deixe seu comentário ou entre em contato com o autor através dos contatos disponibilizados em sua assinatura.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Poluição doméstica: saiba o que é e como evitar

Há alguns anos a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) salientou que várias evidências científicas indicam que o ar interior (ar dentro de casa ou ar indoor) pode muitas vezes, ser mais poluído do que o ar exterior, mesmo nas cidades maiores e mais industrializadas (vide http://www.epa.gov/iaq/pubs/index.html). Outros estudos indicam que as pessoas gastam cerca de 90% de seu tempo em locais fechados. Portanto, para inúmeras pessoas, os riscos de saúde decorrentes da poluição indoor, pode ser muito maior que o da poluição ao ar livre.

Efeitos nocivos podem surgir depois de uma única exposição bem como a exposição repetida e pode gerar um estado inflamatório sistêmico ou localizado, como por exemplo irritação dos olhos, nariz e garganta, dores de cabeça, tontura e fadiga. Estes efeitos são geralmente de curto prazo e tratável, às vezes simplesmente eliminar a exposição à fonte de poluição é o tratamento suficiente. Porém, outros efeitos na saúde podem aparecer devido às exposições mais prolongadas. Estes efeitos incluem algumas doenças respiratórias, doenças cardíacas e câncer, que podem ser severamente debilitantes ou fatais. É importante tentar melhorar a qualidade do ar interior em sua casa mesmo que os sintomas não sejam perceptíveis.

A Qualidade do Ar Interno (QAI) surgiu como ciência a partir da década de 70 com a crise energética e a conseqüente construção dos edifícios selados (desprovidos de ventilação natural), principalmente nos países desenvolvidos, e ganhou dimensão mundial após a descoberta de que a diminuição das taxas de troca de ar nesses ambientes era a grande responsável pelo aumento da concentração de poluentes biológicos e não biológicos no ar interno.

A rigor, pode-se dividir os tipos de poluentes em: materiais particulados, aerossóis, vapores e gases. Esses, por sua vez, podem ser classificados em orgânicos, inorgânicos e biológicos. Os 7 principais poluentes são:
  1. Monóxido de carbonocarbon monoxide (CO): O monóxido de carbono é um produto por combustão incompleta de combustíveis como o gás natural, carvão ou madeira. Na presença de um suprimento adequado de O2 mais monóxido de carbono produzido durante a combustão é imediatamente oxidado a dióxido de carbono (CO2). Os maiores níveis de CO geralmente ocorrem em áreas com tráfego intenso congestionado. Nas cidades, 85-95 % de todas as emissões de CO geralmente são provenientes do escape dos veículos a motor. Outras fontes de emissões de CO incluem processos industriais, queima residencial de madeira para aquecimento, ou fontes naturais, como incêndios florestais. Os fogões a gás e os fumos de cigarro são as principais fontes de emissões de CO em espaços interiores. Dependendo de quanto é inalado, o CO pode afetar a coordenação, doenças do coração fazem pior e causar fadiga, dor de cabeça, confusão, náuseas e tonturas. Níveis muito altos pode causar a morte. Idosos, bebês em desenvolvimento e pessoas com doenças cardiovasculares e pulmonares são particularmente sensíveis a níveis elevados de CO.
  2. Ozônio (O3): formado por reações químicas entre o Óxido nitroso e compostos orgânicos voláveis. O Ozônio (não-medicinal)  provoca vários problemas de saúde, tais como dores torácicas, tosse e irritação da garganta, causando ainda vários danos nas plantas . As reações químicas envolvidas na formação de ozônio troposférico são uma série de ciclos complexos em que o monóxido de carbono e compostos orgânicos voláteis são oxidados ao vapor de água e dióxido de carbono, através de reações químicas e fotoquímicas.
  3. Chumbro (Pb): A exposição humana ao chumbo causada por emissões industriais é um problema de interesse mundial. As principais fontes de exposição ao Pb são empresas do setor de reformadoras de baterias (RB), que ainda utilizam processos e tecnologia obsoletos, em instalações precárias. O monitoramento de Pb no ar, próximo a tais fontes estacionárias é necessário para avaliar o nível de exposição ao Pb e prever possíveis efeitos nocivos à saúde. Os efeitos mais críticos no ser humano são observados sobre o sistema nervoso, e síntese do heme. Podendo ocorrer também distúrbios no sistema nervoso periférico e nos sistemas renal, gastrointestinal, reprodutor e cardiovascular. Os sintomas crônicos decorrentes da exposição excessiva são encefalopatia, arterioesclerose, nefropatia saturnina crônica, fibrose intersticial e hipertensão arterial.
  4. Dióxido de nitrogênio (NO2): Esse gás oxidante é normalmente produzido por processos de combustão.
  5. Material particular (partículas finas = PM): As partículas finas, ou inaláveis, são uma mistura complexa de substâncias orgânicas e inorgânicas, presentes na atmosfera, líquidos ou sólidos, como poeira, fumaça, fuligem, pólen e partículas do solo. O tamanho das partículas está directamente ligado ao seu potencial para causar problemas de saúde, sendo classificadas de acordo com o seu tamanho: PM10 - partículas com diâmetro equivalente inferior a 10μm, e PM 2,5, para partículas com diâmetro equivalente inferior a 2,5μm. As fontes primárias mais importantes destas substâncias são o transporte rodoviário (25%), processos de não-combustão (24%), instalações de combustão industriais e processos (17%), combustão comercial e residencial (16%) e o poder público de geração (15%). As partículas com menos de 10 micrómetros (μm) de diâmetro pode penetrar profundamente no pulmão e causar sérios danos na saúde. São um dos principais poluentes com efeitos diretos na saúde humana, pois quando inaladas, penetram no sistema respiratório causando sérios danos. Estudos recentes comprovam que são responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias como a bronquite asmática.
  6. Dióxido de Enxofre (SO2): Os óxidos de enxofre, em especial o dióxido de enxofre, SO2 são maioritariamente emitido por vulcões, produzido em grande escala por processos industriais e pelo tráfego de veículos a motor. O enxofre é um composto abundante no carvão e petróleo, sendo que a combustão destes emite quantidades consideráveis de SO2. Na atmosfera, o SO2 dissolve-se no vapor de água, formando um ácido que interage com outros gases e partículas ai presentes, originando sulfatos e outros poluentes secundários nocivos. Uma maior oxidação de SO2, normalmente na presença de um catalisador, como NO2, forma H2SO4 e, assim, a chuva ácida. Esta é uma das causas de preocupação sobre o impacto ambiental da utilização destes combustíveis como fontes de energia.
  7. Compostos orgânicos voláteis (COVs): São produtos químicos orgânicos que facilmente evaporam à temperatura ambiente, como o metano, benzeno, xileno, propano e butano. São chamados orgânicos porque contêm o elemento carbono nas suas estruturas moleculares, e são de especial preocupação, pois na presença do sol, sofrem reacções fotoquímicas que podem originar ozônio. A evaporação de COVs oriundos de materiais de construção, acabamento, decoração e de mobiliário, é uma das principais fontes de COVs em recintos fechados. Outras fontes importantes são os processos de combustão e emissões metabólicas de microorganismos. Contribuem ainda para agravar o quadro, os processos que melhoram o transporte desses compostos para a fase vapor, tais como umidificadores, uso de produtos à base de aerossol e até mesmo os sistemas de ar condicionado, supostamente purificadores e condicionadores de ar, que podem ser uma das causas principais de poluição no ar indoor.
  8. Fumaça do cigarro: A fumaça do cigarro contém milhares de constituintes químicos, e ela pode ser, em casos extremos, a maior fonte de matéria particulada respirável do ar em recintos fechados. Portanto, a queima de tabaco produz uma mistura complexa de poluentes, muitos dos quais são irritantes respiratórios. Sabe-se que concentrações altas de fumaça de tabaco incomodam e irritam os indivíduos, e que existe uma preocupação com relação aos efeitos potenciais na saúde. Portanto, onde existe alta incidência de fumantes e mínima ventilação pode haver acúmulo da fumaça do tabaco, causando irritação, particularmente no sistema respiratório superior.


Há um número de fontes de poluição do ar que são mais comumente conhecidas, como o perigo dos produtos de limpeza e purificadores de ar. O site Ciclo Vivo escolheu sete fontes de poluição do ar interior que podem ser menos conhecidas.



1. Carpete novo: Materiais do carpete podem emitir uma variedade de compostos orgânicos voláteis (COVs). Dica: Ao comprar um carpete novo, areje-o por alguns dias antes de instalá-lo. Procure por aquele com baixas concentrações de COVs - com adesivos sem formaldeído. Depois de colocado, mantenha as janelas na sala abertas e deixe um ventilador ligado por dois ou três dias.

2. Lâmpadas fluorescentes compactas quebradas: Quando essas lâmpadas quebram, podem emitir no ar, em pequenas quantidades, o mercúrio (uma neurotoxina). Carpetes e tapetes não podem ser totalmente limpos de mercúrio e aspiradores de pó não devem ser usados para limpá-lo. Dica: Não use lâmpadas fluorescentes compactas em luminárias que poderiam facilmente tombar, especialmente em casas com crianças ou mulheres grávidas. Se a lâmpada quebrar, abra uma janela e limpe o quarto por 15 minutos.

3. Novos componentes eletrônicos e produtos de plástico: Produtos feitos com cloreto de polivinila (PVC) podem emitir ftalatos, que têm sido associados a alterações hormonais e problemas reprodutivos. Plásticos também podem liberar produtos químicos retardadores de chama, como éteres difenil-polibromados, que têm sido associados a alterações neuro-comportamentais em estudos com animais. Dica: Ventile o espaço até o odor dos produtos químicos se dissipar. Aspire em torno de computadores, impressoras e televisores regularmente.

4. Colas e adesivos: Elas podem emitir COV, como acetona ou metil etil cetona, que podem irritar os olhos e afetar o sistema nervoso. Cimento de borracha pode conter n-hexano, uma neurotoxina. Adesivos podem emitir formaldeído tóxico. Dica: Procure por cola a base de água, livre de formaldeído. Trabalhe em um espaço bem ventilado.

5. Equipamento de aquecimento (fogões, aquecedores, lareiras e chaminés): Equipamento de aquecimento, especialmente fogões a gás, podem produzir monóxido de carbono, capaz de causar dores de cabeça, tontura, fadiga e até mesmo a morte se não for ventilado corretamente. Pode também emitir dióxido de azoto (nitrogênio) e partículas, que podem causar problemas respiratórios e inflamação dos olhos, nariz e garganta.

6. Tintas e decapante: Tintas látex são uma grande melhoria às tintas a base de óleo porque emitem menos química. Mas, à medida que seca, todas as tintas podem emitir COV, o que pode causar dores de cabeça, náuseas ou enjôos. Decapantes, removedores de adesivos e tintas em spray aerosol também podem conter cloreto de metileno, que é conhecido por causar câncer em animais. Dica: use tintas com baixo teor de COV. Ao aplicar a pintura, abra janelas ou portas, areje o espaço com ventilador, e use um respirador ou máscara. Mulheres grávidas devem evitar o uso de decapantes com cloreto de metileno.

7. Móveis estofados e produtos de madeira prensada (compensado de madeira, painéis de parede, aglomerado, MDF): Quando novas, muitas mobílias e produtos de madeira podem emitir formaldeído, uma provável substância cancerígena que também pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta; chiado e tosse, fadiga, erupções cutâneas e reações alérgicas graves. Dica: aumente a ventilação, principalmente depois de trazer novas fontes de formaldeído em sua casa. Use produtos de madeira prensada, eles são de baixa emissão, pois contêm resinas de fenol, não resinas de uréia. Procure por móveis sem formaldeído e produtos de madeira.

8. Nunca deixe que fumem na sua casa



Fontes:
  1. http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/3516/conheca_7_fontes_de_poluicao_do_ar_interior/
  2. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40421999000100013&script=sci_arttext
  3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7%C3%A3o_atmosf%C3%A9rica
  4. http://o.canbler.com/categoria/ouvido-nariz-e-garganta/do-ar-interior-pode-causar-problemas-de-saude
  5. http://www.epa.gov/airtrends/sixpoll.html


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Doutor, estresse engorda?



Alguns pacientes me perguntam com frequência:
- Dr, pq quando fico estressada(o) engordo?
Ou
- Dr, é só ficar estressada que emagreço!
Sempre me questionei sobre a questão de emagrecimento na vigência de situações estressantes. Via de regra, fisiologicamente falando perda de peso por estresse não ocorre (exceto quando o paciente ao viver situação estressante, diminui a ingesta calórica). É só pintar uma tensão forte, provocada por acúmulo de trabalho, trânsito caótico, discussão em casa e pronto: você aumenta a ingestão alimentar, muitas vezes sem se dar conta de que está passando dos limites. Para saber até que ponto o estresse é o culpado pelos seus quilinhos a mais, é preciso entender como esse mecanismo funciona.

A chave é um hormônio produzido pela nossa glândula supra-renal: o cortisol!
O cortisol tem múltiplas funções, dentre elas auxilia na manutenção dos níveis glicêmicos e controle da pressão arterial.

Quando em excesso poderá favorecer o ganho de peso. Mas afinal, que situações podem desencadear maior liberação do cortisol ?
O que ativa esta liberação são estressores como poluentes, alimentação rica em gordura saturada ou trans, excesso de sódio, adoçantes, o jejum prolongado (ficar horas sem comer alguma coisa), a ansiedade, a apreensão, o nervosismo, medicamentos (corticóides) , alcoolismo dentre outros.

"O estresse leva ao aumento do hormônio cortisol, que facilia a diferenciação de células gordurosas (aumento do número de células gordurosas), aumenta a formação de gordura (entrada de triglicérides no adipócito - célula de gordura), dificulta o emagrecimento", afirma o endocrinologista, Dr. Marcio Mancini, Presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e médico responsável pelo Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas.
Além disso ocorre um desequilíbrio na massa magra pois uma das ações do cortisol é a utilização da massa magra (degradação das proteínas) e com isso alteração do metabolismo basal, fraqueza muscular.

Existe uma outra questão importante quando se fala de cortisol, a privação do sono. Quem não dorme direito:
1) Produz mais cortisol (que engorda);
2) Produz menos hormônio de crescimento (que facilita o emagrecimento);
3) Produz menos leptina (hormônio relacionado à saciedade e que também facilita o gasto de energia pelo organismo);
4) Produz mais grelina (substância responsável por estimular o apetite;
Além disso, a privação do sono pode gerar estresse, irritabilidade, aumento da incidência de doenças cardiovasculares, labilidade emocional, indisposição e fadiga no dia seguinte. Portanto qualidade de sono é igual Qualidade de vida (vide o post: Qualidade de sono pode contribuir para a obesidade)

Um exemplo da interferência do Estresse no consumo maior de alimentos é o estudo realizado por Diana Fernandez, da área de medicina preventiva da Universidade de Rochester, nos EUA. Ela observou 2.782 empregados de uma fábrica de Nova York e constatou que o estresse vivenciado em uma fase de demissões aumentou muito a procura por comidas ricas em gorduras e calorias – elas desapareciam rapidamente das máquinas onde eram vendidas. Mas as complicações causadas pelo estresse foram além.

Os trabalhadores disseram não ter tempo para comer bem ou fazer atividade física na hora do almoço porque tinham medo de sair de suas mesas de trabalho por muito tempo. Cansados física e emocionalmente, à noite a maioria se dedicava a ver televisão. “Os que assistiram a quatro horas por dia ou mais tiveram 150% mais chances de se tornar obesos”.

Por causa de achados como esses, alguns endocrinologistas começam a defender mudanças nos relacionamentos pessoais e profissionais – visando à diminuição do estresse – também com o objetivo de conter o avanço da obesidade

Pensando nisso, uma das propostas para sanar este problema é que os programas de bem-estar no trabalho examinem a estrutura organizacional e forneçam meios práticos para minimizar o estresse. Além disso, é necessário dar condições para romper o sedentarismo. Uma delas é praticada por poucas empresas no Brasil, é ter uma área equipada para pessoas se exercitarem antes, durante ou depois do expediente.

Dicas para o emagrecimento saudável OU para evitar o ganho indesejado de peso:

- Coma de maneira fracionada - 5 refeições/dia e sempre de 3 em 3 horas, para que não ocorra um estado de hipometabolismo e posteriormente o organismo armazene o que deveria gastar;
- Habitue-se a ingerir diariamente alimentos saudáveis (saladas, frutas, verduras, alimentos integrais, carnes magras, soja nas suas formas fermentadas - Tofu, Tempeh, Missô);
- Alimentação funcional - Algumas substâncias conseguem modular o cortisol como o abacate e oleaginosas por serem ricos em beta-sitosterol. Peixes e vegetais folhosos escuros, soja e arroz por conterem fosfatidilserina, a vitamina C e alguns fitoterápicos como extrato de maracujá também podem auxiliar nesta modulação.
- Esteja sempre com uma garrafinha de água por perto e pelo menos 40ml pra cada kilo de peso corportal por dia:;
- Pratique exercícios no mínimo 4 vezes por semana (1 hora);
- Durma bem, como disse acima, Qualidade de sono é igual a qualidade de vida;
- Controle o nível de estresse - prática de atividade física, leitura, meditação, yoga, exercícios de relaxamente, psicoterapia, se necessário uso de ansiolíticos (de preferência fitoterápicos).


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Mas afinal, o que são antioxidantes e como podem nos auxiliar ?



Muito tem-se falado na mídia sobre alimentos funcionais e suas propriedades antioxidantes. Mas afinal o que é um alimento que contém Antioxidante?

Para responder à esta pergunta, faz-se necessário compreender primeiramente o que é a Oxidologia. A oxidologia é o ramo da ciência que estuda a formação dos radicais livres, seus efeitos no organismo e o modo de eliminá-los.

Mas afinal, quem são os radicais livres?

Radicais livres são moléculas ou átomos (toda a matéria é formada por átomos) com um número ímpar de elétrons (elétron livres ou também denominados de elétrons desemparelhados). Tal elétron livre tornará o radical livre altamente reativo e com isso ele poderá reagir entre si, visando tornar o número de elétrons par, ou seja, emparelhar o elétron, torná-lo mais ESTÁVEL.

No nosso organismo, a todo instante são formados radicais livres. São produzidos por inúmeros tipos de células durante o processo de combustão do oxigênio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia. Podem ser benéficos (por exemplo alguns radicais livres produzidos após uma atividade física) ou maléficos.

Como são reativos (precisam emparelhar seus elétrons livres) podem danificar (oxidar) células sadias do nosso corpo, ocasionando lesão de células/tecidos, com isso surgindo inúmera doenças.  Os principais radicais livres são:
  • Hidroxila,
  • Superóxido,
  • Peróxido de hidrogênio,
  • Oxigênio Singlet,
  • Peroxila,
  • Alcoxila.

Mas nesta batalha, não estamos desprovidos de defesas, o nosso sábio organismo possui um sistema de enzimas protetoras (antioxidantes) que REPARAM uma grande parcela dos danos causados pela oxidação, ou seja, nosso organismo consegue controlar a quantidade desses radicais livres produzidos através de nosso metabolismo.

Falamos sobre um processo endógeno de formação de radicais livres, ou seja, processos metabólicos como fonte de geração dos mesmos. Porém, fatores externos podem contribuir para o aumento da formação de radicais livres. Entre esses fatores temos:

1) Poluição ambiental;
2) Raio-X e radiação ultravioleta;
3) Radiação eletromagnética;
4) Tabagismo;
5) Álcool;
6) Agrotóxicos;
7) Substâncias presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, conservantes, hormônios)
8)Estresse;
9) Consumo de alimentos pró-oxidantes como gorduras saturadas;

Tais fatores além de favorecerem a formação de diversos tipos de radicais livres (com reatividade variável), podem induzir a:
1) Peroxidação lipídica da membrana celular;
2) Ligações covalentes de múltiplos metabólitos reativos;
3) Depleção e/ou alteração de Antioxidantes endógenos (naturais) como o Glutation;
4) Alterações de potencial na membrana mitocondrial;
5) Alterações na homeostase do Cálcio intracelular
6) Danos ao DNA e favorecendo surgimento de diversos tipos de cânceres.

O sistema antioxidante é dividido em 2 grupos:

1) Sistema antioxidante endógeno (produzido pelo organismo)
2) Sistema antioxidante exógeno (adquirido pela ingestão de nutrientes antioxidantes ou introdução intravenosa de antioxidantes).



Estes antioxidantes agirão da seguinte maneira: 1) Reagindo com o radical livre e formando oxigênio (oxidação);  2) Reagindo com o radical livre e formando água (H2O - redução)
Quando há um desequilíbrio entre a produção radicais livres e a sua antioxidação denominamos de Estresse oxidativo. Sendo que este pode decorrer devido 2 situações:

1) Produção excessiva de radicais livres (ex.: fumantes, pessoas que dormem pouco, que são estressados mentalmente e emocionalmente, pessoas expostas à produtos tóxicos);
OU
2) Porque não estamos produzindo, ingerindo e absorvendo os antioxidantes (ex.: alcoólatras, pessoas que se alimentam mal, não comem verduras, não bebem água, ingerem muitas toxinas, não ingerem fibras etc.).

Temos então alguns Sistemas de proteção contra radicais livres e cada um agirá de maneira individualizada, de acordo com a sua morfologia (constituição bioquímica), local de produção e capacidade antioxidante:

1) Sistema Enzimático: Faz parte do Sistema antioxidante endógeno, age elminando os Radicais livres e espécies reativas de oxigênio (ROS) antes que estes ataquem os componentes biológicos. Ex: Superóxido dismutase (SODc - citoplasmática e SODm - mitocondrial), catalase, glutation peroxidase.

2) Pequenas moléculas advindas da nossa alimentação ou do próprio sistema antioxidante endógeno: Atuam como quelantes,interferindo nos estágios iniciais de propagação . Ex:Vit. C, E,Selênio, Ácido alfa lipóico, DMSO.

3) Antioxidantes ocasionais: Sacrificam sua integridade molecular e funcional bloqueando os radicais livres. Ex:  Ômega 3, 6 9, enzimas com grupo SH (sulfidrilas).


Linhas de defesa contra radicais livres


Antioxidantes e local de ação


É importante salientar que estes antioxidantes muitas vezes não agem de forma isolada, cada um fazendo seu papel. Existe um Sistema, chamado Sistema REDOX no qual um interfere re-utilização do outro. Eles se "regeneram" mutuamente.



A seguir serão listados os principais antioxidantes e outras vitaminas e minerais que são antioxidantes indiretos:

Vitamina C

Vitamina lipossolúvel, age bem em meio aquoso. O ácido ascórbico é um excelente agente redutor (doador de elétrons), reduzindo Ferro ³+ (férrico) a Ferro²+(ferroso). Reage rapidamente com O2¯ (radical livre superóxido) e OH° (radical livre hidroxila) formando semidehidroascorbato e assim evitando ações deletérias destes radicais livres. Detoxifica vários radicais orgânicos por redução.
Tem importante papel na cicatrização, aumenta a resistência às infecções, potencializa a absorção de ferro.
É fundamental para a formação de colágeno, principal componente das articulções, pele.
São fontes de vitamina C: frutas cítricas, vegetais folhosos, legumes.
Sua deficiência provoca Escorbuto, uma doença caracterizada por feridas que não cicatrizam, gengivas que sangram, pele áspera e atrofia muscular.

Vitamina E

Vitamina Lipossolúvel, agindo bem em meio lipídico. Existem 8 isômeros da vitamina E, 4 tocoferóis e 4 tocotrienóis, sendo o alfa-tocoferol o mais conhecido e com maior potência antioxidante. É o mais importante destruidor de radicais livres em meio lipídico (principalmente na membrana celular, evitando a peroxidação lipídica). Reage contra os radicais peroxil e alcoxil.
É um excelente antioxidante por agir bem em membrana celular, com isso previne danos celulares. Mantém a integridade da pele.
São fontes de vitamina E: gérmen de trigo, óleo de soja, de algodão, de milho, de girassol, gema de ovo, vegetais folhosos e legumes.

Vitamina A

Também denominada retinol e é facilmente transformada no corpo humano em ácido retinóico, que é a forma ativa. Este existe em duas formas principais: all-trans retinoic acid (ATRA, o mais importante) e 9-cis retinoic acid (9-cis RA). A maior parte das funções da vitamina A são realizada por seus receptores, que são fatores de transcrição da família de receptores nucleares. Por estes receptores, o ácido retinóico pode afetar quase todas as funções na célula humana. Sabendo isso, é simples entender porque a vitamina A deve ser consumida em quantidades normais. Essencial para visão, desenvolvimento dos ossos e formação da pele. Atua no sistema de defesa do organismo e no processo de reprodução.
São fontes de vitamina A: Óleo de fígado de bacalhau, carnes e alimentos ricos em betacaroteno como cenoura, batata doce, brócolis, espinafre, tomate, mamão, abóbora e melão.
Sua deficiência pode causar atraso no crescimento, cegueira noturna, manchas brancas nos olhos e lesões na pele.
Devido a toxicidade hepática, tem se preferido prescrever os precurssores da vitamina A (catorenóides). Carotenóide é qualquer substância química de um grupo de substâncias tetraterpênicas relacionadas ao caroteno, que são pigmentos amplamente difundidos na natureza. Caracterizam-se por apresentar moléculas oxidáveis, exibir cores que vão do amarelo ao vermelho, ser lipossolúveis, encontradiças em vegetais. Dividem-se em carotenos e xantofilas. Sendo que os carotenos diferente das xantofilas, não possuem oxigênio na sua fórmula química. O Beta-caroteno é o mais conhecido e estudo entre os carotenóides, sabe-se que ele é eficiente contra a peroxidação lipídica,através de um processo de "quenching” (saciedade) dos RL,especialmente Oxigênio “singlet”. Sua eficácia na varredura parece ser devido à presença de duplas ligações em sua longa cadeia.

Glutation (GSH)

Glutationa, glutationo ou glutatião (γ-glutamilcisteinilglicina) é um antioxidante hidrossolúvel, reconhecido como o tiol não-protéico mais importante nos sistemas vivos. Trata-se de um tripéptido linear, constituído por três aminoácidos: ácido glutâmico, cisteína e glicina, sendo o grupo tiol da cisteína o local activo responsável pelas suas propriedades bioquímicas.

Existe, na maioria das células (com maior concentração no fígado). Pode encontrar-se na forma reduzida (GSH) ou oxidada (GSSG, forma dimerizada da GSH). A importância deste par é tal que a razão GSH/GSSG é normalmente utilizada para estimar o estado redox dos sistemas biológicos.

É um marcador da saúde celular. Sua queda. indica lesão oxidante.

É muito versátil, reduzindo H2O2,Superóxido e Hidroxila,além de anular os danos provocados pelos Peróxidos. Além disso tem importantíssima ação na metabolização de xenobióticos como co-factor da glutationa-S-transferase.

Existem outros antioxidantes, sendo que a cada dia a ciência desvenda mais e mais novas substâncias com poder antioxidante.

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