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terça-feira, 11 de novembro de 2014

A importância do aleitamento materno na prevenção de oclusopatias.


Segundo a Organização Mundial da Saúde o aleitamento materno exclusivo é indispensável nos primeiros seis meses e complementar até o final do segundo ano de vida da criança.
Muitos estudos reportam o tempo mínimo de aleitamento materno exclusivo de seis meses para demonstrar uma associação negativa com a presença de hábitos de sucção não nutritivos, pois este tempo é relatado na literatura como período suficiente para o completo desenvolvimento morfo-funcional do bebê.
Em um estudo do Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social, da UNESP de Araçatuba, foi possivel verificar a associação entre prática do aleitamento materno e a aquisição de hábitos de sucção não nutritivos e oclusopatias. Foi feito uma pesquisa, na qual foram realizadas entrevistas com as  mães de crianças de 3 a 6 anos de idade de Araçatuba-SP e exames clínicos foram realizados em 306 crianças para verificação de oclusopatias (anomalias do desenvolvimento dos dentes e/ou arcos dentários que ocasionam desde um desconforto estético, nos casos mais leves, até agravos funcionais e incapacitações, nos casos mais severos).
Como 
resultado, a maioria das mães (86,4%) amamentou seus filhos, entretanto, apenas 33,4% delas amamentaram exclusivamente no peito até seis meses de vida. As oclusopatias estiveram presentes em 54% das crianças e, entre estas, 83% não foram amamentadas no peito até seis meses de idade. Os hábitos de sucção não nutritivos estiveram presentes em 53,3% (176) das crianças, sendo o uso de chupeta (31,2%), o mais prevalente. Houve associação significante direta entre a falta de aleitamento materno e as seguintes variáveis: presença de oclusopatias; mordida aberta; mordida cruzada anterior, hábitos de sucção não nutritivos e uso de chupeta. A falta de aleitamento materno exclusivo esteve associada com uso de chupeta.
A manutenção da amamentação natural promove um intenso trabalho da musculatura peribucal, influencia o desenvolvimento correto dos padrões ósseos e musculares, gerando fadiga nos músculos, fazendo com que a criança satisfaça seu instinto de sugar e não necessite de uma sucção não nutritiva. A amamentação artificial não exige esforços, o que gera uma desordem no desenvolvimento normal da musculatura e dos maxilares. Com o intuito de suprir as necessidades de sucção durante o período de lactância, a criança tende a apegar-se a hábitos de sucção não nutritivos, como o de sucção de lábio, dedo, chupeta e outros objetos. Todo hábito que perdurar após os três anos ou tiver alta frequência, será mais deletério e capaz de causar oclusopatias graves.
Como conclusão, o aleitamento materno, além de inúmeras vantagens, exerce papel preventivo na aquisição de hábitos de sucção não nutritivos e na prevalência de oclusopatias. Estes resultados mostram que o incentivo ao aleitamento materno pode ser uma forma eficaz e pouco onerosa para a prevenção de oclusopatias.
É importante enfatizar que a Odontologia atualmente está voltada a atuar preventivamente desde a vida intrauterina, por meio de orientações às gestantes para a sua saúde bucal e geral, e dessa forma agir preventiva e positivamente na saúde bucal de seus filhos.

Fonte: Rev. odontol. UNESP vol.42 no.1 Araraquara Jan./Feb. 2013

Dra Taluana Cezar Modesto França – CRO DF 4681
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
Periodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares
Site: www.dual.odo.br Facebook: dual.topdentbrasilia (curta nossa página)




terça-feira, 4 de março de 2014

Endocardite Infecciosa: o coração e a boca

A  endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio, camada interna do coração onde estão as válvulas cardíacas. O comprometimento da saúde bucal está diretamente associado à endocardite infecciosa. A doença afeta o coração com rapidez e pode comprometer as funções vitais, exigindo uma internação prolongada.
Esta doença pode ser causada por fungos, vírus e, mais frequentemente, por bactérias que entram na corrente sanguínea. Nesse último grupo destaca-se o Streptococcus viridans, que vive na boca de todos os seres humanos sem provocar qualquer dano, desde que não haja fissuras ou sangramento.

A boca é a maior cavidade do corpo em contato com o mundo exterior. Por suas características e funções, a boca é um ninho de bactérias: em apenas um mililitro de saliva encontramos   150 milhões de bactérias. Quando o equilíbrio entre essas bactérias se quebra podem surgir as doenças periodontais (gengivite e periodontite), inflamações na gengiva ou no tecido que une os dentes ao osso. Em suas formas mais graves, elas contribuem para o desenvolvimento de distúrbios cardíacos. De cada dez brasileiros, nove sofrem em algum grau desse tipo de afecção. Na maioria dos casos, ela decorre de uma higiene bucal inadequada e da falta de visitas regulares ao dentista.
As implicações da gengivite e da periodontite seguem basicamente o seguinte caminho: inflamados, os tecidos se tornam irritáveis e sangram durante a mastigação, pela ação da escova de dentes ou do fio dental. Essa hemorragia, por sua vez, possibilita que as bactérias que desencadearam o processo entrem na corrente sanguínea e cheguem a outras partes do organismo, como coração.  É relativamente fácil que isso aconteça porque a gengiva e o periodonto tem irrigação sanguínea abundante. Por este motivo, a endocardite bacteriana está mais presente em vítimas de doença periodontal.  
Na área odontológica,  a prevenção da endocardite começa pela anamnese na primeira consulta, durante a qual deve ser apurada a condição geral de saúde do indivíduo. Os dados levantados na anamnese são fundamentais, pois revelam se o paciente pode se submeter aos procedimentos odontológicos  sem maiores riscos. É muito importante termos conhecimento dos fatores etiológicos que podem levar o aparecimento da endocardite infecciosa, assim como aplicar os procedimentos profiláticos para diminuir o risco de morte.
Fica claro na literatura que qualquer procedimento odontológico em áreas infectadas pode levar riscos ao paciente com comprometimento cardíaco. É muito importante que o cirurgião-dentista tenha conhecimento da patologia que está tratando e também sobre o perfil sistêmico do paciente. Se for o caso, o dentista ou o cardiologista deve indicar um antibiótico a ser ingerido antes do procedimento, para garantir maior proteção ao paciente.
Portanto o tratamento e prevenção da cárie e doença periodontal transcende a preservação dos dentes, sendo importante para a saúde geral do indivíduo. Esta afirmativa é válida não apenas para os indivíduos com deficiência dos mecanismos de defesa, como imunocomprometidos, mas para a  população em geral.

  
 Atenção:
- 90% dos brasileiros sofrem de algum grau de doença periodontal, inflamações na gengiva ou no tecido que une o dente ao osso;

- 1 mililitro de saliva contém 150 milhões de bactérias;

-1 grama de placa bacteriana abriga 100 bilhões de micróbios;

- O risco de problemas cardíacos é 25% maior entre pacientes com doença periodontal;
- Estima-se que o total de bactérias na boca é  cerca de 10 bilhões numa boca saudável, aumentando consideravelmente quando a higiene bucal não é adequada;
- A higiene bucal diminui a quantidade de bactérias na boca em até 10 vezes.

Referências Bibliográficas:
1- Andersen WC, Horton HL. Parietal lobe abscess after routine periodontal recall therapy. Report of a case. J. Periodontol. 61: 243-247, 1990.
2- Armitage GC. Periodontal infections and cardiovascular disease - how strong is the association? Oral Diseases 6: 335-350, 2000.
3- Li X, Kolltveit KM, Tronstad L, Olsen I. Systemic diseases caused by oral infection. Clin. Microb. Rev. 13:547-558, 2000.

4- Mattila KJ, Nieminen MS, Valtonen VV. Association between dental health and acute myocardial infarction. BMJ 298: 779-781, 1989.

5- Mattila KJ, Asikainen s, Wolf J. Age, dental infection, and coronary heart disease. J. Dent. Res. 79: 756-760, 2000.

6- Scannapieco FA and members of the Comittee of American Academy of Periodontology. Periodontal Disease as a Potential risk factor for systemic diseases. J. Periodontol 69:841- 850,1998.