Segundo a Organização Mundial da Saúde o aleitamento
materno exclusivo é indispensável nos primeiros seis meses e complementar até o
final do segundo ano de vida da criança.
Muitos estudos reportam o tempo mínimo de aleitamento
materno exclusivo de seis meses para demonstrar uma associação negativa com a
presença de hábitos de sucção não nutritivos, pois este tempo é relatado na
literatura como período suficiente para o completo desenvolvimento
morfo-funcional do bebê.
Em um estudo do Programa de Pós-graduação em
Odontologia Preventiva e Social, da UNESP de Araçatuba, foi possivel verificar a
associação entre prática do aleitamento materno e a aquisição de hábitos de
sucção não nutritivos e oclusopatias. Foi
feito uma pesquisa, na qual foram realizadas entrevistas com as mães de crianças de 3 a 6 anos de idade de
Araçatuba-SP e exames clínicos foram realizados em 306 crianças para
verificação de oclusopatias (anomalias do desenvolvimento dos dentes
e/ou arcos dentários que ocasionam desde um desconforto estético, nos casos
mais leves, até agravos funcionais e incapacitações, nos casos mais severos).
Como
resultado,
a maioria das mães (86,4%) amamentou seus filhos, entretanto,
apenas 33,4% delas amamentaram exclusivamente no peito até seis meses de vida.
As oclusopatias estiveram presentes em 54% das crianças e, entre estas, 83% não
foram amamentadas no peito até seis meses de idade. Os hábitos de sucção não
nutritivos estiveram presentes em 53,3% (176) das crianças, sendo o uso de
chupeta (31,2%), o mais prevalente. Houve associação significante direta entre
a falta de aleitamento materno e as seguintes variáveis: presença de
oclusopatias; mordida aberta; mordida cruzada anterior, hábitos de sucção não
nutritivos e uso de chupeta. A falta de aleitamento materno exclusivo esteve
associada com uso de chupeta.
A manutenção da amamentação natural promove um intenso
trabalho da musculatura peribucal, influencia o desenvolvimento correto dos
padrões ósseos e musculares, gerando fadiga nos músculos, fazendo com que a
criança satisfaça seu instinto de sugar e não necessite de uma sucção não
nutritiva. A amamentação artificial não exige esforços, o que gera uma desordem
no desenvolvimento normal da musculatura e dos maxilares. Com o intuito de
suprir as necessidades de sucção durante o período de lactância, a criança
tende a apegar-se a hábitos de sucção não nutritivos, como o de sucção de
lábio, dedo, chupeta e outros objetos. Todo hábito que perdurar após os três
anos ou tiver alta frequência, será mais deletério e capaz de causar
oclusopatias graves.
Como conclusão, o aleitamento materno, além de
inúmeras vantagens, exerce papel preventivo na aquisição de hábitos de sucção
não nutritivos e na prevalência de oclusopatias. Estes resultados mostram
que o incentivo ao aleitamento materno pode ser uma forma eficaz e pouco
onerosa para a prevenção de oclusopatias.
É importante enfatizar que a Odontologia atualmente
está voltada a atuar preventivamente desde a vida intrauterina, por meio de
orientações às gestantes para a sua saúde bucal e geral, e dessa forma agir
preventiva e positivamente na saúde bucal de seus filhos.
Fonte: Rev.
odontol. UNESP vol.42 no.1 Araraquara Jan./Feb. 2013
Dra Taluana Cezar Modesto França – CRO DF
4681
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
Periodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares