quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Artrite reumatóide e exercícios físicos

A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune e etiologia desconhecida. Apesar de a doença acometer indivíduos de todas as faixas etárias, as mulheres estão três a quatro vezes mais propensas a serem acometidas pela AR do que os homens. Assim como na maior parte dos problemas reumatológicos, a AR se caracteriza por uma série de eventos que se combinam um com os outros, entre eles a rigidez articular, dor, inchaço, deformidade articular, atrofia muscular, descondicionamento físico generalizado e a diminuição da função. Grande parte dos pacientes com doença articular inflamatória ou não inflamatória sofre com diminuição da força muscular e atrofia em torno da articulação envolvida. Esta perda de força pode resultar da inatividade e do próprio quadro inflamatório. Por exemplo, pacientes com AR exibem atrofia das fibras musculares do tipo I e II, fato que pode estar relacionado com alterações patológicas dentro do tecido ou ao desuso.
 O paciente com AR necessita de tratamento fisioterápico e farmacológico, mas fortes evidências apontam, também, benefícios no uso de exercícios físicos na sua terapêutica. Apesar de ainda não existir um consenso quanto ao melhor tipo, intensidade, frequência e duração do exercício, evidências apontam que a prática regular de atividade física exerce papel fundamental no tratamento da doença. Por este motivo, exercícios físicos regulares podem e devem ser incluídos na rotina da vida diária do paciente o que, em conjunto com a terapia farmacológica, pode proporcionar maior independência e qualidade de vida aos portadores de AR, sem contar que oexercício também pode auxiliar a reduzir a dor articular. Foi durante as duas últimas décadas que os pesquisadores intensificaram os estudos sobre a eficácia dos exercícios de força e aeróbicos no paciente da artrite. Os dados resultantes destas pesquisas mostram claramente que o exercício maximizaa amplitude de movimento, além de melhorar a força muscular, resistência, alinhamento adequado das articulações, função e a densidade óssea.Após a liberação do médico para esta prática esportiva, o profissional que acompanhar o portador de AR durante seu programa de exercícios deve considerar a extensão e o estágio do comprometimento articular, bem como os fatores que podem afetar a motivação e a obediência do paciente, pois é natural que a pessoa com quadro de inflamação articular tenha receio de praticar exercícios resistidos. Os parâmetros para o tipo e a quantidade de exercícios a serem prescritos serão determinados pelo grau de sinovite do paciente, levando em consideração se há ou não destruição e deformidade articular, bem como deverá ser avaliada a tolerância do paciente à dor.Quando o portador de doença crônica não é cuidadoso e apresenta um quadro agudo, o mesmo deverá ser incentivado a fazer exercícios de fortalecimento estático, além de exercícios suaves de amplitude de movimento. Os protetores articulares podem ser úteis para evitar traumas às articulações inflamadas.A intensidade do programa de exercícios deve ser determinada pelo próprio paciente, para que não seja feito esforço articular além da conta. Alguns detalhes devem ser atentamente observados, por exemplo, a dor aguda durante o exercício indica a necessidade de modificar o programa; a dor vaga difusa, que se resolve em menos de duas horas, não indica a necessidade de modificação do programa. Quanto aos tipos de programas de exercícios mais indicados, os de fortalecimentoaumentam a força muscular e a contratilidade, melhorando a capacidade do paciente de realizar suas atividades diárias. Evidências indicam que os pacientes com AR são mais fracos do que pessoas saudáveis e que aqueles com AR grave chegam a ter de 33-55% menos força nesta mesma comparação. A amplitude do exercício deve ser realizada fora da faixa de dor do paciente, ou seja, seve ser realizado dentro do limite, sem que a articulação seja demasiadamente forçada. No entanto, com a melhora do quadro doloroso, as amplitudes articulares podem ser suavemente forçadas, para que haja ganho de amplitude respeitando o processo patológico primário.
Os programas de fortalecimento muscular para o portador de AR podem ser tanto estáticos, quanto dinâmicos, ou até mesmo uma combinação de ambos. Nos exercícios estáticos, mais conhecidos por isométricos, o indivíduo gera tensão muscular sem que tenha que alterar o comprimento do músculo e mover a linha articular. Este tipo de exercício é muito recomendado, pois é muito bem tolerado mesmo durante os períodos de inflamação articular aguda, ajuda a prevenir a atrofia muscular, produz menos inflamação e com menor alteração na pressão intra-articular. No entanto, em determinados pacientes com quadros exacerbados, os exercícios estáticos são contraindicados, pois exercem uma grande demanda sobre a função cardíaca.Outra opção são os exercícios dinâmicos, que tem a característica de alongar e encurtar a fibra muscular durante sua execução, o que permite que a articulação se movimente por meio de amplitude completa ou limitada e produza força. Este tipo de exercício é recomendado em períodos em que a inflamação articular se encontra controlada.Sendo assim o paciente com AR pode se beneficiar de ambos os tipos de treinamento, sendo um mais apropriado para os momentos de inflamação articular e o outro para os momentos fora da crise. Tanto um quanto o outro programa de treinamento levam à hipertrofia muscular e podem melhorar a força e as funções motoras do paciente. Após inúmeras pesquisas envolvendo pacientes com AR e exercícios resistidos, pode-se afirmar que o exercício é um método comprovado de melhorar a função, a resistência e o humor de pacientes com artrite reumatoide. Os programas de curta duração de exercícios estáticos e dinâmicos mostraram melhora na força muscular que variou entre 27 a 57% para mais, com pouco efeito sobre a dor e derrames articulares. Acredita-se que a prática de exercícios é capaz até de reduzir a sinovite articular, mas para tanto é necessário que o médico Reumatologista avalie o quadro do paciente para verificar se não há nenhuma contraindicação.