segunda-feira, 7 de maio de 2012

HIV e Ortomolecular...



Quase que mensalmente recebo em meu consultório pacientes soropositivos que esperam algo da ortomolecular. Felizmente a ortomolecular combinada com o tratamento convencional com infectologistas (é inegável que a terapia anti-retroviral mesmo com todos seus efeitos colaterais, é um grande avanço no tratamento da doença) gera bons resultados.


O foco da ortomolecular no caso do paciente soropositivo consiste na diminuição do estresse oxidativo causado pelo vírus, suplementando minerais, aminoácidos e vitaminas que sabidamente apresentam déficit por conta da cinética do vírus. O indivíduo com HIV tem como principal característica o desarranjo da função imune, que no final leva á perda dos linfócitos T-helper (CD4+), necessitando de uma Terapia Nutricional, que possa abranger não apenas os sintomas associados à infecção por HIV, mas traga ao individuo uma melhor qualidade de vida.

As pessoas HIV positivas estão entre as que mais formam radicais livres, por causa da baixa imunidade e das constantes infecções. O tratamento ortomolecular associado à terapia anti-retroviral tem proporcionado aos pacientes uma grande melhora de qualidade de vida. 


Dr. Helion Póvoa, precursor da medicina ortomolecular no Brasil, há 20 anos atende pacientes com HIV e tem uma ONG no Rio de Janeiro que visa atender pacientes carentes soropositivos. 

Ele afirma que pessoas soropositivas que tomam vitaminas, minerais e aminoácidos (chamados de antioxidantes) para combater a grande quantidade de radicais livres formados na infecção pelo HIV têm a carga viral diminuída muito mais rapidamente, desaparecendo as complicações decorrentes da doença. 

Helion Póvoa destaca, no entanto, que a função dos antioxidantes neste caso é de coadjuvante ao tratamento convencional: "A carga viral da doença é muito grande e só se consegue diminui-la com um tratamento tão violento quanto esse com os anti-retrovirais. Mas não há dúvida de que o uso de vitaminas e outros antioxidantes é capaz de representar melhoras espetaculares em pacientes com Aids. 

O próprio Luc Montagnier, cientista francês que isolou o vírus da Aids em 1983, aconselha esse tratamento antioxidante complementar a todos que têm a doença". Segundo Helion Póvoa, existe uma proteína, chamada NFKB, que é produzida intensamente no organismo de quem tem o vírus da Aids, pois é fundamental à multiplicação do vírus HIV. Os antioxidantes são capazes de inibir a síntese do fator NFKB e assim inibir a multiplicação do HIV, diminuindo a carga viral no paciente de Aids e proporcionando-lhe grande melhora do estado geral. "Convém notar outra importância dos antioxidantes no tratamento da Aids: o seu poder de combater os efeitos colaterais dos anti-retrovirais", acrescenta Helion Póvoa. 

"A formação de cálculos renais, por exemplo, é combatida com substâncias como o magnésio e a vitamina B6. Extrato de semente de uva, semente de linhaça e ômega 3 são bons para baixar o colesterol e os triglicerídeos".

 É importante ressaltar que é essencial consultar um médico ortomolecular e fazer exames específicos para saber que tipo de tratamento seguir. Porém, você pode incluir facilmente algumas substâncias ricas em antioxidantes, na sua alimentação diária. Veja as dicas no quadro ao lado.

A dieta deve ser avaliada quanto à adequação nutricional individual, considerando-se os sintomas associados à infecção por HIV, como: 
• perda de peso, 
• anorexia, 
• diminuição dos níveis de energia, 
• alterações gastrintestinais, 

As necessidades energéticas variam dependendo do estado de saúde do indivíduo no momento da infecção por HIV, progressão da doença e desenvolvimento de complicações que prejudicam a ingesta e utilização de nutrientes.

É de grande importância à utilização de nutrientes, minerais e vitaminas envolvidos na função imunológica, já que o paciente encontra-se em constante estresse oxidativo e necessita de equilíbrio nutricional; a ingesta de proteínas adequada é importante para promover o equilíbrio positivo de nitrogênio e repleção de massa magra corpórea.

A atividade bactericida e antiviral dos linfócitos e a capacidade de multiplicação e secreção de Imunoglobulinas é afetada pelos oxidantes celulares, sendo assim é muito importante no tratamento dietoterápico a introdução de alimentos que tenha nutrientes com capacidade antioxidante e suplementação destes nutrientes, já que a alimentação, a digestão e absorção de nutrientes no paciente aidético estão prejudicadas por diversos fatores.

Como o paciente aidético necessita de um tratamento medicamentoso rigoroso é interessante fornecer na alimentação substâncias que ajudam no processo de detoxificação do organismo a fim de minimizar os desconfortos, como a utilização:

• Das brássicas: brócolis, couve flor, couve-de-bruxelas, couve e repolho
• Bioflavonóides (ex: quercetina que ativa o citocromo P450), 
• Ervas e temperos naturais: alho, cebola, orégano, cúrcuma (açafrão), gengibre, alecrim, tomilho. 

Indicado tratamento coadjuvante para reforçar o sistema imune:

1- Suplementação dos aminoácidos pela depleção e carência:

A – Arginina: Whey, albumina, dieta, suplementação
B – Cisteína: Whey, albumina, dieta, suplementação
C – Ornitina: Whey, albumina, dieta, suplementação

2- Vitaminas pela ação antioxidante:

A - Vitamina A e Betacaroteno
B - Vitamina C + Quercetina (bioflavonóide) 
C - Vitamina E
D - Complexo B (principalmente B12)
E - Vitamina D

3- Suplementação dos oligoelementos:

A - Selênio quelado
B - Germânio quelado
C - Vanádio quelado (grande drenador do sistema linfático).

4- Suplementação com enzimas e HCL

A suplementação de enzimas tem a finalidade de corrigir a má-absorção. E a suplementação de ácido clorídrico é para minimizar a hipocloridria ou acloridria que geralmente os indivíduos aidéticos apresentam e que compromete a absorção dos nutrientes e consequentemente o estado nutricional do paciente e a absorção do AZT que depende do pH ácido do estômago para se solubilizar e ser absorvido. 

5- ZINCO 

O zinco é um dos principais elementos da imunidade e está presente no linfócito T. O stress oxidativo aumenta a deficiência de zinco. 

6- L-GLUTATIONA

A glutationa é um antioxidante tripeptídeo formado de ácido glutâmico e cisteína. Ela é o substrato da enzima glutationa peroxidase que catalisa a redução do peróxido de hidrogênio através de um mecanismo de óxido-redução. È também a melhor forma de transporte no plasma de cisteína e dos grupos sulfidrílicos, que aumentam a atividade e a proliferação dos linfócitos T e a sua diferenciação de T para B. O paciente aidético tem uma deficiência sistêmica de glutationa. Ela modula o sistema imune.

7- N-ACETIL-CISTEÍNA: regenera a glutationa, varredora de radicais livres:

É importante recomendar esta suplementação, pois no paciente aidético todos os aminoácidos que contém o grupo tiol vão estar baixos. 

8 - ÁCIDO ALFA-LIPÓICO:

9 - PROBIÓTICOS

Pois estes apresentam funções Imunomoduladores e Imunoestimulantes para manter o equilíbrio entre as bactérias da microbiota intestinal, já que o paciente aidético tem um stress oxidativo pela doença, consumo excessivo de medicamentos que acabam exercendo efeitos nocivos contra a microbiota gerando uma sobrecarga no sistema imunológico e a conseqüente quebra da homeostase intestinal favorecendo o aparecimento de diarréias.

10 - COENZIMA Q10 

Melhora o aporte de energia na mitocôndria. É um antioxidante que auxilia no processo imunológico. Além de ser suplementado podem ser incluídos na alimentação alimentos fontes como: peixes, soja, germe de trigo, algas, oleaginosas, gergelim e brócolis.

A infecção da célula T humana no HIV aumenta a sua sensibilidade à toxicidade ao calor e radiação. Uma possível explicação para este resultado pode ser a redução da enzima manganês-SOD nas células infectadas pelo HIV comparadas as células não infectadas, sendo assim é importante aumentar na alimentação alimentos fontes de SOD como, por exemplo, o farelo de arroz.

Vegetais crus e cozidos. Temperar com ervas naturais: cheiro verde, alho (estimulante do sistema imunológico), orégano, alecrim e azeite de oliva extra virgem que é fonte de gordura monoinsaturada e compostos fenólicos que apresentam atividades antioxidantes. 

É interessante a substituição dos cereais refinados pelos integrais que apresentam maiores quantidades de nutrientes como, por exemplo: zinco, magnésio, molibidênio que têm ação antioxidantes e é essencial para os pacientes aidéticos, já que o stress oxidativo tem uma função significativa na história natural na infecção pelo HIV e na depleção dos antioxidantes.

Observação: Em casos de diarréias que são resistentes ao tratamento, pode ser necessária a exclusão dos cereais e alimentos que são ricos em fibras insolúveis.

É importante não ficar um intervalo maior do que 2 a 3 horas sem ingerir nenhum alimento. Mesmo que nestes horários o paciente não sinta fome deve-se salientar a importância da regularidade no fornecimento de nutrientes e de energia para determinar um maior equilíbrio físico e emocional para favorecer a utilização dos nutrientes nos locais adequados, como por exemplo: as proteínas, quando ocorre intervalos maiores do que três horas entre as refeições, estas são desviadas das suas funções como a formação de imunoglobulinas que é essencial para o paciente aidético para o fornecimento de energia.

Os alimentos fontes de ácidos graxos mono e poliinsaturados, como, por exemplo, os óleos vegetais, azeite de oliva, oleaginosas, chia, são muito importantes para o paciente aidético, pois estes ácidos graxos entram na composição da capa do Natural Killer que é uma célula de defesa importante do sistema imune

Bibliografia: 

  1. SANTOS, Shirley, Medicina biomolecular e radicais livres. Coletâneas. V.01.
  2. CARVALHO, Paulo Roberto. Medicina Ortomolecular: Um guia completo dos nutrientes e suas propriedades terapêuticas. 4ªEd. Rio de Janeiro, Nova Era: 2006.
  3. OLSZEWER, Efraim. Clínica ortomolecular. 2ª ed. São Paulo, Roca: 2008.
  4. FAVIERE, Maria Inês. Nutrição na Visão da Prática Ortomolecular. Rio de Janeiro, Ícone: 2009.
  5. http://www.saberviver.org.br/index.php?g_edicao=tratamento009

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