É muito comum passarmos por
parques, praias e ciclovias e presenciarmos pessoas de todas as idades e de
ambos os sexos se exercitando através de uma caminhada, corrida, bicicleta,
jogo de vôlei, futebol, dentre outras modalidades, sendo que, boa parte delas não
treina sob a orientação de um professor de educação física. Sendo assim, até
que ponto estes praticantes estão se beneficiando? Eles sabem seus limites ou
se estão sobrecarregando músculos e articulações? Provavelmente não, pois não
seguem os princípios desportivos, muitos não fazem sequer aquecimento, nem
realizam a preparação e fortalecimentos necessários e adequados a cada
modalidade. Esta falta de orientação pode custar uma lesão grave, como diversos
tipos de tendinites, desgastes articulares, estiramentos e contraturas
musculares, rupturas de ligamentos e até mesmo, problemas cardíacos.
Para evitar os casos supracitados
e alcançarem mais rapidamente seus objetivos, (estética, performance ou melhora
da qualidade de vida e saúde) estes praticantes deveriam, após realizar uma
avaliação médica, procurar um professor de Educação Física para realizar
avaliações periódicas, um planejamento individual, bem como incluir a
musculação neste plano de treino, para preparar as articulações e músculos
solicitados na sua atividade física de rotina.
Danos mais comuns causados pela prática de
atividade física não-orientada:
Em relação aos membros
inferiores, tendinite patelar, condromalácia, lesões de menicos e ligamentos,
contraturas e estiramentos musculares (comumente nos músculos do quadríceps,
ísquios tibiais e panturrilhas), diferentes lesões no quadril, dores pelo
excesso de impacto e sobrepeso, são alguns dos danos que podemos citar gerados
por atividades físicas sem orientação e executadas de forma incorreta, conforme
os exemplos abaixo:
1- Pedalar com o banco muito baixo, o que impede o
movimento completo da extensão do joelho (o ideal seria o banco estar na altura
do quadril);
2- O uso de caneleiras nas caminhadas que
prejudica e modifica a biomecânica do movimento;
3- Esportes praticados em piso duro como futebol,
vôlei, basquete, tênis, entre outros... que promovem alto impacto, e, devido a
fraqueza muscular, o risco de entorses torna-se mais elevado;
4- O uso de tênis inadequados, sem amortecimento (com
a sola muito fina), que promovem maior impacto nas articulações, podendo gerar,
além das lesões supracitadas, inflamações na tíbia (síndrome do estresse tibial
medial), fascite plantar (inflamação na parte medial da sola do pé) e esporão
de calcâneo (uma calcificação no calcanhar gerada pelo excesso de impacto);
5- Quanto aos estiramentos e contraturas
musculares, os músculos da coxa e da panturrilha são os mais atingidos, por
estarem presentes na maioria das atividades e não serem aquecidos, fortalecidos
e alongados adequadamente.
Em relação à coluna vertebral, os movimentos
mais prejudiciais são aqueles que exigem permanência em uma mesma posição, em
especial na flexão ou na hiperextensão do tronco, como também aqueles que
promovem compressão sob as vértebras (impacto). A região lombar é a mais
afetada, principalmente pela falta de alongamento e fortalecimentos específicos
desta região em conjunto ou não com a prática de atividades físicas com alto
impacto. Este quadro pode provocar lesões e deformidades como hérnia de disco,
pinçamento do nervo ciático e hiperlordose lombar. Seguem abaixo alguns
exemplos muito comuns:
- Pedalar
com o banco muito distante do guidão, o que leva a uma flexão de tronco
constante, o que gera uma compressão dos discos intervertebrais lombares e uma
postura cifótica inadequada, sobrecarregando a coluna cervical;
- Surf e
body board durante a remada, o movimento de passe com peito no futevôlei, ambas
as atividades exigem a hiperextensão, comprimindo a região lombar e gerando uma
postura lordótica inadequada;
- Todas aquelas
de alto impacto, como a corrida e esportes em geral no piso duro, pois geram
movimentos consecutivos de compressão;
- Tênis
inadequados nas atividades supracitadas, que levam ao aumento da compressão, em
especial na região lombar, sobrecarregando os discos intervertebrais.
Em relação aos membros superiores, as
articulações do ombro e cotovelo sofrem com a presença de bursites, tendinites no
manguito rotador, degenerações na cartilagem do ombro e epicondilite medial e
lateral nos cotovelos. Seguem abaixo alguns exemplos de atividades físicas que
causam estas lesões:
- Realizar barras,
paralelas e flexões frequentemente (movimentos que exigem um preparo
músculo-articular das articulações do ombro e cotovelo);
- Jogar
tênis e frescobol (movimentos repetitivos de rotação interna e externa que
sobrecarregam os ligamentos do ombro e cotovelo podendo gerar tendinites em
ambas as articulações);
- Nadar
(rotações repetitivas em todos os nados que sobrecarregam a articulação do
ombro);
Quanto ao risco de problemas cardíacos, este
aumenta drasticamente em atletas de final de semana, que na grande maioria são indivíduos
mal condicionados, destreinados, acima do peso, com péssimos hábitos de vida
(má alimentação, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo, colesterol, glicose e
pressão arterial elevados) que apenas praticam seu esporte preferido 1 vez por
semana. Este risco ocorre devido à falta de estímulo ao coração durante a
semana e ao longo da vida, ou seja, pela ausência de exercícios aeróbios que
deveriam fazer parte da rotina destes praticantes. Sendo assim, qualquer
estímulo mais intenso, como por exemplo numa partida de futebol de final de
semana, pode elevar a frequência cardíaca além do que o coração suporta,
aproximando-se ou ultrapassando 100% de sua capacidade, o que pode ser fatal,
ocasionando uma parada cardíaca.
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