Como atendo pacientes de várias etnias (árabes, coreanos, chineses, paraguaios e argentinos) e estamos no período do Ramadan, decidi falar sobre esta cultura na qual os muçulmanos jejuam.
O Ramadan é um período de reflexão espiritual e adoração no qual os muçulmanos devem abster-se de comer e beber (inclusive água), atividade sexual e trabalhos também são proibidos durante este período. A abstenção deve ser feita do nascer ao pôr-do-sol durante 29 ou 30 dias.
O jejum é obrigatório, a partir da puberdade para indivíduos saudáveis, os que possuem alguma deficiência, doença aguda ou crônica, idosos e mulheres grávidas, que estão amamentando ou menstruadas estão liberadas do jejum, desde que o façam em outro período até o próximo Ramadan ou esforcem-se para alimentar os pobres. Mesmo assim, algumas destas pessoas insistem no jejum, devido à força da tradição e a pressão social.
Entre os objetivos deste jejum estão, oferecer mais oração que o habitual a Deus, ensinar sobre a paciência, a espiritualidade, a humildade e a submissão a Deus. O sacrifício também visa mostrar o que os menos afortunados passam, incentivando assim ações de caridade e generosidade, onde são servidas refeições, roupas novas, sapatos e outros itens aos menos afortunados. Acredita-se que as caridades realizadas durante o Ramadan tem uma recompensa 70 vezes maior do que em qualquer outra época do ano.
Antes do amanhecer, os muçulmanos podem ainda comer e, realizam a refeição pré-jejum denominada sohour, onde evitam os alimentos salgados para não ter que beber água durante o dia.
Após o pôr-do-sol, a primeira refeição do dia, denominada Iftar é realizada, um momento de comunhão entre os amigos, vizinhos e familiares que pode tomar uma grande proporção e ser realizada em mesquitas ou salas de banquetes.
Invariavelmente, esta refeição é composta por alimentos bastante calóricos e ricos em açúcar e farinhas. È iniciada por tâmaras embebidas em leite e seguida por frutas frescas, aperitivos, bebidas e outros alimentos variados, porém, a sobremesa quase sempre inclui konafa ou qattayef. Konafa é um bolo feito de trigo, açúcar, mel, uvas secas e nozes. O qattayef é um bolo semelhante, mas é menor e dobrado para revestir as nozes e as uvas secas.
Um pouco sobre o Ramadan foi contado, deixo agora algumas dicas para passar por este período.
Sigam a sua tradição, mas optem por incluir mais frutas e verduras em suas refeições e diminuir os carboidratos.
Optem por alimentos mais proteicos, invistam em carnes magras grelhadas.
Evitem a comilança no período em que são liberados para alimentar-se, mantenham-se nas quantidades necessárias para o bom funcionamento do seu organismo.
Não esqueçam de tomar bastante água entre o Iftar e o sohour.
Apesar da crença de repor energia rapidamente com alimentos doces após o período de jejum ser bastante presente, o ideal seria consumir alimentos de baixo ou médio índice glicêmico, para que não haja picos de insulina em seu organismo, o que é extremamente prejudicial.
Aos que tem diabetes, hipertensão, câncer, úlcera, entre outras patologias, lembrem-se que tanto a medicina quanto o Islã lhe permitem não praticar o jejum. A alimentação a cada 3 horas em suas condições é crucial para uma boa saúde. Faça o seu jejum ajudando ao próximo.
Aos que não praticam o Ramadan, usem-no como inspiração para a vida. Alimente-se (confraternize-se) com sua família e seus amigos, dê a quem mais precisa, a recompensa virá em dobro.
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