Olha como acontece:
"Tô gorda! Ai meu Deus! Vou começar uma dieta! Tenho que emagrecer!"
Normalmente isso vem logo depois de experimentar uma roupa que ficou literalmente atochada, à lá linguiça toscana, ou mesmo que nem passou na coxa. Constatação do óbvio de que a dona está bem acima do peso. Aí vem o lamento:
"Amiga! Tô gorda! Ai meu Deus! Vou começar uma dieta! Tenho que emagrecer!"
Mais lamento:
"Amor! Tô gorda! Ai meu Deus! Vou começar uma dieta! Tenho que emagrecer!"
E mais lamento:
"Mãe! Tô gorda! Ai meu Deus! Vou começar uma dieta! Tenho que emagrecer!"
Depois de umas 327 repetições das mesmas frases, para interlocutores diferentes, com cargas emocionais diversas e igualmente diversas expressões faciais, gritinhos e muito, mas MUITA gesticulação, vem o complemento:
"TENHO que começar a malhar!"
Lindo, não? Que belo exemplo de constatação de um problema em si com mobilização das próprias forças em prol da solução, né?...
Né não.
Vai durar, se muito, 2 semanas, com raras e honrosas excessões.
"Sai daqui, agourento! Que cara chato! Quer estragar meus planos! Quer tirar minha motivação!"
É isso não, moça.
Temos que tomar muito cuidado com este tipo de impulso. No exemplo acima, vejam que a motivação vem do fato de uma roupa não caber. É uma motivação externa. Não é visceral. Não é própria. É como fazer algo porque alguém fez um comentário assim ou assado. É uma referência a algo que incomodou em um momento específico e que, à primeira passagem do cartão de crédito, provavelmente será esquecido (comprando uma "roupinha mais confortável"). Esse motivador simplesmente não resolve o problema.
Como agir então?
Primeiro se pergunte: por que não já estava malhando? O que te fez parar de se exercitar ou, em alguns casos, o que te impediu de começar em qualquer outro momento de sua vida? A resposta pode ser mais complexa do que parece e, muitas vezes, demanda algumas horas de conversas com amigos, familiares, seu médico, nutricionista, personal trainer ou, até mesmo, horas de terapia.
Se está achando exagerado é bom que perceba que está menosprezando o problema. Se você não acertar no fator MOTIVAÇÃO, seu esforço atlético vai ser curto. É muito melhor gastar algum tempo compreendendo melhor a si mesmo(a) para, quando realmente vier aquela vontade de fazer um exercício, se mover, botar pra quebrar, bem interna e verdadeira, você buscar seu instrutor e dizer: "Eu QUERO malhar!". Bem verdadeiro.
Comece a olhar pra dentro pra tentar saber como agir fora.
Dr Adolfo Duarte - CRM-BA 15.557