O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque esse transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos. Na verdade, na maioria das vezes, esses sintomas não aparecem. Com a mudança de nome, esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, sendo mais raro em idades avançadas. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, começando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos). Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O primeiro é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os de depressão. Já o segundo tipo caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania (leve exaltação do humor) com depressão. A causa, propriamente dita, é desconhecida. Porém, a genética tem grande influência, pois, em média, 85% dos casos tem algum parente na família com mesmo transtorno.
No presente texto não cabe falarmos sobre tratamento, pois o tema é extenso. O principal motivo da coluna desta semana é abordar como a própria pessoa, portadora do transtorno, pode fazer por ela mesma. O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é portador do transtorno bipolar, comprometa-se com o tratamento, discuta dúvidas com seu médico, a eficácia e efeitos colaterais dos medicamentos. Mantenha uma rotina de sono adequada, pois a redução do tempo total de sono pode desestabilizar a doença. Evite álcool, já além de interagirem com as medicações, também agem no cérebro aumentando o risco de novas crises. Se tiver insônia ou inquietação, não se auto-medique converse com seu médico. Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, antigripais e antialérgicos, pois podem ser o estopim de novo episódio da doença. Enfrente os sintomas sem preconceito, discuta-os com seu médico ou terapeuta. Lembre-se, você está bem por estar tomando a medicação, pois se parar de tomá-la, os sintomas podem voltar sem prévio aviso. É preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sintomas, como insônia, irritabilidade e inquietação. Por isso, a participação pró-ativa é de suma importância. Fique atento aos sintomas de uma nova crise depressiva ou maníaca e tome nota de tudo que ocorrer. Aproveite os períodos de “calmaria” para se redescobrir. A aceitação e o entendimento do transtorno é o melhor remédio. É isso que confere qualidade de vida aos portadores desta patologia: conhecimento.
Boa semana a todos.
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