Ervas popularmente receitadas para o combate ao diabetes estão prestes a ter sua eficácia comprovada pela ciência.
O estudo verificou que, pelo menos em uma delas, os níveis de flavonoides superam os encontrados no chá preto, e estão entre os maiores já encontrados.
Os flavonoides podem preservar a função das células que produzem a insulina, hormônio que controla a taxa de açúcar no sangue.
"Como já se sabe, [os flavonoides] apresentam alta capacidade antioxidante e atuam como 'varredores' de radicais livres", explica a professora Cristine Amarante, que orientou o trabalho realizado por Fábio Bruno de Souza.
Os radicais livres - átomos e moléculas originados como subprodutos do metabolismo - têm funções importantes para o organismo, mas também estão associados ao envelhecimento e a doenças como câncer
A pesquisadora avalia que há uma aproximação real entre os conhecimentos tradicionais e científicos, e um interesse comercial crescente pelas riquezas naturais amazônicas.
A pesquisa constatou algumas diferenças entre as recomendações das erveiras (vendedoras de ervas) para o preparo dos chás, tanto no método - infusão ou decocção - como no tempo.
"Os testes comprovaram nossa hipótese, de que essas ervas contêm apreciáveis teores de flavonoides, sendo, portanto, boas fontes da substância. Mais do que isso: a que é conhecida como insulina - justamente por esse uso - mostrou teores acima até do chá preto, que é uma bebida conhecida por apresentar uma das maiores concentrações desses compostos. Para essa erva, o tempo de aquecimento por 15 minutos foi o modo de preparo que mais liberou flavonoides.
"As outras, embora tenham apresentado teores de flavonoides inferiores aos da insulina, mostraram valores comparáveis aos encontrados no vinho tinto. Porém, para estas o tempo de aquecimento acima de 10 minutos causa uma redução do teor. Agora vamos repetir a amostragem. Para ir mais fundo, dependemos da aquisição de equipamentos de ponta, que permitam identificar os flavonoides presentes. Entramos com projetos em alguns editais para isso," explicou a pesquisadora.
O próximo passo será tentar identificar os flavonoides presentes, priorizando a planta conhecida como "insulina vegetal" (Cissus sicyoides) - a espécie que apresentou o melhor resultado e que é conhecida por esse nome em função do uso antidiabético.
Os pesquisadores estão estudando ainda as plantas pata-de-vaca (Bauhinia variegata), mira aruíra (Salacia impressifolia) e pedra de ume caa (Myrcia sphaerocarpa).
Fonte: Diário da Saúde