Para uma pessoa obesa é mais difícil decidir parar de comer em uma festa, por exemplo, do que para pessoas com Índice de Massa Corporal mais baixo. É o que conclui um estudo, ainda não publicado, apresentado nesta semana no Neuroscience 2012, encontro anual da Society for Neuroscience, entidade internacional que congrega médicos e cientistas que estudam o cérebro. Isso aconteceria porque, segundo a pesquisa, a obesidade estaria ligada ao pior desempenho das funções cognitivas, apontando para a existência de uma ligação direta entre a alimentação e a saúde do cérebro.
Participaram do estudo 29 adultos considerados saudáveis do ponto de vista neurológico, e com índice de massa corporal (IMC) variando do nível normal até a obesidade. Foram feitas imagens de ressonância magnética da atividade cerebral dessas pessoas em repouso, com objetivo de analisar a comunicação entre diferentes regiões do cérebro.
partir das imagens, os pesquisadores observaram, nos indivíduos obesos, alterações na conexão entre o córtex orbital frontal, área do cérebro ligada à tomada de decisões e à recompensa, e o núcleo caudado, que participa do sistema de aprendizado e memória. Foi desenvolvido um algoritmo de computador capaz de descobrir se uma pessoa fazia parte do grupo que estava acima do peso ou do grupo de controle apenas analisando suas conexões cerebrais – e ele acertou em 75% dos casos.
Durante a sessão de ressonância magnética, as pessoas também passaram por um teste cognitivo. Em uma tela, apareciam diversas palavras, escritas em azul, vermelho ou verde. A tarefa era responder a cor em que a palavra estava escrita e ignorar o seu significado. O exercício ficou mais complicado quando apareceram nomes de cores escritos em outra cor, como a palavra “vermelho” escrita em azul, por exemplo. "Nesses testes a pessoa tem um conflito. Então o cérebro para e tenta resolvê-lo antes de permitir que você responda o exercício", disse Timothy Verstynen, professor da Universidade de Carnegie Mellon e integrante da equipe de pesquisadores, ao site de VEJA.
Os pesquisadores analisaram o grau de ativação do cérebro dos indivíduos ao realizar essa tarefa e perceberam que ele era maior no grupo obeso. "Isso significa que a pessoa está usando mais energia neuronal para chegar aos mesmos resultados, ou seja, suas conexões cerebrais são menos eficientes", afirma Timothy. "Nós achamos isso pode fazer com que a pessoa se torne menos eficiente para tomar decisões, o que pode levá-la a escolhas pouco saudáveis."
Fonte: Revista VEJA