quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quem nunca levou um desaforo para casa ?!




Encarar as emoções difíceis, como a raiva e a mágoa, é o primeiro passo para se libertar delas. Mas até que ponto estamos mesmos dispostos a encarar esse desafio?

Quem diz que nunca levou um desaforo para casa está mentindo! E não importa se foi o chefe, o marido,ou a amiga que a deixou na mão quando você mais precisava.


Nesse momento a mágoa invade a alma sem pedir licença e é perigosa, principalmente porque não sabemos como administra-la, e nesse momento tentar fingir que nada foi, tentar esconder e sufocar sentimentos e fingir que superamos o problema com facilidade, pois claro somos adultos ou que imagina só nem foi um problema, e escondemos debaixo dos enormes "tapetes" que a vida nos ensinou! Maravilha né? Problemão isso sim!!! Pois a literatura já nos mostra que quem não sabe lidar bem com sentimento, quem não consegue externa-los: A D O E C E!!! Sim é a famosa somatização. Não só o coração sofre, os ressentimentos apresentam sintomas como dores de cabeça ou musculares, problemas digestivos e gastrointestinais, distúrbios do sono, alterações cardiológicas e até câncer.


Somatização se refere a uma ou várias queixas físicas, que uma investigação adequada não revele existência de patologia orgânica ou mecanismo patofisiológico que expliquem a intensidade da queixa física. Geralmente é considerada resultado como resposta a um extremo sofrimento psicológico. A presença de somatizações não exclui o diagnóstico de outras doenças psiquiátricas, ocorrendo frequentemente em comorbidades  (simultaneamente) com estes. Pacientes com transtornos psiquiátricos como depressão, transtorno de ansiedade ou algum transtorno de personalidade descrevem sintomas físicos além dos usados para diagnóstico do transtorno em 72% dos casos.(Origem: Wikipédia)

Diante de eventos psicologicamente traumáticos (como casamento, divórcio, demissão, sequestro, traição, hospitalização ou morte de pessoa querida...) é comum que um ou mais dos seguintes sintomas sejam somatizados:
  • Dor difusa por todo o corpo
  • Dor de cabeça
  • Dor no peito, braços, pernas, costas e/ou articulações.
  • Dificuldade para respirar
  • Hipersensibilidade
  • Desmaios
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Fadiga (Cansaço excessivo)
  • Manchas na pele
  • Tonturas
  • Batimentos cardíacos acelerados (Taquicardia)
  • Mal estar
  • Fraqueza muscular
  • Perda do apetite por longos períodos
  • Sangramento menstrual excessivo
  • Desinteresse sexual
  • Em pacientes mais sensíveis, como Histriônicos, podem ocorrer sintomas como:
    • Amnésia
    • Alucinação
    • Perda de voz
    • Surdez
    • Visão dupla ou borrada
    • Cegueira
    • Dificuldade para caminhar

Encaminhar para consulta psiquiátrica pode ser útil para avaliar prováveis comorbidades que também podem ser desencadeadas pelos eventos estressantes e para recomendações relativas ao tratamento medicamentoso . A Terapia Cognitivo Comportamental pode ajudar o paciente a desenvolver estratégias mais eficazes e saudáveis para lidar com os eventos estressantes e ajudar a superar os traumas causados por eventos anteriores.Cabem aos profissionais de saúde validarem e compreenderem a gravidade do sofrimento psicológico e fazerem exames físicos regulares para analisar a progressão dos sintomas inclusive para se certificarem da ausência de outras causas possíveis.

 Mágoa é um veneno e ignorá-la só favorece o processo de intoxicação, mas muitos apelam para essa atitude na tentativa de se defender da dor, porém, sufocado ou não, o problema está ali e vai machucar de um jeito ou de outro.Quando sofremos injustiças ou abandonos, precisamos nos fortalecer para encarar uma avalanche de sentimentos que essas situações nos provocam. É ai que a terapia ajuda, pois "liquifica as mágoas", pois geralmente o paciente chora quando o tratamento toca no ponto crítico. Muitas vezes é possível descobrir em que momento da vida a pessoa aprendeu que deveria engolir ou dissimular sua raiva. Tomar consciência a respeito desse padrão prejudicial é o primeiro passo para transforma-lo. Além da terapia, pacientes que contam com o apoio da família e amigos para superar decepções sejam elas no âmbito emocional e financeiro, conseguem supera-las mais facilmente. Pois não se pode mudar o comportamento de quem as feriu, mas também não se pode deixar que essas emoções nos destrua, então o importante é apostar no próprio bem estar.  

Referências:

  1.  Celina D.S. Lazzaro, Lazslo A. Ávila. (2004) Somatização na prática médica. Arq Ciênc Saúde 2004 abr-jun;11(2):X-
  2.  Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas;1993.
  3.  Spitzer RL, Williams JBW, Kroenke K, Linzer M, Hahn SR, Brody D et al. Physical symptoms in primary care. Predictors of psychiatric disorders and functional impairment. Arch Family Med 1994; 3;774-9.
  4.  Bombana JA, Leite ALSS, Miranda CT. Como atender aos que somatizam? Descrição um programa e relato conciso de casos. Revista Brasileira de Psiquiatria 2000;22:
  5.  Schreiber D, Kolb NR, Tabas G. Somatização 1ª parte – diagnóstico prático. NeuroPsicoNews 2003;53: 3-6.