BCAAs nada mais são que, aminoácidos de cadeia ramificada (ACR), ou seja, leucina, isoleucina e valina, que recebem a classificação de essenciais ou indispensáveis.
Estes aminoácidos representam aproximadamente 19% das proteínas musculares e, destacam-se por participar da síntese de proteínas, serem precursores de carbono e nitrogênio para a síntese de glutamato, alanina e glutamina, poderem ser oxidados – leucina e isoleucina – a acetil-CoA e CO2, entre outros.
São metabolizados principalmente nos tecidos periféricos (especialmente músculo esquelético) e são pouco oxidados pelo fígado.
Por serem considerados essenciais, devem ter suas recomendaçoes satisfeitas por meio do consumo de uma alimentação equilibrada.
Você deve estar se perguntando, mas é possível obter esse nutrientes da alimentação? Sim, ao contrário dos outros aminoácidos essenciais como a lisina, treonina e metionina, os ACR raramente são limitantes na dieta. Assim, deficiências dietéticas de leucina, isoleucina e valina, raramente são encontradas em humanos.
Contudo, vem crescendo as evidências que apontam para a necessidade da revisão das atuais recomendações de consumo de aminoácidos essenciais e, particularmente dos ACR, em humanos saudáveis. Estudos indicaram que a necessidade de leucina seria de 40mg/kg/dia, diferentemente da proposta atualmente pela OMS/FAO (1985) de 14mg/kg/dia. O mesmo se aplica para outros ACR, cujo consumo recomendado seriade 17-25mg/kg/dia para valina e 19mg/kg/dia para a isoleucina, frente ao consumo atual recomendado de 10mg/kg/dia para ambos os aminoácidos.
Quando ao limite máximo de ingestão tolerado, há um consenso que o melhor referencial é o valor da necessidade média estimada (EAR). Em 2005, Baker realizou uma revisão e estima que a EAR deve ser de 34,15 e 19mg/dia para leucina, isoleucina e valina respectivamente. Estudos em humanos relacionados ao consumo de ACR são praticamente inexistentes, porém, há registros de dosagens que podem variar de 2 a 3 vezes em relação ao estabelecido pela EAR. Considerando as informações disponíveis nesta área, empregando também os estudos com animais, existem evidências que o consumo conjunto dos três ACR em quantidades acima das referenciadas pelas EAR são bem toleradas e não produzem efeitos adversos no organismo.
Os ACR tem demonstrado potenciais terapêuticos relacionados a manutenção e atenuação da perda de massa magra no processo de redução de peso, promoção da cura de feridas, anabolismo protéico relacionado à perda muscular com envelhecimento e efeitos benéficos em situações clínicas como doença renal e hepática.
Entre os atletas seu forte consumo é baseado na suposição de que promovem o anabolismo muscular e atuam em relação à fadiga central, favorecem a secreção de insulina, melhoraram a imunocompetência, diminuiem o grau de lesão muscular induzido pelo exercício físico e aumenta, a performance de indivíduos que se exercitam em ambientes quentes.
Como marcadores de ACR no organismo, vários métodos são utilizados entre eles, síntese protéica, balanço nitrogenado, concentração sanguinea de ACR e oxidação de leucina. Os quais devem ser melhor explorados para definir o melhor método de avaliação e consequentemente a ingestão ideal.
Em exercício físico prolongado (2 a 3hrs), não ocorre acúmulo de ACR no plasma ou no músculo em contração, indicando que o músculo ativo é responsável pela remoção e oxidação de ACR, estima-se que esta oxidação contribua com 3 a 18% do total de energia utilizada durante o exercício.
A fadiga central pode ser definida como um conjunto de manifestações produzidas por trabalho ou exercício prolongado que têm como consequencia a diminuição da capacidade funcional de manter ou continuar o rendimento esperado, ou seja, é um sinalizador de que a intensidade de treinamento previamente tolerada deve ser reduzida.
Existe a investigação de que duas estratégias de manipulação nutricional poderiam reduzir os efeitos da fadiga, estas envolvem a suplementação com ACR e/ou carboidratos durante o exercício. Na suplementação com ACR o objetivo é manter a concentração aminoacídica dos competidores do triptofano, estudos em animais têm demostrado evidêncuas positivas. Quanto aos seres humanos, há necessidade de se estabelecer questões metodológicas para que os resultados sejam mais conclusivos.
Porém, sabe-se que a suplementação de BCAA diminuiria o triptofao no SNC e consequentemente a serotonina, reduzindo os efeitos da fadiga. Porém, altas doses de BCAA podem elevar a amônia plasmática e muscular, que é um agente da fadiga. A suplementação com carboidrato pode ser uma estratégia mais efetiva.
Contudo, sabe-se que tanto o aumento da disponibilidade de aminoácidos quanto o exercício de força, aumentam a síntese (formação) de proteínas no músculo esquelético, ou seja, os ACR participam do metabolismo proteico e na diminuição da taxa de degradação proteica.
Sugere-se que a suplementação com ACR, possa ser utilizada então, para a recuperação muscular pós exercício já que, estudos demostraram o mencionado no pragráfo anterior, ou seja, a síntese protéica pode atenuar a lesão muscular induzia pelo exercício e ao mesmo tempo favorecer o processo de recuperação muscular. Além de, promover a diminuição da dor muscular de incio tardio e da fadiga muscular.
Referências Bibliográficas:
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