quinta-feira, 22 de agosto de 2013
REVISTA VEJA, mais uma vez, infelizmente: sensacionalismo inadequado e incorreto...
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/suplementos-vitaminicos-voce-nao-precisa-deles
Por que? Vejamos:
- Sensacionalismo no titulo : “você não precisa de suplementos vitamínicos”... É mesmo? E por que sabidamente vitamina C ajuda em gripes e resfriados, vitamina D é prescrita largamente para osteoporose, vitaminas do complexo B para tratamento e cura de distúrbios neurológicos, vitamina E é indicada com bastante freqüência para idosos em geral... Estamos todos, médicos e nutricionistas, errados?
- Todo exagero/excesso faz mal, de qualquer coisa: isso faz, então, com que o uso de algo sem exageros também seja classificado como desnecessário (algo que você “não precisa”)?
- Bons nutricionistas também podem indicar vitaminas, muitos até com mais propriedade que muitos médicos por aí: bastam estudo suficiente e conhecimento do caso do paciente e de anatomia/fisiologia/patologia
- Texto mistura antienvelhecimento com prevenção de doenças e com isso confunde o leitos até no âmbito da ética: quem prescreve vitaminas prometendo que vão evitar o envelhecimento não está desabonando as vitaminas em si mas à sua própria conduta, que passa a “antiética”
- Nos cursos de Medicina não há cadeira específica que fale da importância das vitaminas por falha curricular dos cursos, que sequer falam direito sobre prevenção e não porque vitaminas não sejam “algo benéfico para a saúde”
- “A melhor forma de obter vitamina D é tomar Sol” mas as orientações “oficiais” da Dermatologia em nosso país são de evitar “tomar Sol” sem proteção solar (o que bloqueia a síntese de vitamina D na pele): como fazer, então?
- "Não há nenhuma evidência científica de que a suplementação vitamínica traga algum benefício em casos em que não haja uma deficiência nutritiva" – Não é o óbvio? Por isso qualquer profissional ético e estudioso que as indica o faz após sintomas e/ou exames do paciente confirmarem a necessidade, não suprida pela dieta que o paciente efetivamente consegue fazer (no nosso país são poucas as dosagens de vitaminas que os planos de saúde efetivamente autorizam para seus “conveniados”, em geral).
- "E alguns casos, como a ingestão de vitamina A por tempo prolongado sem necessidade, pode levar a uma cirrose." – Aqui parece faltar estudo mesmo, de bioquímica, fisiologia e patologia (minimamente): várias vitaminas podem mesmo fazer mal se dadas isoladamente e como já dito: qualquer excesso faz mal. A vitamina A faz parte de um sistema antioxidante, junto à vitamina C, vitamina E e ácido alfalipóico (mais uma vez, minimamente) onde a falta relativa dos demais componentes pode, sim, levar a distúrbios pelo desequilíbrio, proporcional, gerado.
- "Na verdade, a primeira opção deveria ser uma mudança na dieta." E "Os alimentos — verduras, legumes, laticínios — são mais eficientes em fornecer as vitaminas que o corpo precisa do que as formas sintéticas." – Sim, isto é o óbvio mas o que fazer com o paciente que simplesmente não tem tempo ou condições para isso, até tendo-se em vista os “tempos modernos” de muito stress e cobrança (onde o paciente até tenta melhorar mas muitas vezes não consegue o suficiente)? Abandoná-lo, já que não “mudou sua dieta” ou ampará-lo via suplementos, mesmo que provisoriamente, visando ajudá-lo?
- Já há estudos recentes comprovando que vitamina C, mesmo em “excesso”, NÃO é fator isolado para gênese de cálculos renais – Aliás, o principal problema deste texto da Veja parece ser, mesmo, mitos construídos por sobre conceitos antigos e/ou não suficientemente estudados para um texto que “se propõe” a “esclarecê-los”: várias citações já contam com artigos mais atuais (vários) desmentindo-as.
- O fato óbvio de que uma suplementação só deve ser feita sob indicação e acompanhamento de profissional competente não diminui a importância/utilidade do suplemento em si, não é? Tanto quanto a vida de um pintor não diminui a relevância/beleza/utilidade da sua pintura.
- A “indústria das vitaminas” é pelo menos 10 vezes menos lucrativa que a “indústria da doença”, misteriosamente não citada no texto; mas talvez esta não tenha sido citada porque estudos recentes e o uso diário de vitaminas (quando razoável e bem indicado) comprovam que quem usa direito suplementos de vitaminas adoece menos e tem mais saúde e é claro que isto não interessa à “indústria da doença” (gente menos doente compra menos remédios, o que diminui os lucros desta indústria), que muitas vezes patrocina textos assim... Mas não deve este o caso, aqui... Não é?
É tudo uma questão de falar do que “se entende”, com o devido embasamento, preferencialmente ATUALIZADO, imparcialidade e lógica...
Boa semana!
Dr. Ícaro Alves Alcântara
www.icaro.med.br
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