sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vigorexia: Um assunto de importância multidisciplinar aos profissionais de saúde e praticantes de musculação...


No mundo moderno, o ser humano aprendeu a cultivar preocupações com o corpo, o que é saudável e muito bem vindo. O grande problema é que essa preocupação extrapole o nível de saúde e bem estar e transforme-se numa obsessão.
O ideal desejável e sadio não é o padrão imposto pelas revistas de beleza e pelos modelos publicitários, que infelizmente acabam super-estimulando a prática de exercícios, repercutindo no que chamamos de VIGOREXIA.
VIGOREXIA é um transtorno onde ocorre a adicção ou dependência ao exercício, caracterizada por práticas esportivas contínuas, com uma valorização praticamente religiosa (fanatismo). De maneira tão exagerada a ponto de exigir demandas além dos limites biológicos, desconsiderando consequências negativas e contra-indicações.
A Vigorexia é prevalente entre os homens, mas vem sendo observada também em mulheres e reflete uma preocupação excessiva em ficar forte a todo custo.
Apesar dos portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam horas na academia malhando e ainda assim se consideram fracos, magros e até esqueléticos.
Uma das observações psicológicas desses pacientes é que têm vergonha do próprio corpo, recorrendo assim aos exercícios excessivos e a fórmulas mágicas para acelerar o fortalecimento, como por exemplo, uso de esteróides anabolizantes.
É importante que os profissionais da saúde e os praticantes saibam identificar traços indicativos desse transtorno, são eles:
- Dificuldade de relacionamento;
- Obsessão por partes do corpo;
- Passam várias horas em frente ao espelho;
- Insônia;
- Falta de apetite;
- Irritabilidade;
- Desinteresse sexual;
- Fraqueza;
- Cansaço constante;
- Dificuldade de concentração;
Essas pessoas preocupam-se muito com a dieta, restringindo a ingestão de gordura e aumentando muito a ingestão de proteínas fator que pode levar a intoxicação hepática.
Além dos danos relacionados à alimentação, o aumento de massa muscular excessivo leva a desproporção corporal entre cabeça e tronco, problemas ósseos e articulares devido ao excesso de peso da musculatura, alteração da circulação sanguínea, além de falta de agilidade e encurtamento dos músculos e tendões.
A situação se agrava quando surge o consumo de esteróides e anabolizantes com a finalidade de obter "melhores resultados". O consumo destas sustâncias aumenta o risco de doenças cardiovasculares (pelo aumento do colesterol LDL e da pressão arterial), lesões hepáticas, insuficiência renal, acne severa, tremores e icterícia.
Somando-se aos agravos supracitados, o uso de esteróides e anabolizantes provoca distúrbios do humor e do comportamento (ciúme patológico, delírios, sensação de invencibilidade). Abaixo seguem mais exemplos de alterações específicas causadas pelo uso dessas substâncias sobre os dois gêneros e em adolescentes:
- Homens: diminuição dos testículos, redução da quantidade de esperma, infertilidade, calvície, desenvolvimento de seios, elevação no risco de câncer de próstata.
- Mulheres: Crescimento de pêlo facial, calvície de padrão masculino, alteração ou interrupção do ciclo menstrual, crescimento do clitóris, voz grossa.
- Adolescentes: crescimento interrompido devido à maturação esquelética prematura e aceleração das mudanças da puberdade.
A VIGOREXIA é um transtorno que merece atenção multidisciplinar, seu diagnóstico e tratamento deve ser abordado por profissionais do exercício (fisiologistas, educadores físicos, fisioterapeutas), da alimentação (nutricionistas, nutrólogos) e da psique/mente (psicólogos e psiquiatras). Essa síndrome ainda não está ainda incluída na listagem de Classificação das Doenças e Distúrbios mentais (CID. 10 e DSM. IV), sendo sua detecção ainda pouco delineada pela literatura.
Saúde e beleza podem andar juntas, procure orientação.
REFERÊNCIAS:
SERRANO, M.J.P. Vigorexia: uma mirada desde La publicidad. Fraga Comunicación, n.9, 2009.
CAMARGO, Tatiana Pimentel Pires de et al . Vigorexia: revisão dos aspectos atuais desse distúrbio da imagem corporal. Revista brasileira psicologia e esporte, São Paulo, v. 2, n. 1, jun. 2008.
STORÓPOLI, E. et. all. Informação Superior. N.30, out/Nov 2006.

TEXTO POR: Franciele Wilhelms
Fisioterapeuta - graduada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Especialista em Musculação Terapêutica
Pós graduanda em fisiologia do exercício
Twitter: @franwilhelms
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