Quando um exame é solicitado, habitualmente os laboratórios mandam junto aos resultados as referências de “normalidade”, ou seja, os valores “normais” ou mesmo “aceitáveis” para cada exame, assim visando “auxiliar” o trabalho de quem vai interpretar o exame... Só que isto pode, na verdade, acabar atrapalhando os menos atentos, desatualizados ou simplesmente despreparados; vejamos alguns motivos:
- Os valores apresentados às vezes têm intervalos “aceitáveis” grandes demais, com valores máximos até mais que 1000% dos valores mínimo!
- As referências “normais” muitas vezes variam de acordo com o quadro clínico de cada paciente – desta forma, o valor adequado para um paciente pode definitivamente não ser o mesmo para outro;
- O resultado de um exame freqüentemente altera os parâmetros para outros, novamente de acordo com cada caso em particular;
- Dieta, sono, jejum, uso de medicamentos/suplementos, exercícios físicos, dia/noite anterior (à realização dos exames) e diversos outros fatores alteram os resultados e confiabilidade/parâmetros.
- Vários laboratórios ainda apresentam valores de referência desatualizados - por exemplo, o valor aceitável para TSH (hormônio liberado pela hipófise para estimular a tireóide) já há anos tem indicação de ser menor que 3 microgramas/ml mas ainda aparece escrito constantemente como “normal” até 5! Para quem quiser mais informações, sugiro ler isto: http://www.indatir.org.br/noticia1_nov04.htm
Vejamos agora alguns exemplos de como parâmetros “engessados”, amplos demais, desatualizados ou mesmo equivocados (conforme escritos em laudos de alguns laboratórios) podem gerar confusão e, assim, prejudicar o paciente:
- DHEA (importante hormônio que tem centenas de ações próprias e é precursor, direto ou indireto, de outros importantes como testosterona e estradiol – notícias recentes sobre sua importância por exemplo em http://saude.terra.com.br/noticias/0,,OI5534957-EI16557,00-Pilula+contra+menopausa+diminui+ondas+de+calor+e+devolve+a+libido.html). Para a sua avaliação, é mais indicada a dosagem da sua forma mais estável, o SDHEA (sulfato de dehidroepiandrosterona), cujo valor de normalidade para mulheres é de 34 a 430! Será mesmo, então, que tanto alguém com dosagem de 35 estão tão “normal” quanto alguém com 429? É claro que não e, particularmente e no geral, não julgo valores menores que 200 como sequer aceitáveis.
- Ferritina (proteína de “armazenagem” do ferro; se baixa, pode significar principalmente carência de ferro mas também baixa quantidade de proteínas no organismo ou mesmo problemas hepáticos. Para homens, seu valor de referência está entre 22 a 322 – Não é este um intervalo grande demais de “normalidade”?
- Ácido Fólico (vitamina fundamental à vida, que tem muitas funções como por exemplo: atuar na síntese de proteínas, na multiplicação de celular, reconstituição dos tecidos e mesmo prevenção de anemias). Para ambos os sexos, seu valor “normal” está entre 3 e 17 ng/ml – O curioso é que a maioria dos pacientes que atendo, quando referem sentir-se BEM, está com valores acima do máximo aqui apresentado...
Por isso, repito o conselho já dado anteriormente: escolha BEM os profissionais que vão cuidar da sua SAÚDE pois ter registro em um conselho profissional não necessariamente indica proficiência/experiência na sua área de atuação. Dicas para ajudar nesta escolha no artigo já publicado anteriormente: http://www.icaro.med.br/alguns-conselhos-para-quando-voce-%E2%80%9Cresolver%E2%80%9D-cuidar-da-sua-saude/
Um abraço
Dr. Ícaro Alves Alcântara
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