sábado, 1 de outubro de 2011

Impacto da dieta rica em proteínas na saúde...




Com a chegada da primavera (e o sol começando a dar seus “ares”), o consultório começa a encher para essa finalidade específica. A maioria dos clientes que me procuram é com a esperança de perda rápido de peso. Isso é possível?

A pergunta clássica: “doutora, quantos quilos vou perder em um mês?” O resultado é proporcional à sua dedicação! Perder vários quilos em uma semana é bem tentador... mas por quanto tempo você consegue sustentar esse peso? Você deve estar pensando agora: por muito pouquíssimo tempo! E de quebra, adquirir várias deficiências nutricionais graves, baixa imunidade, cansaço, perda de massa magra, flacidez, intestino preguiçoso, entre outros. Por isso é tão importante o acompanhamento de um profissional capacitado. Será que vale a pena se sentir magra por tão pouco tempo e adquirir vários problemas de saúde para sua vida?

Li essa matéria no Blog da VP e achei interessante compartilhar com vocês aqui na Liga da Saúde. É importante sim a perda de peso. Mas aquela que você se sente bem disposta, feliz, saudável e DURADOURA, pois a verdade é: para um emagrecimento efetivo é necessário um perfeito funcionamento do seu organismo, o equilíbrio, pois só assim ele entenderá o que é excesso. Você pode até tentar outras formas e maneiras. Mas o que vejo que a única coisa que funciona EFETIVAMENTE são hábitos alimentares saudáveis! E sempre!

Em uma sociedade tomada pelos maus hábitos alimentares, juntamente com a necessidade de emagrecer, observamos diferentes tipos de dietas em cena, todas prometendo perda de peso em pouco tempo, com a inclusão de alimentos altamente calóricos e, mais ainda: com a manutenção da saúde.

Ilustrando tal situação, em maio/2011 o site UOL publicou, na seção Ciências e Saúde, uma matéria sobre a Dieta de Dukan, uma nova versão da Dieta Atkins. Tal dieta baseia-se no consumo somente de proteínas e vegetais, totalizando 100 alimentos no cardápio, sendo eles 72 de origem animal e 28 de origem vegetal. Desses alimentos, o indivíduo poderá ingerir o quanto quiser por dia e mesmo assim conseguirá perder peso. Mas afinal, essa informação realmente é válida? E qual é o impacto da mesma para a saúde?

Estudos recentes demonstraram que, aplicando uma dieta de baixas calorias, com pouca quantidade de carboidratos (ou seja: grãos, pão, arroz, massas, frutas, batata e outros tubérculos) e rica em proteínas, realmente há perda de peso. Porém, pesquisadores mostram que tal perda é causada em grande parte pelo esvaziamento de reservas de glicogênio (forma que o carboidrato é estocado no corpo) juntamente com a perda de água corporal, podendo levar a um quadro de desidratação. Além deste efeito, os mesmos pesquisadores ainda observaram outros efeitos colaterais provocados pela aplicação desta dieta, favorecendo também o aparecimento de doenças.

Em diversos estudos experimentais, realizados tanto em humanos quanto em animais, verificou-se que o alto consumo de carne aumenta o risco de doenças cardiovasculares, bem como hipertensão e diabetes em adultos. Pesquisadores atribuem tal relação ao alto consumo de sal, colesterol e gordura saturada e o baixo consumo de carboidratos e fibras. Além disso, a quantidade de verduras e legumes é muito reduzida e não inclui frutas na dieta, colaborando para o baixo consumo de vitaminas, minerais e fitoquímicos, o que pode também ser uma explicação para o aparecimento dessas doenças. Esses são também os motivos pelos quais outros estudos observaram um aumento nos quadros de constipação (intestino preso) e de câncer no cólon, já que o baixo consumo de carboidratos e fibras modifica consideravelmente a microbiota intestinal.

Os carboidratos têm a importante função de fornecer energia para o bom funcionamento do corpo, principalmente para o cérebro. Assim, quando reduz-se a quantidade de carboidratos oferecida na dieta, o corpo utiliza-se de outros meios para produzir energia, os quais produzem os chamados corpos cetônicos. O acúmulo destes provoca diversos sintomas em nosso corpo, como dores de cabeça, halitose (hálito ruim), diarreia, fraqueza geral, cãibras e erupções cutâneas.

Por se tratar de uma dieta composta por 70% de alimentos proteicos, pesquisadores observam que tal fato tem um impacto negativo no bom funcionamento renal. Isto porque o alto consumo de proteínas, principalmente de carnes, aumenta a formação de substâncias em nosso corpo que lesionam um grupo de células do rim, podendo gerar um quadro de disfunção renal. Tal efeito é observado principalmente em diabéticos e indivíduos com histórico de doenças renais. Além do impacto negativo na função renal, estudos ainda verificaram que a alta ingestão de proteínas favorece uma maior mobilização do cálcio dos ossos para o rim, aumentando assim sua eliminação pela urina. Desta forma, esta ação promove um enfraquecimento ósseo, aumentando a probabilidade de ocorrência de fissuras e fraturas no osso, principalmente em mulheres.

Podemos observar os inúmeros malefícios que a Dieta de Dukan traz para a saúde. Somando-se isso, ainda há muitos estudos mostrando que a adesão a dietas com baixa quantidade de carboidratos diminui gradativamente com o passar do tempo, e, quando abandonadas e seguidas de alimentação normal, favorecem o ganho de peso. Trata-se daquilo que chamamos de efeito “sanfona”.

É importante também frisar que tal dieta, como a maioria das dietas “da moda”, não preza pela quantidade, qualidade e equilíbrio da alimentação, bem como não reeduca o indivíduo quanto a hábitos e costumes alimentares errôneos. O ideal é sempre ter o acompanhamento de um nutricionista em processos de emagrecimento, pois este é um profissional com habilidade para orientar e elaborar uma dieta que se adeque melhor às necessidades e às características individuais de cada um.

Pense sempre nisso!

Muita saúde a todos!

Fonte: Blog VP Consultoria Nutricional