Quase que a totalidade das pessoas que adentram o consultório, além da sua queixa habitual, reclama do peso. “Doutor eu preciso perder peso”, não raro de forma “urgente”. Àquela pessoa que deseja o imediatismo das pílulas para emagrecer, certamente vai entrar para a turma do efeito sanfona.
Atualmente se discute a permanência de várias drogas antiobesidade no mercado e, ao mesmo tempo, aparece uma nova medicação dita “milagrosa” para perder peso. Não cabe, no presente texto, discutir a entrada ou a saída de medicações para ajudar no emagrecimento. Podemos discutir isso em outra oportunidade.
Então, aonde devo focar meu objetivo para perda e para a manutenção do peso? Em hábitos de vida saudáveis em especial na alimentação e na atividade física. É alimentando-se de forma correta que se perde peso. Àquela antiga ideia de “fechar a boca” para reduzir uns kilinhos já se provou que não dá resultado. Desde a remota era do homem das cavernas, que passava por períodos de necessidades alimentares, que nossos genes “aprenderam” a guardar energia extra em forma de gordura corporal. Isto nos mostra que o jejum não vai nos ajudar a emagrecer e sim estocar energia. Nosso organismo é guardador de energia e não queimador. Simplesmente uma forma de sobrevivência.
Em relação à alimentação, esqueça de vez as dietas da moda, tipo: da lua; da sopa, do Dr. “Fulano”, do Dr. “Ciclano”, etc. Toda dieta é restritiva, ou seja, suprimem nutrientes importantes à manutenção de uma boa saúde, bem como a pessoa “chuta o balde” por não conseguir dar sequência, por muito tempo, em dietas com 800 a 1000 calorias ao dia. Acredito em uma alimentação que contenha de tudo um pouco, com redução moderada dos carboidratos e incremento de proteínas na alimentação; isto sem falar no consumo de frutas e vegetais, em associação a atividade física, que é a grande “queimadora” de energia do tecido gorduroso extra. O dado da pesquisa realizada na Universidade de Harvard sobre os probióticos(bactérias intestinais amigas) vem reforçar a importância da microbiota intestinal. Os famosos lactobacilos produzem inúmeras substâncias essenciais para o nosso organismo. Só para citar algumas: Imunoglobulinas (primeira linha de defesa imunológica); síntese de aminoácidos, como o tryptofano, que vai produzir lá no cérebro a serotonina; vitaminas do complexo B; ácidos orgânicos protetores da mucosa intestinal e, portanto, preventivo do câncer de cólon; e a produção de hormônios responsáveis pelas sensações de saciedade. Portanto, com menos fome, mais saciedade, vou comer menos e por consequência perco peso.
Para finalizar, as medicações antiobesidade são importantes em várias situações clínicas, porém em hipótese alguma darão certo a médio e longo prazo, sem que haja alterações nos hábitos de vida. É isso aí! No meu entendimento não há e não haverá droga capaz de atuar na complexidade da obesidade, em seus múltiplos aspectos e em suas várias facetas, muitas delas ainda desconhecidas. Medicação é um coadjuvante no tratamento para a perda de peso e não a parte principal. Vamos deixar o imediatismo de lado e focar no que realmente interessa. Boa semana a todos, com muita saúde.