Conforme postei há 2 dias em meu site www.icaro.med.br :
O texto abaixo está aqui reproduzido sob autorização do Dr.
José Carlos Brasil Peixoto, médico, conforme original publicado no seu site. É
um texto algo longo mas que MUITO BEM explica e desmistifica vários aspectos
atinentes ao uso consciente de hormônios na busca e manutenção de real saúde
para qualquer paciente que precise, em qualquer idade; na minha opinião, é
leitura obrigatória para quem quer saber mais sobre hormônios e sua vasta
utilidade para a saúde humana, tudo bem embasado em evidências científicas
suficientes e inquestionáveis; enfim: leia e forme sua própria opinião...
“HORMÔNIOS BIOIDÊNTICOS A REVOLUÇÃO TERAPÊUTICA
Idealização, preconceitos e realidade
José Carlos Brasil Peixoto, médico
Recentemente o tema hormônios bioidênticos tem sido objeto
da mídia. O termo tem inúmeras referências em sites de busca na
internet e já foi alvo de reportagens em rádio e televisão. Como em outras questões ligadas à saúde, surgem controvérsias e posicionamentos radicalizados. Possivelmente isso poderá ter adeptos e detratores que eventualmente pareçam-se como torcedores de time de futebol. Mas não é um tema sujeito a esse tipo de postura, se de fato o público em geral entenda as premissas corretas
do conceito subjacente à fisiologia envolvida e do que se trata
– objetivamente – um tratamento com hormônios ...verdadeiros.
Uma breve história dos esteróides
O emprego de substâncias que se comportam como hormônios
esteróides não é exatamente uma novidade. O primeiro análogo de hormônio
esteróide feminino, o etinil-estradiol, foi sintetizado em 1938, na
Alemanha(1). Outro análogo, de uso em larga escala, seria o Premarin®, que é
obtido da urina de éguas prenhas, chamado capciosamente de estrógenos
conjugados naturais,(2) embora não tenha o perfil hormonal da espécie humana, chegou
ao mercado em 1942.
Mas o emprego de extratos hormonais como fonte de
rejuvenescimento é mais antiga. Tem-se noticia que em 1889 um professor de
Harvard teria testado em si mesmo um elixir da juventude que nada mais era do
que extrato de testículos de animais, que o teria deixado com energia e
sensação de grande bem estar. Nesse caso o hormônio em pauta seria a
testosterona.
Os esteróides sexuais só foram isolados 40 anos após, por um
bioquímico americano. Pouco depois foi isolada a testosterona (1931). Mas
foi a descoberta da conexão entre o colesterol e os hormônios sexuais que
habilitou a primeira síntese, parcial, em laboratório, que logo em seguida, em
1939, permitiu a síntese de pregnenolona a partir do colesterol.
Vários hormônios não esteróides, ou seja, não derivados do
colesterol foram descobertos antes disso, o que inclui a adrenalina, os
hormônios da tireóide e a insulina.
Essa particularidade de “nascença” – derivado do colesterol
- torna os esteróides hormônios bastante particulares. Afora, é claro, abranger
o grupo dos hormônios sexuais, não se pode esquecer que sua família inclui
outros atores importantes. O cortisol e seus derivados, com funções quase
infinitas na fisiologia humana, e a aldosterona (gerente do equilíbrio ácido
básico, das taxas dos minerais que são controlados nos rins, basicamente sódio,
potássio e o cloro, além de manter o volume de água corporal) que tem grande
papel no equilíbrio da pressão arterial.
O grande impulso ao uso difundido de substâncias que se
comportam como esteróides sexuais, foi dada pelo médico americano Robert
Wilson, tido como o pai daquilo que ficou conhecido como terapia de reposição
hormonal(3). Seu alvo foram mulheres da menopausa. O objetivo partilhava as
antigas idéias do elixir da juventude. O título de seu famoso livro: Feminine
forever (Feminina para sempre) sugeria isso.
Problemas comprovados
O uso de esteróides compõe um extravagante tema médico. A
natureza, as aplicações e as implicações das substâncias abrangem uma vasta
área de utilização. Da síntese das pílulas anticonceptivas aos aditivos
utilizados por atletas, do tratamento de inúmeros transtornos ligados à
sexualidade, às aplicações dos corticóides sintéticos para alergias ou
reumatismo, os esteróides são de longe um dos mais importantes temas de
farmacologia, infelizmente mais do que da própria fisiologia. Assim suas
potencialidades terapêuticas superaram as cautelas que deveriam ter sido
observadas prévias ao uso quase irrestrito.
O maior choque seria a comprovação de que o uso da terapia
hormonal convencional, baseada nos imitadores hormonais (basicamente Premarin®
e Farlutal ®) seria mais arriscado do que benéfico para mulheres como
tratamento do climatério. O aumento substancial de câncer de mama, derrame e
doença tromboembólica não superaria as eventuais vantagens de um sedutor bem
estar. Essa afirmativa não é mais um temor especulativo ou um preconceito
retrógado. Os estudos do WHI não deixam dúvidas: hormônios artificiais usados
na badalada reposição hormonal FAZEM MAL!(5)
Lamentavelmente isso nunca foi explicado com todas as letras
pela mídia. A terapia de reposição hormonal ordinária não utilizava os
hormônios humanos exatamente. Utilizava substâncias parecidas, mas não iguais.
De certa forma isso gerou outro tipo de preconceito, fruto de ignorância ou
honestidade duvidosa: hormônios artificiais, (ou dosagens artificiais, ou
formas de uso artificiais, quem sabe baseados em mensurações laboratoriais
equivocadas) geram problemas! E daí?
Por outro lado o uso largamente difundido de anabolizantes
continua sendo uma área muito promíscua das pseudo-terapias com produtos de
ação hormonal esteróide. Nesse caso o problema é que a ambição do uso de
imitadores de testosterona visa modificar as potencialidades corporais, onde os
esportistas e fisiculturistas empregam doses elevadas de androgênios, o que
trouxe à público uma série de complicações e efeitos co-laterais ligados a essa
forma de emprego. Um dos escândalos do uso de esteróides anabolizantes diz
respeito ao uso perverso dessas substâncias em atletas do sexo feminino da
Alemanha Oriental, que ganharam muitas medalhas em esportes como a natação.
...E transtornos sexuais para o resto de suas vidas.
Se de um lado tínhamos efeitos por adição ao organismo dos
esteróides como substâncias artificiais e de uma forma artificial, por outro
lado tivemos as imputações imprecisas que diziam respeito ao apavorante tema do
câncer.
Charles Huggins foi um dos primeiros a considerar a ligação
entre testosterona e câncer de próstata. Embora tenha lhe rendido um Nobel de
Medicina, seus estudos pioneiros seriam revisados mais tarde e comprovados
serem “um pouco” precipitados em termos de conclusões. Mas suas equivocadas
idéias se arraigaram irreversivelmente ao pensamento médico contemporâneo.
De outro lado a natureza óbvia dos cânceres hormônio-dependentes
nublou o entendimento médico da relação entre o estrogênio e o câncer.
Tanto no que diz respeito ao estradiol – relacionado com
câncer de mama – e a testosterona – relacionada ao câncer de próstata, um
aspecto singelo da reflexão foi eclipsado: não é a simples presença que gera
câncer. Adolescentes têm altas taxas desses hormônios e não costumam ter esse
tipo de patologia. Obviamente há algo a mais no contexto da ação desses
esteróides no que diz respeito às doenças malignas. Mas a simplificação
exagerada demonizou esses onipresentes agentes hormonais. Quem está sempre
presente sempre pode ser acusado de alguma coisa, porque não?
Mais extravagante ainda seria a eventual imputação da
progesterona ao câncer. Leve-se em conta que a melhor demonstração
antropológica pode conduzir qualquer mente – mesmo pouco agraciada com a
perspicácia - uma inequívoca constatação: a gravidez, situação onde as taxas de
progesterona sobem estratosfericamente, não pode ser um risco de doença fatal
para qualquer espécie que queira se impor no mundo natural. Obviamente esse
tipo de reflexão pode ser audacioso demais para muitos estudiosos, inúmeros experts
de mídia que tentam também responsabilizar um hormônio tipicamente maturador (o
oposto do câncer: células imaturas) ao surgimento de tumores malignos.
A ecologia tentou ajudar
Nos anos oitenta uma descoberta foi decisiva para dar um
conhecimento fundamental à compreensão dos hormônios esteróides. Estudos de Ana
Soto (4) demonstraram de forma indiscutível como funcionaria a poluição
ambiental na saúde hormonal. Sua descoberta de que substâncias que saíam de
tampas de plásticos que faziam parte de seus tubos de ensaio contaminavam
culturas de células de câncer de mama, provocando multiplicação inesperada.
Os nonilfenóis seriam os primeiros de um grupo heterogêneo de compostos
químicos com ação estrogênica inequívoca, onde nomes difíceis como o bisfenol-A
e dietilhexil ftalato, se somariam a um amplo conjunto de substâncias químicas
que não apenas estariam na composição de produtos plásticos, mas participariam
de agrotóxicos, produtos de toalete e perfumaria, detergentes, e uma infinidade
de produtos tipicamente frutos do desenvolvimento pós-guerra.
Isso formaria um mosaico de fronteiras imprecisas que podem
ficar sob a denominação dos DISRUPTORES HORMONAIS. Derivados químicos que se
comportam como hormônios, basicamente estradiol, afetam todos os seres vivos da
cadeia alimentar, se armazenando nas gorduras dos mesmos. Apesar de muitos
teóricos tentarem reduzir sua importância, advogando que a expressão química é
fraca (nos Estados Unidos, obviamente), a sua persistência, virtualmente
infinita produz problemas. Não faltam pesquisas sobre o tema. E ações também.
Por algum motivo os governos do Canadá e Europeus não acreditaram nessa
história de ação estrogênica fraca e PROIBIRAM mamadeiras de plástico ou
brinquedos plásticos chineses. No mínimo uma questão de razoável bom senso: por
que colocar a população em risco, aliás, um risco obviamente desnecessário.
A ação estrogênica de produtos agrotóxicos não seria acidental.
“Estrogenizar” indivíduos de uma espécie poderia inviabilizar sua
multiplicação. Uma típica ação de produtos que seriam utilizados como veneno.
Não permitir reprodução é claro que mata uma praga. Desafortunadamente os
sábios pesquisadores esqueceram-se de mensurar que tudo que consumiria a praga,
ou os produtos “protegidos” contra essa praga poderiam perpetuar a ação
esterilizante dessa substância química. E esqueceram que o estradiol é
impressionante ativo, mesmo em discretíssimas, homeopáticas concentrações.
“Estrogenizar” o inimigo é uma das formas que certos membros
do reino vegetal se utilizam para frear as populações de seus predadores.
Chamados de fitoestrógenos, essas substâncias não são de forma alguma dádivas
da mãe natureza para reparar transtornos de mulheres com problemas hormonais. O
excesso de fitoestrogênios já foi reconhecido como um problema para reprodução
de mamíferos, como aconteceu na doença do trevo(6). Os excessos de fitoestrogênios
presentes em produtos popularizados sob o massacre da mídia, como o extrato de
soja (ardilmente chamado de leite de soja) não conseguiram mais sensibilizar os
diretores de saúde no Reino Unido que já em 2004 praticamente proibiu a
recomendação desse tipo de produto artificial como alimentação de crianças como
prática pediátrica. A feminização de meninos não seria um risco razoável a ser
enfrentado. (7)
A ecologia nos deixou um legado muito importante:
substâncias similares aos hormônios produzem efeitos semelhantes aos hormônios
endógenos, mas podem produzir outros efeitos distintos e imponderáveis.
Teoricamente qualquer substância com esse perfil bioquímico se encaixaria nessa
definição. Ou a substância é quimicamente idêntica, ou é um disruptor em
potencial. Infelizmente quase todos os medicamentos que compõe o arsenal dos
tratamentos hormonais: anabolizantes, anticoncepcionais e os medicamentos das
reposições hormonais tradicionais para a menopausa - podem cair na segunda
categoria. Se há problemas com esses tratamentos porque não supor que essa pode
ser uma boa justificativa – ser um disruptor hormonal?
Demonizando a gordura
O papel da gordura na fixação dos agentes poluidores não foi
mais esquecido, mas não foi devidamente esclarecido. Esteróides e substâncias
que imitam esteróides tem alta afinidade por gorduras. Culpar as gorduras por
serem tóxicas por si só é uma clara demonstração da carência intelectual da
moderna e pomposa cultura pop da atualidade. A ignorância, o sofisma e o
preconceito nunca deixaram de estar em alta. A gordura virou causa de câncer para
experts com pressa demais para pensar no que estão dizendo.
Se algum deles bradar que o câncer de mama pode estar
relacionado à gordura, o que qualquer oráculo de bazar de 1,99 pode dizer e
repetir exija-se que ele aprimore sua acuidade explicativa. Pode ser que alguns
se lembrem que a poluição produzida pela indústria de agrotóxicos, remédios e
alimentos podem contaminar a gordura (natural) que infinitas gerações de seres
humanos lutaram para poder se nutrirem (saudavelmente por sinal). Assim, não a
gordura, mas aquilo que o homem produziu acabou sendo a causa do problema.
Claro que outros experts afirmam que a obesidade tem relação
com o câncer de mama. É possível. A mesma relação que a obesidade pode ter com
uma complexa teia de situações patológicas. Seja uma eventual resistência à
insulina, uma falta de atividade física, o consumo um pouco exagerado de
carboidratos, e naturalmente um inevitável estresse crônico que deve envolver
essa pessoa. É bem possível que haja conexão dessa gama de situações com
doenças graves e degenerativas como a diabetes, hipertensão, enfermidades
psíquicas e mesmo um câncer. Poderíamos fazer um inventário de premissas e
entender com sapiência essa cascata ou teia de eventos patológicos. Ou culpar a
gordura. Não é a verdade, mas economiza raciocínio.
Naturalmente, sob a questão do tecido adiposo reina um ponto
com relação à formação de hormônios. A estrona é produzida pelo tecido
gorduroso e se transforma em estradiol. Pode fazer diferença na situação de
predominância estrogênica.
Difícil de ser mensurado adequadamente
Uma particularidade dos esteróides que pode ter auxiliado
negativamente na reputação desses hormônios é de fato serem derivados do
colesterol. Isso trouxe uma dificuldade importante num dos pilares de controle
de uma substância de potencial uso medicamentoso: a precisão das dosagens de
sangue.
Porque isso ocorre? Pelo fato do sangue ser hidrofílico, e
como se sabe água e gordura não combinam. Os esteróides têm base lipídica e não
podem ser transportados na forma ativa pelo sangue. Quando se mede, por
exemplo, a progesterona no soro sangüíneo, basicamente se mede a fração
hormonal sem atividade fisiológica. Isso vale para todos os esteróides. A
fração percebida nos exames de sangue está associada a proteínas, que carregam
esses hormônios. São conhecidas como lipo-proteínas, e algumas abreviaturas são
bem populares: LDL e HDL, pois carregam também o colesterol (do fígado para os
tecidos, e vice-e-versa).
Para se ter uma idéia mais precisa das taxas hormonais são
necessários exames mais acurados. Na prática laboratorial disponível o melhor é
o exame salivar de esteróides livres. Como não fazem parte do protocolo usual
de exames laboratoriais que são solicitados rotineiramente, pode-se inferir que
as reais taxas hormonais jamais foram bem avaliadas nos habituais check-ups.
Pode-se também imaginar que tipo de padrão pode ter sido
utilizado para acompanhar avaliações terapêuticas. Se os tratamentos hormonais
são controversos, parte do problema pode ter sido a crônica falta de precisão
de aferimento. Os resultados clínicos podem parecer discrepantes com os dados
laboratoriais. Mas em essência esses dados são distintos da realidade.
Hormônios bioidênticos e o equilíbrio hormonal
Bem, considerando tudo o que já foi visto, não é muito
difícil imaginar como o manejo dos hormônios como forma de tratamento ganhou
uma configuração sujeita a controvérsias.
Há muitos mal entendidos no meio do caminho.
Um médico americano, John R Lee, porém, percebeu que o
problema estava em vários momentos de um tratamento hormonal, e iniciou uma
proposta terapêutica diferente, apesar de tentar ser a mais fidedigna com a
fisiologia: o uso de progesterona para os transtornos da menopausa. Mas a
progesterona mesmo. Quando pesquisamos na internet sobre a progesterona nos
deparamos com freqüência com um termo tendencioso: progestinas. A progesterona
não é um grupo de hormônios! É um hormônio singular. Tem uma fórmula única, e
nada que não tenha esta fórmula química pode levar o seu nome (C21H30O2). O
termo progestina deve ser reservado a tudo aquilo que se comporta de forma
aproximada à progesterona endógena, mas que de forma alguma faz exatamente a
mesma coisa, de acordo com os princípios do conhecimento dos disruptores
endócrinos, já citado. Dessa forma não existem de forma alguma dispositivos
uterinos feitos de progesterona, apenas de progestinas.
Como a confusão já estava feita, ele traz a tona o termo
hormônio bioidêntico, que indiferentemente das fontes de origem e produção,
deve cumprir uma exigência inegociável: exatidão química com os hormônios
endógenos.
Isso pode parecer uma redundância, mas como ficou muito
difundido que o uso de hormônios se aplica ao tratamento com quaisquer
substâncias que se comportem de forma semelhante (aos hormônios reais é claro),
essa nova adjetivação reduziria as substâncias a um grupo de poucos atores.
Todos mensuráveis em seres humanos saudáveis, mesmo aqueles que, naturalmente,
não fazem uso de quaisquer hormônios.
Isso se aplica especialmente a alguns medicamentos que não
tem como ser medidos normalmente em seres humanos. A tibolona(7), muito
utilizada sob o generoso apelido de reposição hormonal, não pode ser mensurada
num ser humano normal, portanto jamais estaria sujeita a estar faltando.
Curiosamente é um repositor. Uma possível extravagância cognitiva, repõe algo
que não está em falta, ...nunca!
O dr. John Lee configurou as várias premissas de um
tratamento hormonal. Um conceito muito importante é a noção de equilíbrio
dinâmico: os hormônios não são peças estáticas, e estabelecem relação de ajuste
mútuo, pois eles se contrapõem entre si. Os esteróides estão numa mesma linha
de produção. Podem ser parcialmente intercambiáveis, mas sempre podem chegar ao
final da linha de produção como... estrogênios. Isso explica, por exemplo,
porque alguns tratamentos com altas doses de androgênios poderiam levar à ginecomastia
(crescimento de mamas) em homens.
Usar as menores doses necessárias, com substâncias idênticas
às produzidas pelo organismo, levando em conta a perspectiva do equilíbrio de
forças, e principalmente seguindo as rotas de absorção que dêem mais similitude
aos processos fisiológicos, vai compor o que tem sido chamado de Modulação Hormonal
Bioidêntica. Nesse aspecto a forma como os hormônios bioidênticos são
empregados é tão importante quanto a possibilidade de se manter um acompanhamento
das taxas livres salivares, com um cálculo das proporções consideradas
saudáveis entre eles. Já no que diz respeito da forma de emprego, o uso de gel
ou creme transdérmico é pilar fundamental da terapêutica. Sob a forma de
solução ou pastilhas sublinguais seriam as únicas formas do uso pela via oral.
As outras formas de uso são excepcionais ou simplesmente equivocadas. Deve-se
considerar ainda no conceito de equilíbrio, o conjunto de forças hormonais
ambientais e alimentares que pressionam o organismo em relação à presença de
imitadores estrogênicos ativas no organismo. Essa situação foi denominada de
Predominância Estrogênica pelo dr. Lee.
O uso de hormônios bioidênticos é a base do tratamento dos
distúrbios associadas ao envelhecimento. Por isso vários protocolos dos
tratamentos anti aging começam com o uso sensato desses hormônios. Numa
situação fronteiriça se encontram os efeitos negativos do estresse crônico
contra o equilíbrio hormonal endógeno. Assim o tratamento do estresse também
pode necessitar deles. Uma série de distúrbios associados a disfunções
hormonais de vários tipos também (endometriose, miomas etc.)
É possível que a única forma concreta de prevenção de
doenças como o câncer de mama ou de próstata envolva o uso desses hormônios.
Porém, longe de ser uma panacéia, o emprego dos hormônios biodênticos
reafirma uma perspectiva de veneração da natureza se expressando no organismo
humano como uma coleção de eventos fisiológicos que parecem que só agora,
começam a ser devidamente respeitados. Não é um tema que se preste a posturas
sectárias. Necessita fundamentalmente que se saiba olhar com atenção e
desprendimento para a natureza biológica do ser humano.
Exige simplesmente sabedoria, e sensibilidade.
Quem pode precisar de hormônios bioidênticos:
- Síndrome sintomática da menopausa (inclui calorões, secura
vaginal, falta de libido, etc.)
- Portadoras de endometriose;
- Sintomas ligados ao fluxo menstrual (TPM, alteração de
ciclo, fluxo excessivo, dor de cabeça, etc);
- Sintomas ligados à andropausa;
- Suporte ao tratamento dos vários níveis de estresse
crônico;
- Suporte ao tratamento de problemas típicos da terceira
idade;
- Suporte ao tratamento de alguns transtornos
psicoemocionais, genericamente chamados de estados de ansiedade ou depressivos;
- Talvez como única alternativa real de prevenção de doenças
malignas (como câncer de mama ou próstata).
- E outros mais.
Tratamentos naturais x bioidênticos x convencionais
Não faça confusão: os chamados tratamentos naturais para
menopausa são feitos normalmente com substâncias fitoterápicas, que podem ter
ação relativamente benéfica no controle alguns sintomas, mas não é de forma
alguma uma alternativa de equilíbrio de taxas dos hormônios endógenos. De um
modo geral seus benefícios são parciais e transitórios. Outras vezes não passa
de um equívoco, como pode ser o uso de substâncias que se comportam como
estrogênio, se o problema mais comum é a falta de progesterona. O uso de
substâncias como as populares isoflavonas podem piorar o status de
Predominância Estrogênica e vir até mesmo a potencializar situações ligadas a
essa perturbação fisiológica.
Hormônios bioidêntico é como se fosse o emprego dos próprios
hormônios, que apesar de vir do meio externo, cumpre, sem qualquer detalhe
distinto, a fisiologia própria do corpo humano. Enquanto os imitadores
hormonais dos tratamentos convencionais agem sobre os receptores como chaves
semelhantes, mas ao portarem estrutura diversa, sempre podem (e vão) interferir
de forma inesperada nos “alvos” metabólicos, os hormônios bioidênticos vão
sempre ofertar ao organismo um conjunto de reações amplamente reconhecidas nos
processos fisiológicos da intimidade endócrina.
Obs.:
(1) Laboratório Schering AG, por Hans Herloff
Inhoffen e Walter Hohlweg;
(2) O PRE(gnant)MA(re)(u)RIN – tem 50% de
estrona, que será metabolizado em estradiol no corpo humano, mais 15 a
25% de equilin, além de um percentual menor de equilenin;
(3) A primeira fase da terapia de reposição seria
chamada de TRE. ou Terapia de Reposição de Estrogênio, mas foi modificada com o
uso da progestina artificial medroxiprogesterona, ficando com a denominação de
TRH, essa modificação teria por objetivo proteger o útero do câncer de
endométrio, que ocorria como conseqüência do excesso de estímulo do uso isolado
do estrogênio;
(4) Ver livro “O Futuro Roubado”, editora LP&M;
(5) Artigo original publicado no jornal médico
New England Journal of Medicine, (texto em inglês) ver link: http://content.nejm.org/cgi/content/short/360/6/573
(6) Austrália, 1940, substância ativa fermononetin,
um tipo de isoflavona;
(7) Recomendação do Ministério da Saúde
publicada no CMO’s Update 37, de janeiro de 2004, Reino Unido;
(8) Tibolona é vendida no Brasil sob vários
nomes comerciais: Livial®, Reduclim®, Libiam®, entre outros.
José Carlos Brasil Peixoto”
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