Esta é a primeira de duas matérias onde iremos apresentar diversas teorias relacionadas a nutrição esportiva muito utilizadas, não só por fisiculturistas, mas também por muitos outros profissionais das mais variadas modalidades esportivas, para conseguirem mais volume e melhor qualidade muscular.A bem da verdade, essas dietas não são tão secretas assim. São do conhecimento da maioria dos bons profissionais ligados à área da nutrição esportiva, porem desconhecidas da grande maioria da população.
Nesta primeira parte falaremos sobre a Anabolic Burst Cycling of Diet and Exercise (ABCDE).
Muitos que arriscaram essa metodologia afirmam ser ela tão eficiente quanto a utilização de anabólicos esteróides. Alguns atletas de musculação, já experimentados, chegaram a ganhar mais de cinco kilos de massa muscular com redução significativa do percentual de gordura. Tal teoria foi desenvolvida pelo sueco Torbjorn Akerfeldt, da Universidade deUppsala.
A teoria de Torbjorn consiste basicamente em alternar duas semanas de alta ingestão calórica com duas de baixa ingestão.
Segundo Torbjorn para se encontrar o total calórico à ser ingerido na fase de alta ingestão calórica ou hipercalórica, multiplica-se o peso em kilogramas por 27 e a esse total soma-se 1500 (por exemplo: supondo que seu peso seja 80 kl / 80 X 27 = 2160 + 1500 = 3660, portanto o total calórico à ser ingerido nessa fase seria de 3660 calorias). Na fase de baixa ingestão ou hipocalórica basta multiplicar seu peso por 18 (80 X 18 = 1440, portanto na fase hipocalórica deveria-se fazer a ingestão de 1440 calorias).
Dependendo do metabolismo de cada individuo, esses números podem variar, portanto Torbjorn Akerfeldt recomenda que no caso de não haver ganho de peso na fase hipercalórica sejam acrescentadas 500 calorias nessa fase. E no caso de não haver redução ponderal na fase hipocalórica, reduzir 300 calorias do total calórico nessa fase.
Torbjorn definiu esse período de duas semanas baseado nos resultados de um estudo feito por FORBES et al (1989) onde um aumento do total calórico diário de 1.200 para 1.600 calorias ocasionou uma elevação dos níveis de IGF-1, testosterona e insulina, sendo que a última dobrou em 14 dias, porém após o 14° dia de superalimentação as taxas destes hormônios voltaram a cair. Ao final da pesquisa - que não incluiu musculação em sua metodologia e foi realizada em mulheres - os indivíduos ganharam em média entre 1,5 e 3 quilos de massa magra, além é claro de alguns gramas de gordura. JEBB et al (1996) realizou em estudo em homens e verificou ganhos médios de 2 quilos de massa magra e 0,9 de gordura em apenas 12 dias quando submetidos a dietas hipercalóricas (3.600 kcal). Após estes doze dias, os indivíduos foram submetidos a restrição calórica (consumindo somente 1.000 kcal por dia) e perderam em média 2 quilos de gordura e apenas 1 de massa muscular. Calculando: gordura = 0,9 – 2 = -1,1 Kg; massa magra = 2 – 1 = 1 Kg. Ou seja, ao final havia 1 quilo a mais de massa magra e 1,1 a menos de gordura que no início (sem atividades físicas incluídas na metodologia)!! A sobrealimentação se mostrou mais anabólica do que o treinamento com pesos propriamente dito. O que passa na cabeça de muitos nesse momento é: imagina se eles praticassem musculação!!
Diante de uma alta ingestão calórica, ocorrem diversas reações metabólicas que levam a um maior acumulo de reservas alimentares a curo prazo. Em algumas pesquisas (CHIANG, et al, 1988; ODDOYE, et al, 1979 ) verificou-se que o favorecimento do anabolismo esta mais relacionado a quantidade do que ao tipo de alimento ingerido. Por exemplo, CHIANG, (1988) revelou que com o aumento de 15% na quantidade de calorias ingeridas houve um aumento na retenção de nitrogênio de 7,2 mg/Kg/dia para 23,8 mg/Kg/dia. Quando o aumento das calorias foi de 30% a taxa de retenção de nitrogênio subiu para 33,3 mg/Kg/dia, detalhe é que nesta dieta a quantidade de proteínas foi mantida em 1,25g /Kg/dia, o que para muitos é considerado baixo. Para Torbjorn, os resultados ocasionados pelas dietas hiperproteicas, hiperglicídicas e até mesmo hiperlipídicas, são aparentemente devido a mudança nos hábitos alimentares e não ao tipo de dieta propriamente dita.
Durante a fase de saturação do método ABCDE as células ficam cheias com glicogênio, água, aminoácidos e gorduras. De acordo com HÄUSSINGER (1990 e 1993) e MILLWARD (1995) neste estado as células se "esticam", aumentando de tamanho, o que causa um remodelamento do tecido conectivo e favorecendo o crescimento da fibra muscular. Após a célula estar "cheia" e as condições hormonais forem favoráveis, podem, segundo Torbjorn Akerfeldt, acontecer duas coisas: aumento das proteínas contráteis (actina e miosina); e a ativação de células satélites e conseqüente aumento do número de núcleos celulares. Considerando que o DNA está presente no núcleo celular e que é a partir dele que se forma o RNAm, o qual , por sua vez, comanda a síntese protéica, então ...
Durante a fase hipocalórica deve-se tomar cuidado com a hipoglicemia, a recomendação é: distribuir bem suas refeições em pequenas e numerosas porções ao longo do dia. Outra indicação do sueco é a ciclagem de proteína durante a fase hipocalórica, alternando três dias de baixa ingestão (1 a 1,2 g/Kg) com três de alta ingestão (2 a 2,5 g/Kg).
Para Torbjorn Akerfeldt deve-se ajustar o treino de acordo com a dieta, ou seja, treinar pesado na fase hipercalórica e diminuir a intensidade na hipocalórica. O cientista não recomenda esta dieta para obesos, usuários de drogas que afetem o sistema endócrino ou portadores de disfunções endócrinas ou metabólicas que possa ser agravadas pelo sistema ABCDE.
NOTA - As metodologias contidas neste texto são teorias e devem ser encaradas como tal e não como verdades absolutas. Lembre-se: use as informações com responsabilidade e senso crítico , procure um profissional antes de submeter-se a qualquer dieta ou programa de atividades físicas e não tenha medo de utilizar proteínas e carboidratos em pó, eles são excelentes fontes de alimento.
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