quinta-feira, 29 de março de 2012

3 MITOS em Saúde – Tratamento do Hipotireoidismo


Aqui na Liga já falamos sobre os 3, mesmo que “de leve”, mas achei por bem aprofundarmo-nos um pouco... Até porque em consultório têm sido raros os pacientes que não têm dúvidas ou conceitos inadequados sobre pelo menos um destes assuntos (a maioria, sobre todos).  E que fique claro: o objetivo do artigo é esclarecimento e NÃO substituir uma consulta por médico capacitado!

MITO: “O tratamento do hipotireoidismo é sobretudo via reposição de T4 sintético da tireóide Levotiroxina, disponível comercialmente em 4 formas (Levoid, Synthroid, Euthyrox e Puran T4)”  

Vamos por partes...
-        A tireóide de alguém com Hábitos de Vida ruins NUNCA vai funcionar normalmente, tendendo mais comumente ao hipotireoidismo (mesmo que tardio) por que como já disse anteriormente: hábitos de vida ruins deixam faltar nutrientes para o cérebro que, reflexamente, comanda redução do metabolismo (em boa parte por “frear” a tireóide) – Ou seja: o primeiro e mais importante passo para tratar qualquer distúrbio, inclusive de tireóide, é melhorar seu estilo de vida habitual (mais nas seções de Metabolismo e de Hábitos Saudáveis em www.icaro.med.br)
-        Definição de hipotireoidismo, de acordo com a Wikipédia: “Hipotiroidismo ou hipotireoidismo é a deficiência dos hormônios produzidos pela glândula tireóide: a tri-iodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Essa condição provoca fadigasonolência, lentidão muscular, aumento do peso corporal, diminuição da frequência cardíaca e mixedema, o desenvolvimento de aspecto edematoso em todo o corpo”. Aqui já vem o primeiro questionamento no mínimo curioso: se o problema é a deficiência de T4 E T3, por que só o T4 é vendido “comercialmente”?
-        A tireóide precisa de iodo para fabricar seus hormônios ou não haverão T4 ou T3 (Saiba bem mais sobre em http://www.lef.org/magazine/mag2011/oct2011_The-Silent-Epidemic-of-Iodine-Deficiency_01.htm) e a maior parte da humanidade tem carência de iodo (ou você acha que o sal seria iodado por que? Mas não há uma guerra declarada ao sal? Bem... A reposição de iodo assim “vai no mesmo barco”...); portanto, é mais que razoável ANTES de ir para a reposição hormonal (ou junto a ela) cogitar seriamente repor o iodo no organismo a ser tratado.
-        Muitas são as substâncias que ajudam a expoliar iodo do organismo, como Flúor (abundante na água e cremes dentais), Cloro (presente na água sanitária, piscinas e mesmo algumas bebidas, entre vários outros lugares) e Bromo (muito usado pela indústria da panificação): quanto mais destas substâncias no organismo, mais iodo é “empurrado para fora” do organismo; some-se a isso que até exercício físico faz perdermos MUITO iodo, via suor.
-        A tireóide produz principalmente o T4 que PERIFERICAMENTE será convertido pelos tecidos-alvo em T3 e este sim: é hormônio 4 a 7 vezes mais “forte” que o T4 e por isso é o T3 o realmente ativo. Entretanto, ocorre que a maioria das pessoas ou não converte T4 em T3 adequadamente (seja este T4 sintético ou o seu mesmo, natural - Harvard identificou isto em estudo, há alguns anos) ou converte muito do hormônio sintético que toma em T3 reverso, hormônio ainda sem função conhecida no organismo humano e portanto considerado “improdutivo” (http://www.hormoniobioidentico.com.br/tireopausa-ou-parada-dos-hormonios-tireoidianos/);
-        A conversão periférica do T4 em T3 é reduzida por vários fatores, a exemplo da carência de selênio, níveis muito altos de insulina ou cortisol (hormônio de stress), muito baixos de testosterona e problemas hepáticos;
-        Um hormônio bioidêntico (Saiba mais em http://www.bioidenticos.com/)  é um molecularmente igual ao produzido pelo seu organismo, o que ocorre com o T4 realmente bioidêntico, a “levotiroxina base”. Só que os tratamentos prescritos “por aí” são feitos basicamente via Euthyrox, Synthroid, Levoid ou Puran T4, que são “levotiroxina sódica”... ou seja, este T4 sódico NÃO é a mesma coisa que o T4 base! Confira você mesmo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Levotiroxina  e http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/summary/summary.cgi?cid=23666112  -  E qual é a conseqüência disto (caso você não tenha lido o link sobre “bioidênticos”)? Simples: uma substância diferente (mesmo que minimamente) vai ter encaixe diferente no receptor e isso pode trazer efeitos menores, anômalos e até por vezes “indesejáveis”.

É claro que tudo isto é só a MINHA opinião sobre o assunto, ainda que, como sempre, embasada não só tecnicamente em muito estudo constante, mas também em experiência de consultório; mas pergunte, leia, pesquise, estude, discuta e forme o seu próprio conceito: afinal, se juízo critico é sempre importante, imagine quando é a sua Saúde que está “em jogo”...

Lembrando que nas 2 semanas anteriores falei sobre os mitos:
“Colesterol tem que ser baixado (e mantido “baixo”) “de qualquer forma”
e
“O principal no tratamento para depressão/ansiedade são antidepressivos/ansiolíticos”


Um abraço e está aberta a discussão... Até breve!

Dr. Ícaro Alves Alcântara
www.icaro.med.br










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