terça-feira, 2 de agosto de 2011

Síndrome do Ovário Policístico X Nutrição...



A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das desordens endócrinas mais freqüentes em mulheres na idade reprodutiva, com prevalência de 6 a 10%, representando 20 a 30% dos casos de infertilidade feminina.  O quadro clínico da SOP é variável, mas, em geral caracteriza-se por produção excessiva de pêlos e/ou acne, com ausência de ovulação associada a distúrbio menstrual e infertilidade. A SOP é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (devido a resistência à insulina que normalmente este grupo apresenta), doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão, infertilidade e câncer do endométrio.
Apesar dos avanços no conhecimento da doença, sua causa ainda não está totalmente esclarecida. Alteração na secreção de gonadotrofinas, excessiva produção androgênica além da resistência periférica à insulina têm constituído os principais mecanismos envolvidos na fisiopatologia da SOP.
Estudos mostram que pelo menos 50% das mulheres com SOP são obesas. Esse é um dado importante, pois a quantidade de gordura corporal (principalmente a visceral) exerce um papel importante devido à inflamação causada pelo excesso de tecido adiposo, que produz várias substâncias inflamatórias que interferem na sinalização da insulina, e consequentemente em um aumento na produção de radicais livres que pode piorar o quadro (entenda mais sobre o assunto na Liga da Saúde: http://ligadasaude.blogspot.com/2011/06/o-equilibrio-das-moleculas.html)
Para o tratamento, é primordial mudanças no estilo de vida com introdução de alimentos adequados, suplementação (se necessário) e prática de exercícios físicos regulares, que juntos  podem ser um grande aliado para a perda de peso e consequentemente melhora da sensibilidade à insulina, o que pode ser um fator determinante na redução dos sintomas.
Para tratar nutricionalmente uma paciente com SOP dentro da visão da Nutrição Funcional, é imprescindível não somente a tentativa de melhorar os sintomas e a característica da síndrome (como obesidade, resistência à insulina, hiperandrogenia e infertilidade), como  também prevenir as patologias a elas associadas, além de tentar restabelecer o equilíbrio bioquímico dos pacientes,  respeitando a individualidade de cada uma.
Seguem algumas condutas imprescindíveis para o sucesso do tratamento:
ALIMENTOS E HÁBITOS QUE DEVEM SER ELIMINADOS (pois reduzem a sensibilidade à insulina):
- Retirar embutidos em geral (presunto, salsicha, linguiça, e similares);
- açúcares (balas, chicletes, doces, biscoitos recheados...);
- carnes vermelhas em excesso;
- longos períodos em jejum (tempo superior a 4 horas);
- sedentarismo;
- refrigerantes de qualquer espécie;
- carboidratos refinados (pães, massas, biscoitos, salgados...);
- leites e derivados;
- comer excessivamente;
- ingestão de gorduras saturadas e trans.
Na sequência, é necessário também ingerir  boas fontes de Ômega 3, grãos e cereais integrais, vegetais verdes escuros (priorize os orgânicos sempre que possível), canela, chá verde, cacau, batata Yacon, linhaça, amido resistente (presente na banana verde) além de nutrientes  como Vitamina E, Vitamina A, Selênio, Magnésio, Zinco, Manganês, Cromo, Vitamina C, Vitamina D, Ácido Lipóico, Resveratrol, Coenzima Q10, Vanádio, Taurina, N-acetil-cisteína e alimentos de baixo índice glicêmico, pois diminuem as concentrações de insulina no sangue. Índice glicêmico é a velocidade que a glicose chega ao sangue, e  esses níveis de glicose que determinam a quantidade de insulina que o pâncreas vai produzir. A insulina é um hormônio que se encarrega de “levar” glicose às células, e converte o excesso que as células não puderam utilizar em gordura corporal.


*Créditos: doispesos.wordpress.com - Não considerar laticínios, por possuir alto índice insulinêmico
Podemos concluir que a Nutrição possui fatores determinantes e essenciais para promover equilíbrio na atividade celular e bioquímica, além da formação de órgãos, tecidos e atividade/produção de hormônios. Procure sempre um profissional capacitado para avaliar a possibilidade de suplementação, presença de metais tóxicos, estudo de causas, e não somente os sintomas, realizando questionários funcionais e exames para determinar suas necessidades nutricionais para o sucesso efetivo do tratamento.
Muita saúde a todos!
Sílvia Coelho
Twitter: @drasilviacoelho
REFERÊNCIAS:
- NAVES, Andréia. Nutrição Clínica Funcional: Modulação Hormonal. São Paulo. Valéria Paschoal Editora Ltda., 2010, p. 145
- NAVES, Andréia. Nutrição Clínica Funcional: Obesidade. São Paulo. Valéria Andréa Paschoal Editora Ltda., 2010, p. 50-82
- MARTINS, Wellington de Paula et al. Resistência à insulina em mulheres com síndrome dos ovários policísticos modifica fatores de risco cardiovascular. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2009, vol.31, n.3, pp. 111-116.
- Cerqueira, Joeline Maria Cleto et al. Homocisteinemia em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Mar 2010, vol.32, no.3, p.126-132
- Revista Nutrição, Saúde e Performance – ano 8 – Edição 37