quinta-feira, 1 de setembro de 2011

“Polivitamínicos” – O que considerar quando (e se) tiver que escolher




Primeiramente, o aviso fundamental: NÃO tome “remédios” por conta própria, sem orientação por profissional de saúde competente, sejam eles medicamentos, suplementos ou mesmo chás – até porque muitos, na dependência da dosagem, podem até fazer mal... Muito mal.

A seguir, pontos sobre os quais acho importante que você reflita se mesmo assim resolver “tomar uma vitaminazinha”, na melhor intenção de sentir-se melhor:

1 - Se você tem que abastecer seu carro de passeio mensalmente com quase 200 litros de combustível, adianta tentar colocar tudo de uma só vez no tanque (para não ter que abastecer várias vezes ao longo do mês)? É claro que não, pois a maioria do combustível vai transbordar e perder-se. Pois com os complexos de vitaminas e minerais comercialmente disponíveis (uma infinidade cujos nomes, pelo menos dos mais comuns e famosos, com certeza você lembra), é a mesma coisa: excetuando-se comprimidos de liberação gradativa (que eu saiba, não há destes disponíveis no Brasil), os demais liberarão uma grande quantidade de vitaminas e minerais de uma só vez no intestino, motivo pelo qual parte disto nem será absorvida; do excesso que ainda for absorvido, também pouco seu organismo tende a realmente aproveitar... O que acontece com o que sobra, então? Ou acumula-se onde não deveria (podendo gerar intoxicação) ou é eliminado pelos rins. O resultado disto? Ou você tem realmente grandes carências que podem até ser supridas (na dependência da qualidade da fórmula prescrita) ou terá fezes e urina realmente “caros” e “vitaminados” já que seu remédio estará quase todo ali...

2 – Se você precisa de uma peça para o seu carro, decerto pode comprá-la original, na concessionária ou “similar”, em diversas lojas por aí: além do preço, deverá então variar também a qualidade e durabilidade do produto, bem como adequação para as suas necessidades. Mais uma vez, o mesmo ocorre com os complexos de vitaminas e minerais: a qualidade dos compostos pode variar muito o que afeta sua biodisponibilidade, ou seja, quantidade de cada vitamina e mineral que realmente estará disponível, na sua corrente sangüínea, após ingerir cada comprimido. Por exemplo, existem várias formas de administrar Ferro em um suplemento (sulfato ferroso, fumarato ferroso, ferro quelato, etc) e elas diferem não só no preço mas na quantidade do mineral que efetivamente seu organismo receberá após cada dose e mesmo na chance de causarem efeitos indesejados (por exemplo, irritação intestinal). E acredite: não é incomum encontrar fórmulas que, para ficarem mais baratas, contêm as formas de vitaminas e minerais de pior absorção e/ou mais efeitos colaterais (que, é claro, habitualmente têm menor preço individual).

3 – Uma fórmula repleta de vitaminas e minerais, que pareça BEM completa, pode mesmo não ser realmente boa por um motivo muito simples: quantidade dos ativos que apresenta; isto porque é muito comum aparecerem na mesma fórmula substâncias que estão ali em quantidades tão pequenas que chegam a ser insignificantes para muitos organismos. E se você pergunta “então por que os fabricantes colocam”? Simples: para poder divulgar que seu suplemento é “completo” (todas as letras do alfabeto...), “tem de tudo”.

4 – Vitaminas A, D, E e K são lipossolúveis, ou seja, melhor absorvidas junto aos alimentos (mais especificamente, junto às gorduras destes); vitaminas B e C, bem como os minerais, são melhor absorvidos em água, longe das refeições. Ou seja: quando você administra tudo junto, a absorção de alguns dos componentes será melhor e a de outros pior. O óbvio, portanto: não seria melhor administrá-los separadamente?

5 – Para efeito de absorção no intestino, ferro compete com zinco, cálcio compete com magnésio, ácido fólico com zinco e vitamina C com cálcio: se estes são só exemplos de interferências negativas entre substâncias quando administradas juntas, imagine o tanto de interações possíveis que mega complexos de vitaminas e minerais devem proporcionar e, para quem se auto-medica, sem acompanhamento por profissional competente para indicar, orientar e responsabilizar-se...

Enfim, o melhor mesmo é receber nutrientes de uma alimentação balanceada e bem orientada, associada aos demais Hábitos Saudáveis de Vida. Mas quando isso não é possível, a suplementação deve ser individualizada, onde profissional de saúde bem capacitado indicará o que for necessário para cada caso, assim evitando tanto a insuficiência quanto as intoxicações. Mas se ainda assim você preferir algum “polivitamínico e polimineral” por conta própria, à luz do que foi explicado neste texto, depois não diga que não foi avisado...


Boa reflexão

Um abraço e SAÚDE!