sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Acne...



Um mal comum entre a população, a acne tem impacto econômico e social e ainda causa efeito negativo à autoimagem a ao padrão de beleza, em especial durante a adolescência, fase comum de seu aparecimento que pode perdurar ou surgir também na fase adulta, caso não tratada ou em caso de endocrinopatias em mulheres.

É uma infecção crônica, universal, multifatorial, inflamatória ou não, que localiza-se no folículo piloso sebáceo, formado pela invaginação da epiderme que se estende até a derme e abriga a glândula sebacea e o pelo em seu interior, em sua fisiopatologia interferem vários fatores como, hereditariedade, estresse emocional, alimentação, hormônios, hiperprodução sebácea, utilização de cosméticos comedogênicos, hiperqueratinização folicular e aumento da colonização de Propionibacterium acnes (P. acnes) no ducto glandular.

Vaz (2004) afirma que o evento patológico primário da acne consiste na obstrução da unidade pilossebácea que dá origem ao microcomedão. Quando este aumenta de tamanho e o orifício folicular se dilata, surge o comedão aberto ou ponto negro, que em geral se inflama. Já quando o orifício não se dilata, surge o comedão fechado ou ponto branco, o precursor das lesões inflamatórias.

A inflamação da acne aumenta quando há uma grande secreção de hormônios na adolescência, sendo a testosterona fundamental para o crescimento e o desenvolvimento da glândula sebácea. O excesso de androgênio em mulheres que persistem com acne até a idade adulta se da em particular pela síndrome do ovário policístico (SOPC).

Nos EUA 80% da população entre 11 e 30 anos de idade possuem a chamada acne vulgar (condição inflamatória da unidade polissebácea), sendo a doença de pele mais comum no país.

A acne acomete mais os indivíduos do sexo masculino, devido à influência androgênica. No entanto, seu aparecimento é mais precoce em meninas (em torno dos 11 anos de idade) do que em meninos (12 anos em média). Sabe-se também que, entre os adolescentes a frequência e a severidade da acne, bem como a tendência a cicatrizes são maiores entre os homens. Já a acne do adulto é mais frequente em mulheres e, sua gravidade deve ser avaliada por um profissional capacitado.

Estudos mostram que sua incidência é maior em grupos que consomem alto conteúdo de glicose, dieta tipica das sociedades modernas e industrializadas. Em áreas rurais e sociedades não industrializadas, sua prevalêcia é muito menor. Como demonstrado quando avaliada a alimentação de esquimós, que ingerem dieta rica em peixes (ricos em ácidos graxos essenciais) ao mudarem seu hábito alimentar para uma dieta “ocidental”, rica em gorduras saturadas.

Segundo a Dra. Gillian McKeith, autora do livro Você é o que você come, ela pode ainda, indicar congestão ou desequilíbrio. Dependendo de onde está localizada no corpo, sabe-se qual é o órgão atingido.

Testa: área intestinal;
Bochechas: pulmões;
Nariz: área do coração;
Queixo: área dos rins;
Ombro: aparelho digestivo;
Peito: área dos pulmões e do coração;
Parte superior das costas: área dos pulmões;
Ao redor da boca: aparelho reprodutor;

Portanto, cada vez mais, os fatores ambientais devem ser considerados importantes influenciadores para seu surgimento.

Seu tratamento está baseado em seus vários fatores etiopatogênicos como, a ativação hormonal, colonização pelo P. acnes, diminuição da hipersecreção sebácea e inflamação e oclusão do orifício folicular e objetiva a melhora do quadro infeccioso, da aparência física, minimização de cicatrizes e prevenção de efeitos psicológicos adversos.

Necessita portanto, de terapias combinadas, entre elas são usados tratamento tópicos, sistêmicos e a nutrição que é o nosso enfoque.

Apesar da discussão acerca dos alimentos que agravam o quadro acneico ainda ser controversa, temos o chocolate, nozes, produtos lácteos alimentos gordurosos e condimentados, carboidratos simples, algumas vitaminas e sais minerais como os mais relacionados com o quadro, além da utilização de alimentos pró-inflamatórios, dieta hiperlipídica, hipermeabilidade inestinal, índice glicêmico (IG) dos alimentos e a influência do leite na dieta.

Alimentos ricos em ácido araquidônico como, carne vemelha, gordura do frango, leite e derivados podem gerar doenças inflamatórias, entre elas a acne.

O consumo de alimentos processados e industrializados, a carência de ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais auxiliam no desequilíbrio hormonal, o que favorece o desencadeamento da acne.

A dieta não ocidental, relatada anteriormente é livre de alimentos processados, laticínios, açúcar e óleo refinado, e rico em frutas frescas, legumes, carnes magras, peixes e frutos do mar. Dai, sua suposta relação a prevenção da acne.

Portanto:

·    Substitua os industrializados e processados por alimentos naturais e/ou orgânicos.
·    Tenha uma dieta rica em:

a)  Ácidos graxos essenciais: sementes de girassol e linhaça e óleos de oliva, canola, germe de trigo e em animais de origem marinha, sardinha, atum, salmão)
b)   Vitaminas A, C, B6 (lentilha, banana, aveia, cereais integrais)
c)   Cromo (carnes, cereais integrais, nozes);
d)  Zinco (ostra, farelo de arroz, germe de trigo, castanha do Brasil, frango, alho, semente de girassol e abóbora, entre outros);
e)  Cobre (mariscos, frutos e cereais integrais secos, passas e cacau orgânico). Aumenta a resistência a infecções virais e microbianas;
f)    A vitamina B5 (ácido pantotênico) é fundamental para síntese de hormônios sexuais e seu déficit pode promover o desequilíbrio do metabolismo dos ácidos gráxos, o que aumenta a probabilidade de gerar acne (abacate, fígado, ovos, brócolis, batata doce, lentilha);

·     A suplementação com vitamina A também se mostrou eficaz na redução das pápulas, pústulas e comedões em alguns estudos;
·   O selênio aumenta a enzimas antioxidantes, porém, é importante pensar que suas fontes são ricas em gorduras e tem potencial alergênico, portanto sua suplementação seria mais eficaz;
·      O consumo de leite e derivados também pode ser um agravante, já que os hormônios nele presente, geram alterações nos hormônios humanos, além de conter moléculas bioativas que atuam sobre a unidade pilossebácea, como glicocorticóides e IGF-1.

A microbiota e/ou a permeabilidade intestinal também exercem influência sobre a acne, nesses, o uso de pré e probióticos e dieta rica em fibras são indicados.

A dieta de alto índice glicêmico também esta relacioanada a acne por alguns fatores como:

1.   Possibilitar um aumento de hormônios andrógenos;
2.  Causar ativamento do sistema endócrino mediante a ceratinização folicular das glândulas sebáceas e o IGF-1 no transportador proteico, aumentando a produção de sebo;

Agora você já sabe mais sobre esse mal e esta ciente de que a nutrição pode lhe ajudar bastante. Procure um profissional capacitado e viva melhor consigo mesmo.

REFERENCIAS:

MCKEITH, G. Você é oque você come. Ed. Elsevier. São Paulo, SP, 2005.

COSTA, A, Alchorne MMA, Michalany NS, Lima HC. Acne vulgar: estudo piloto de avaliação do uso oral de ácidos graxos essenciais por meio de análises clínica, digital e histopatológica. An Bras Dermatol. 2007;82(2):129-34.

STEINER, D. et al. Acne Vulgar. RBM – Rev. Bras. De Med. e Rev. Pediatria Moderna. 489-496.


PUJOL, A. P. Nutrição Aplicada a Estética. Ed. Rubio. Rio de Janeiro, RJ, 2011.

@JulianaPansardi