Pesquisa aponta que uma em
cada dez mortes por doenças do coração, diabetes e câncer de mama ou cólon é
causada por falta de atividade física.
Falta de atividade física causa 5,3 milhões de mortes por ano em todo o
mundo.
A pesquisa, publicada na
revista médica "Lancet", estima que um terço dos adultos não têm
praticado atividades físicas suficientes, o que tem causado 5,3 milhões de
mortes por ano em todo o mundo.
A inatividade física é responsável
por uma em cada dez mortes por doenças como problemas cardíacos, diabetes e
câncer de mama ou colorretal, diz o estudo. Os pesquisadores dizem que o
problema é tão grave que deve ser tratado como uma "pandemia".
Eles afirmam que a solução
para o sedentarismo está em uma mudança generalizada de mentalidade, e sugerem
a criação de campanhas para alertar o público dos riscos da inatividade, em vez
de lembrá-lo somente dos benefícios da prática de esportes.
Segundo a equipe de 33
pesquisadores de vários países, os governos deveriam desenvolver formas de
tornar a atividade física mais conveniente, acessível e segura.
Um dos coordenadores da
pesquisa é Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS).
"Com as Olimpíadas,
esporte e atividade física vão atrair uma tremenda atenção mundial, mas, apesar
de o mundo assistir à competição de atletas de elite de muitos países, a
maioria dos espectadores será de sedentários", diz ele.
"O desafio global é
claro: tornar a prática de atividades físicas como uma prioridade em todo o
mundo para aumentar o nível de saúde e reduzir o risco de doenças."
No entanto, a comparação
com o cigarro é contestada por alguns especialistas. Se o tabagismo e a
inatividade matam o mesmo número de pessoas, a quantidade de fumantes é bem
menor que a de sedentários, tornando o tabaco muito mais perigoso.
Para Claire Knight, do
Instituto de Pesquisa de Câncer da Grã-Bretanha, "quando se trata de
prevenção de câncer, parar de fumar é de longe a coisa mais importante que você
pode fazer".
América Latina
Na América Latina e no
Caribe, o estudo mostra que o estilo de vida sedentário é responsável por 11,4%
de todas as mortes por doenças como problemas cardíacos, diabetes e câncer de
mama ou colorretal. No Brasil, esse número sobe para 13,2%.
Os países com as populações
mais sedentárias da região são Argentina, Brasil e República Dominicana. E a
nação com a população menos sedentária é a Guatemala.
A inatividade física na
América Latina seria a causa de 7,1% dos casos de doenças cardíacas, 8,7% dos
casos de diabetes tipo 2, 12,5% dos casos de câncer de mama e 12,6% dos casos
de câncer colorretal.
No Brasil, o sedentarismo é
a causa de 8,2% dos casos de doenças cardíacas, 10,1% dos casos de diabetes
tipo 2, 13,4% dos casos de câncer de mama e 14,6% dos casos de câncer de cólon.
A médica I-Min Lee, do
Hospital Brigham e da Escola Médica da Universidade de Harvard, que dirigiu o
estudo, assinalou que todos esses casos poderiam ter sido prevenidos se a
população de cada país e região fosse fisicamente mais ativa.
Ela diz que, na região das
Américas, poderiam ser evitadas cerca de 60 mil mortes por doenças coronárias e
14 mil mortes por câncer colorretal.
Desafio global
É recomendado que adultos façam 150 minutos por semana de exercícios moderados,
como caminhadas, ciclismo e jardinagem.
O estudo indica que as
pessoas que vivem em países com alta renda per capita são as menos ativas.
Entre os piores casos está a Grã-Bretanha, onde dois terços da população não se
exercitam regularmente.
A professora Lindsey
Davies, presidente da Faculty of Public Health, órgão que formula políticas e
normas de saúde pública da Grã-Bretanha, diz que "precisamos fazer o
possível para que as pessoas cuidem da sua saúde e façam atividade física como
parte da vida cotidiana".
"O ambiente em que
vivemos tem um papel importante. Por exemplo, pessoas que se sintam inseguras
no parque mais próximo vão evitar usá-lo", disse.
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