É muito comum nas academias, os professores se
depararem com alunos queixando-se de dores na articulação gleno-umeral (ombro).
Isto ocorre porque esta articulação é muito utilizada na rotina diária, como
por exemplo, nos movimentos de digitar, escrever, dirigir, carregar sacolas, bolsas,
crianças no colo, varrer, limpar, ou mesmo ao dormir com o peso corporal sobre
o braço, entre outras situações que dependerão do dia a dia de cada um. Além
disso, a mesma é bastante utilizada por praticantes de vários esportes como tênis,
natação, vôlei, basquete, lutas em geral e nos treinos de musculação, pois
participa tanto dos exercícios para membros superiores (braços) como para os de
tronco (costas e peitoral). Com tantos exemplos, não é de se estranhar que com
o passar do tempo, esses esforços repetitivos prejudiquem as estruturas desta
articulação, gerando um problema maior (tendinite e/ou bursite e/ou artrose), que
pode ser causado tanto por estes exemplos, como também por entorses, quedas,
“mal jeitos”, luxações (quando o ombro “sai” do lugar, ou seja, a cabeça do
úmero desloca-se da cavidade glenóide), comprometendo o encaixe articular. Este
comprometimento é chamado de Síndrome do Impacto que nada mais é do que o atrito
entre a cabeça do úmero e o acrômio.
1) Tendinite: Inflamação do tendão. A mais freqüente ocorre
no tendão do músculo supra-espinhoso. Este músculo realiza o movimento de rotação
externa (gira o ombro e o braço para fora). O acrômio em “gancho” (osso da
parte superior da escápula) também é uma das causas que pode desencadear esta
lesão e só podemos identificá-la através de um raio X ou quando houver dor
durante os exercícios de puxadas e desenvolvimentos por trás da cabeça, pois
estes geram uma compressão deste osso (acrômio) sobre o músculo supra-espinhoso.
Devido a este motivo, os movimentos pela frente são mais indicados do que os
por trás da cabeça.
A dor de quem está com tendinite, poderá ser
notada ao elevar o braço e/ou ao girá-lo para fora e para este caso, os
exercícios terão o papel de recuperar os movimentos limitados pela dor e de evitar
a progressão da mesma.
2)
Bursite: A mais comum é na
bursa subdeltóidea (bolsa encontrada entre o músculo deltóide e o úmero, veja
na figura). Esta, quando inflamada, aumenta de tamanho e é comprimida pelo
músculo, causando muita dor e desconforto, como se o braço estivesse “pesado”. Para
este caso, os exercícios terão o papel de descomprimí-la e fortalecer os
músculos para recuperar os movimentos limitados pela dor.
3)
Atrose: Esta é considerada
mais grave por ser um processo degenerativo contínuo das células ósseas. Esta
degeneração ocorre com mais freqüência após os 45 anos de idade. O papel dos
exercícios não será de curar a doença, mas sim de evitar a perda de movimentos
ou recuperá-los. A dor pode ser sentida durante qualquer movimento, porém o que
predomina é a sensação de atritos e crepitações (estalos).
Para os casos supracitados, o fortalecimento
deverá ser, primeiramente, com ênfase nos rotadores externos e internos do
ombro, deltóides e bíceps braquial, e conforme a melhora observada, novos
exercícios para os demais grupos musculares deverão ser acrescentados. O
indivíduo não deverá sentir dor durante a execução dos mesmos. A pegada neutra
deverá ser a pegada para todos os exercícios, pelo fato da mesma favorecer o
encaixe articular.
Para este caso, além do fortalecimento, um exercício
de descompressão da bursa deverá ser realizado (movimentos pendulares – veja na
figura abaixo).
Exercícios
de musculação para os casos supracitados:
1- Rotação interna e externa da gleno-umeral – 3X12 repetições.
Pode ser realizado com halteres ou borracha, conforme as figuras. O cotovelo deverá
estar flexionado a 90 graus e encostado no tronco. A sobrecarga deverá ser
testada, sem que o indivíduo sinta dor.
2 - Elevação frontal de braços (flexão da gleno-umeral) com
pegada neutra – 3X12 repetições. O cotovelo deverá estar semi-flexionado,
o braço deverá ser elevado até a altura do ombro, porém, em muitos casos, a dor
impede que o braço chegue até a essa altura. Por isso, recomendo testar a
angulação, primeiramente, sem sobrecarga.
3 - Elevação
lateral de braços (abdução da gleno-umeral) com cotovelos flexionados a 90
graus – 3X12 repetições. O braço
deverá ser elevado até a altura do ombro. A angulação da elevação do braço
deverá ser testada, sem que o indivíduo sinta dor.
Para os exercícios 2 e 3, a sobrecarga só poderá
ser acrescida quando o indivíduo for capaz de elevar os braços até a altura dos
ombros com facilidade e na ausência absoluta de dor.
4 - Rosca bíceps com pegada neutra – 3X12 repetições. Normalmente não há queixa de
desconforto neste exercício.
Em torno de 2 a 3 semanas, a dor deverá ter
diminuído. Após uma avaliação da dor e mobilidade articular, exercícios para os
demais grupos musculares poderão ser incluídos, começando sempre com a pegada
neutra, baixa sobrecarga e volume (máximo 12 repetições).
Exemplos:
1-
Puxada com triângulo
Puxada com triângulo
2 - Remada fechada
3 - Crucifixo peitoral (realizar mais fechado)
deitado no banco reto
4 - Tríceps francês deitado com halteres no banco reto
Obs1- Nenhum exercício deverá ser realizado com a
pegada direta (palma da mão para frente), como por exemplo rosca bíceps com
barra reta, enquanto houver desconforto.
Obs2- Após os exercícios, realizar alongamentos
cuidadosamente.
Obs3- Constantemente, avaliações do grau de dor e
mobilidade articular deverão ser realizadas, para pouco a pouco, serem
acrescentados novos exercícios.
Obs4- O período de total recuperação dependerá
principalmente: do grau da lesão, do cotidiano do indivíduo, da disciplina em
realizar os exercícios pelo menos 3x por semana, como também de um
acompanhamento médico e medicamentos caso sejam necessários.
*** O texto acima é de responsabilidade do autor. Para dúvidas sobre o conteúdo do texto, deixe seu comentário ou entre em contato com o autor através dos contatos disponibilizados em sua assinatura.