Em 16/09/12 recebi através do meu Twitter
(@qualidade_vida):
“RT @jusi__:
@Qualidade_Vida infelizmente hj em dia com a saúde pública e convênios do jeito
q estão, fica difícil encontrarmos profissional assim: profissionais que vejam
o corpo humano como um todo. Até acho que as condições de trabalho nesses
locais atrapalham mas… quem acaba sofrendo com isso somos nós que nao temos
condições de bancar um tratamento particular”.
Ao que respondi:
Jusi( @jusi__ )
Permita-me algumas considerações sobre seus posts de há
pouco:
1 - Não há como negar que a saúde pública está um caos, que
em geral as condições de trabalho no Brasil são precárias e que muitos colegas
médicos que lá atendem não têm tempo e/ou interesse em abordar o paciente como
um todo, corpo e mente, como seria desejável e necessário. Estou envolvido em
projeto na Secretaria de Saúde do DF onde estamos lutando para conscientizar os
servidores (com bons resultados preliminares) a cuidarem melhor da sua própria
saúde (para ficarem bem e tb assim poderem cuidar direito da dos outros, até pelo
exemplo) mas o projeto está só no começo, ainda...
2 - Também não há como negar que a situação com grande parte
dos convênios esteja também ruim, na medida que deixam cada vez mais claro que
sua maior preocupação é realmente lucrar através da “saúde”: remuneram mal os
profissionais de saúde (isto quando muitos simplesmente não “dão o calote” –
falo mais sobre isto em http://www.icaro.med.br/quanto-vale-o-medico/
), obstaculizam o acesso do paciente aos exames/consultas/tratamentos a que têm
direito e aumentam seus valores cada vez mais (mais recentemente, absurdamente
“justificando” que por causa do aumento no numero de
consultas/exames/procedimentos... !)
3 – Acredito que para ambas as situações acima nossa
sociedade deveria organizar-se, planejar e cobrar providências urgentes e
eficazes, mas da forma certa;
4 – Já observei que, fora as muitas pessoas em nosso país
que infelizmente vivem em situação de muita pobreza mesmo, “não ter condições
de bancar um tratamento particular” diversas vezes passa na verdade por
“definição inadequada de prioridades”: falo isto porque tratamentos têm custo
até certo ponto adaptável à realidade de cada paciente mas são freqüentes
aqueles que alegam “não ter dinheiro” ao mesmo tempo que têm os celulares da
moda, bolsas/sapatos de marca ou mesmo muito gasto com álcool, “noites” e
“diversão” em geral... Guardadas as devidas proporções, qual é o preço da SAÚDE
de cada um? Ou este só torna-se realmente digno de ser pago na vigência de
doença, muitas vezes incapacitante?
5a – Após pelo menos 12 anos de muita leitura, conversa com
colegas e pacientes e experiência em Medicina, atendendo em consultório,
situações de emergência e hospitais, cheguei a uma conclusão que é corroborada
por muitos e até por estudos científicos (vide este link http://www.icaro.med.br/category/habitos-saudaveis-de-vida/
): a maior parte das doenças e sofrimentos do ser humano é ELE quem fabrica;
temos o triste e improdutivo hábito de procurar culpados para tudo o que nos
acontece, como se fossemos totalmente vítimas de fatores externos mas, na
verdade, a maior parcela de culpa por tudo que nos acontece, na maioria das
vezes, é nossa: basta termos reflexão, autocrítica e humildade o suficiente
para analisarmos, sem preconceitos, mais friamente nossos tantos problemas;
5b - Explicando de outra forma, com foco na questão de SAÚDE:
se o sistema de saúde em geral está ruim, melhor depender dele o mínimo
possível, não? Mas de que forma? Fazendo com que nosso organismo esteja
constantemente fortalecido, corpo e mente, mantendo saúde, assim adoecendo este
“mínimo possível” e recuperando-se rapidamente quando isto eventualmente
ocorrer. E todo organismo humano naturalmente vive as custas de mecanismos de
“homeostase” (já nasce com eles) que permitem a ele recuperar-se das muitas
agressões sofridas, assim recuperando seu equilíbrio ao mesmo tempo em que
torna-se mais forte e preparado para enfrentar novas agressões similares: só
que estes mecanismos precisam de condições para funcionarem direito ou não dão
conta do recado (e aí a pessoa adoece e permanece doente)... Estas condições são
cuidado, manutenção e fornecimento de matérias-primas de qualidade para o
organismo, que somente assim consegue ter mecanismos de homeostase eficazes: em
outras palavras, seu organismo só tem/mantém/recupera equilíbrio/saúde, sem
doenças ou curando-se delas, se você oferecer-lhe condições para tal,
regularmente : através de HÁBITOS SAUDÁVEIS DE VIDA (já exaustivamente
detalhados e discutidos aqui http://www.icaro.med.br/category/habitos-saudaveis-de-vida/
), mesmo que sejam adotados gradativamente, no tempo de cada um (mas que
sejam!).
5c – Aqui está o problema: a maior parte dos seres humanos
NÃO tem bons hábitos de vida, nem ao menos 50% deles (Há problemas importantes
até com a adoção/manutenção dos mais básicos, que estão relacionados a água,
alimentação, exercícios físicos e sono) o que impossibilita
ter/manter/recuperar SAÚDE... Simples assim. Quanto piores forem os hábitos de
vida de uma pessoa, mais ela meramente sobrevive ao invés de viver e com o
tempo “vive” mais e mais doente e tendo que aprender a conviver com
incapacidades e sofrimentos cada vez maiores, até finalmente morrer; e muitos
são os que dizem que não querem isto para suas vidas mas quantos efetivamente
fazem sua parte para mudar este triste panorama??? Digo-lhe que, até os dias de
hoje, infelizmente, ainda a minoria... A MAIORIA da humanidade ainda parece
acreditar que remédios sejam soluções “mágicas” para sintomas/doenças,
ignorando que estes não funcionam direito em organismos ruins (com hábitos de
vida ruins – leia http://www.icaro.med.br/category/a-pilula-magica/
) OU arranja um festival de desculpas para dizer que não têm tempo ou
“condições” de colocar em prática os hábitos saudáveis em suas vidas (já
abordei isto em http://www.icaro.med.br/category/stress-tempo-e-planejamento/
) OU simplesmente não tem acesso às informações necessárias para cuidar-se
melhor (algo que vários profissionais comprometidos em todo o mundo, mesmo por
vezes sendo “perseguidos” e criticados por isto, têm tentado mudar); fora os
muitos que simplesmente dizem algo como “eu nunca fui de ter doenças, sempre
fui saudável” e espantam-se quando com o tempo só colhem o que plantaram: as
conseqüências de uma vida inteira de hábitos ruins, de maus-tratos com seu
próprio organismo, aparecendo de uma hora pra outra e de forma intensa... E me
preocupa MUITO o exemplo que tem sido passado para nossas crianças, muitas já
com problemas de peso, funcionamento mental/emocional e hábitos de vida ruins:
afinal, não é o exemplo o que mais “educa” (ou, no caso em particular em
discussão, “des-educa”)?
Por tudo isso, minha resposta direta ao seu comentário é uma
outra pergunta, para reflexão (e, se Deus* e cada um quiser, mudanças
cabíveis): quão resolutivo é usarmos os problemas como “desculpas” para que as
poucas soluções que temos em mãos, por mais EFETIVAS que realmente sejam, simplesmente
não sejam colocadas em prática? Em outras palavras, se é impossível ter saúde
sem que cada um faça sua parte, por si mesmo, tendo e mantendo hábitos de vida
cada vez mais saudáveis, nossa saúde está “um caos” só mesmo por culpa do
sistema público e dos convênios?
Muito obrigado pela motivação para escrever este texto! E um
abraço para todos!
Fiquemos todos com Deus e desejo de coração que todos possam
mudar e melhorar suas vidas... Vale a pena!
Dr. Ícaro Alves Alcântara
www.icaro.med.br
Em resposta a:
RT @jusi__: @Qualidade_Vida infelizmente hj em dia com a
saúde pública e convênios do jeito q estão, fica difícil encontrarmos
profissional assim: profissionais que vejam o corpo humano como um todo. Até
acho que as condições de trabalho nesses locais atrapalham mas... quem acaba sofrendo
com isso somos nós que nao temos condições de bancar um tratamento particular.
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* E já que falei de Deus, será difícil assim entendermos que
cuidar BEM do nosso organismo é obrigação que todos assumimos junto a ele?
Afinal:
“Uma vez que reconhecemos que nosso corpo é o templo do
Espírito Santo, que somos redimidos pelo sangue precioso de Jesus, esta noção
afetará cada aspecto de nossa vida. Buscaremos não só evitar a profanação do
nosso corpo-templo com qualquer substância ou atividade que seja prejudicial ou
imprópria, mas também buscaremos ativamente cuidar do nosso corpo-templo e nos
envolver em atividades que honrem a Deus (extraído de http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2005/frlic932005.html
)