Minhas considerações (Profa.
Paula Fortes):
Com tantas evidências a
respeito dos benefícios dos exercícios físicos a saúde não somente dos idosos,
mas de todas as pessoas, fico abismada quando leio que 70% dos brasileiros são
sedentários. Os exercícios deveriam fazer parte dos HÁBITOS DIÁRIOS DE TODOS, como escovar os dentes, tomar
banho... E assim, várias doenças seriam evitadas e a qualidade de vida de
muitas pessoas poderia ser BEM MELHOR! Incentivos do governo como mais
ciclovias, bicicletas e academias públicas, campanhas através dos meios de comunicação, por exemplo, seriam ótimas opções para
incentivar e motivar a prática regular da atividade física. Isto contribuiria
para uma saúde melhor de todos, menos doenças, menos necessidade de procurar
postos e hospitais, contribuindo gradativamente para uma qualidade melhor
destes serviços. Parece "ilusório", mas se todos se exercitassem, a
realidade seria outra (menos cardíacos, menos obesos, menos diabéticos, menos
casos de câncer, menos doenças degenetativas...).
Vejam e SIGAM o exemplo
abaixo da reportagem do Jornal O Globo:
Jamile Overbug e Hélio
Stupia, ambos de 81 anos, fazem exercícios diariamente. De mãos dadas,
caminhavam na Praia do Leme, Zona Sul do Rio, na quinta-feira pela manhã.
Jamile, mais disposta, também pratica natação. Sempre foi assim, não seria na
terceira idade que iriam parar. Hoje, garantem ter mais disposição para as
atividades diárias em comparação com colegas sedentários.
Ambos mostram na prática que vale a pena
manter a atividade física com o avanço da idade, uma das discussões centrais
dos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar sobre Longevidade, na última
quarta-feira.
— Exercício faz bem para a
saúde, aumenta a força e a disposição, melhora o humor — enumera Jamile. — Faço
todo dia, não consigo ficar sem.
Durante o evento na Casa do
Saber O GLOBO, na Lagoa, também na Zona Sul da cidade, especialistas
desvendaram mitos sobre a atividade física entre idosos e alertaram sobre a
necessidade de respeito aos limites.
— Caminhar é um bom exercício
de sociabilidade — brincou o geriatra do Instituto de Neurologia da UFRJ, José
Elias Soares Pinheiro. — Mas só ela não tem repercussão para a saúde. É preciso
ter carga.
COMBATE A DOENÇAS TÍPICAS
Segundo Pinheiro, o exercício
é uma das melhores formas de combater as chamadas doenças típicas do
envelhecimento, as quais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),
são: hipertensão, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças
cardiovasculares, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite,
osteoporose, demência, depressão e baixa de visão.
A atividade física é tão
significativa para a longevidade que o pesquisador americano Warren Sanderson,
da Universidade de Stony Brook (EUA), sugere medir o envelhecimento pela força
das mãos e não apenas pela contagem dos anos. Numa entrevista ao diário “The
New York Times” esta semana, ele garantiu que a força manual é “um incrível
preditor” das taxas de mortalidade ou doença, citando pesquisa com dados de 50
mil indivíduos.
— Todo médico deveria ter um
dinamômetro em seu consultório para checar a força dos pacientes idosos —
sugeriu o pesquisador.
— Se, de repente, o percentil
dele cair, então é preciso olhar seriamente para o que pode estar
acontecendo.Mas será que o coração aguenta a intensidade do exercício depois de
uma certa idade?
Segundo Pinheiro e o
cardiologista e curador do evento, Cláudio Domênico, a atividade física melhora
a saúde cardiovascular. Mas ambos concordam que, antes de abandonar o
sedentarismo e se jogar num exercício intenso, é bom fazer a avaliação
cardiológica. E progredir lentamente.
— O corpo fala. Está fazendo
exercício e sentiu dor? Para. Agora, o exercício tem que cansar um pouco, tem
que deixar um pouco ofegante — recomendou Domênico.
HÁ LIMITES PARA A ATIVIDADE
Na lista de prioridades para
o idoso estão os exercícios aeróbico e de fortalecimento muscular. E se, por um
lado, os idosos não devem subestimar sua capacidade física, por outro, o
cardiologista quebra mais um mito:
— Hoje já se fala em limites
para o exercício. Não se diz que “quanto mais, melhor”. As pesquisas começam a
mostrar que, em excesso, não faz bem.
Cinco vezes por semana de
atividade física moderada ou três vezes intensa são o ideal, acredita Domênico.
Se isso não for possível, qualquer iniciativa, por mais simples que seja, é
benéfica. Um novo estudo com 55 mil pessoas publicado na “Journal of the
American College” mostrou que correr só cinco minutos por dia já reduz o risco
de morte prematura.
Outro publicado no “British Journal of Sports
Medicine” revelou que ficar menos tempo sentado desacelera o processo de
envelhecimento celular.
Também já não se sustenta aquela ideia comum
de “se não comecei até agora, não adianta mais”.Por isso, ao completar 50 anos,
o arquiteto aposentado Joatonio Pereira, hoje com 71 anos, decidiu mudar de
hábito.
— Não tínhamos ideia da
importância do exercício — explica Pereira, que faz três ou quatro vezes por
semana de atividades, que incluem aparelhos da academia ao ar livre do Leme e
caminhadas na orla da Copacabana, onde mora.
— Tenho mais força para
carregar uma compra e controlo meus níveis de glicose, que eram altos, além de
dores que tinha nas articulações.
ACEITAR E SE ADAPTAR DEVEM
SER LEMAS
“ O declínio do corpo
biológico é inexorável. Ele envelhece. A pergunta que deveria ser feita não é
como voltar à juventude, mas como viver de uma forma mais plena nesta etapa da
vida”, provocou Eloisa Adler, psicanalista e gerontóloga pela Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia, durante debate dos Encontros O GLOBO
Saúde e Bem-estar.E, na lista de respostas a essa pergunta, Eloisa cita uma
teoria apresentada psicóloga Laura Carstensen, da Universidade Stanford, nos
Estados Unidos. Para a americana, adaptação e reorganização de metas,
realizações de curto prazo e preferência por relações sociais mais significativas
estão entre os pilares. Ou seja, aceitar as possibilidades e limitações para
poder se adaptar é uma sabedoria que deveria ser aplicada à medida que o corpo
envelhece.
— Ter que fazer milhões de
atividades na terceira idade para ser considerado feliz ou ativo é uma grande
armadilha — exemplificou Eloisa.
— Escuto muito na clínica os
filhos reclamarem que a mãe não sai mais com as amigas, só fica em casa. Mas
vamos lembrar que é uma etapa da vida com perdas substanciais, de amigos,
parentes. Além disso, a energia é finita, então há uma seletividade natural —
observou.
Eloisa lembrou ainda que nem
sempre o envelhecimento foi visto de forma negativa. Historicamente, velhice é
ora vista de maneira pejorativa, ora elogiosa. Na Grécia Antiga, por exemplo, o
chefe da cidade era assistido por um conselho de anciãos, que tinham o privilégio
e o direito à idade avançada. Já na Renascença, o corpo retratado nas pinturas
era o dos jovens.Hoje, segundo ela, embora a idolatria da juventude ainda
prevaleça, há sinais de mudanças. Há poucas décadas, por exemplo, a velhice era
vista como um processo de involução e decadência:
— O idoso não se achava no
direito de ter relações sexuais ou de ter uma vida ativa, agora ele já dispõe
de mais espaços sociais e de políticas públicas.
Fonte: globo.com