Quando criança, quem nunca viu seus pais e avós se deliciando acrescentando uma pimentinha na comida?
De fato, a pimenta é um condimento muito antigo. E quando acrescidos aos alimentos, não há meio termo: ou são amadas ou odiada. E com tudo isso, os mitos e perguntas de sempre: “tenho gastrite, não posso” ou ainda “ela abre o meu apetite!”. O que devemos lembrar sempre, é que além de muitos estudos comprovarem exatamente o contrário (devido suas atividades anti-inflamatórias) , não podemos esquecer que somos únicos. Tenho pacientes em tratamento de gastrite que não abrem mão de uma pimentinha na comida sem fazer nenhum mal, enquanto outros, não suportam qualquer pequena quantidade do alimento.
A substância química que dá à pimenta o seu caráter ardido é exatamente aquela que possui as propriedades benéficas à saúde. No caso da pimenta-do-reino, o nome da substância é piperina.
A pimenta-do-reino é uma frutinha do tamanho de uma mini-ervilha, que no início é verde, depois fica vermelha e finalmente preta. A árvore que lhe dá origem recebe o nome científico de Piper nigrum. A colheita se dá enquanto as frutas estão vermelhas. Em seguida elas amadurecem, secam e se transformam nos grãos de pimenta-do-reino preta que existem à venda. A pimenta-do-reino branca é obtida através da remoção da casca preta da fruta seca. Ambas retêm a piperina, porém a pimenta branca, embora tão picante quanto a preta, possui bem menos aroma. O que podemos observar é o seguinte: cuidado com o uso frequente e diário, pois pode ser um irritante da mucosa intestinal, o que no caso de um tratamento de disbiose, ao invés de tratar, veremos o inverso.
Na pimenta vermelha, é a capsaicina, substância muito estudada, devidos seus efeitos benéficos para saúde. Podemos nos deliciar vários tipos e tamanhos: caiena, tabasco, habanero, jalapeño, fantasma... e são frutos de árvores do gênero Capsicum, que possui origem na palavra grega kaptos, que significa morder. A capsaicina, um alcalóide presente na Capsicum annum (pimenta), cuja formação estrutural é muito semelhante à do ácido aracdônico, o que faz com que ela atue por meio do mecanismo competitivo, bloqueando enzimas que metabolizam (substâncias) mediadores pró-inflamatórios.
Quanto mais ardida a pimenta, mais capsaicina ela tem! Isso mesmo! Portanto, não abra mão de pelo menos uma pequena quantidade em alguma refeição. Isso porque ela também ajuda na produção de endorfinas que trazem sensações de prazer e bem-estar. De quebra, para quem deseja perder os quilinhos excedentes, não deixe de incluir esse temperinho especial. Isso também se dá pelo aumento da termogênese. Mas calma, não acabe com os estoques do mercado! Esse efeito só é verificado acompanhado de uma alimentação equilibrada, pobre em gorduras trans, saturadas, carboidratos refinados. Se a atividade física for sua aliada, é só comemorar!
Observar o que a pimenta vermelha também pode trazer para sua saúde:
- Diminuíção do colesterol total
- Analgésico natural
- Ação anticarcinogênica, pois induz a apoptose (destruição) de células cancerígenas
- Pesquisas indicam ainda que ingerida durante as refeições libera catecolaminas que diminuiriam o apetite, fazendo com que você coma menos. A propriedade de aquecer da pimenta favorece a aceleração do organismo e a queima de gordura (efeito termogênico)
- Inibição da inflamação induzida pela obesidade e síndrome metabólica. Com a diminuição da inflamação, há alteração na regulação da distribuição de gorduras, além de melhorar a tolerância à glicose e a resistência a insulina.
É melhor não dispensar, certo? Uma receitinha que nunca falha é misturar de duas a três pimentas (sem os caroços) em azeite extravirgem (manter em vidro escuro e longe do calor) puro ou com outras ervas, como por exemplo orégano, alecrim e/ou manjericão. Acrescente à sua refeição ou salada, pelo menos 1 colher de sopa/dia. Lembrando que quanto mais tempo durar, mais ardida ela ficará, ok?
Nunca se esqueça que é muito importante a busca de um profissional para tratar as suas especificidades, afinal cada individuo é único.
Muita saúde a todos!
Referências:
- NAVES, A. Nutrição Clínica Funcional: Obesidade. Ed. Valéria Paschoal Editora Ltda., 2009
- TALBOTT, S.M.; HUGHES, K. Suplementos dietéticos para profissionais de saúde. Ed. Guanabra Koogan. Rio de Janeiro, 2008.
- Blog VP Consultoria Nutricional – Pimenta contra o Câncer
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