Quando se fala em saúde e qualidade de vida, o que vem a sua cabeça como receita certa para alcançar esse ideal? Aposto que a combinação atividade física e alimentação saudável passou pela sua mente, certo? Partindo da idéia de que nenhum clichê se torna clichê gratuitamente, ratifico a idéia, é isso mesmo um casamento mais que perfeito, movimento e alimentação adequada, Romeu e Julieta, felizes para sempre.
O movimento é a lógica da natureza. No ser humano, o exercício, é uma função e capacidade básica que favorece o adequado funcionamento do mesmo. Desde a bomba matriz chamada coração até a capacidade de cada célula receber o oxigênio necessário para seu funcionamento. Nos dá estrutura para aguentarmos os embates da vida, mesmo que sejam estes, vivenciados dentro de um escritorio, sentados em uma cadeira por pelo menos 8 horas por dia. Movimento, movimento, movimento...
Afinal, é preciso um coração forte para encarar o estresse de um trânsito caótico, musculatura firme para as horas em frente ao computador e respiração adequada para o oxigenio conseguir chegar a cada uma das nossas 100 trilhões de células.
Cada uma dessas células trabalha incansavelmente na manutenção de nossas funções vitais, são micro usinas de energia e vida. E como tal precisam de combustível, nutrientes diversos que participam de cada uma das reações bioquímicas necessárias para simplesmente existirmos. Aí chegamos na outra variável dessa combinação, a alimentação, tema tão extenso quanto polêmico atualmente no que diz respeito ao que realmente auxilia no funcionamento ideal do nosso organismo.
O exercício, provoca, naturalmente, alterações fisiológicas e metabólicas no nosso organismo. Reside nessas alterações a medida entre o que é saudável e o que pode ser deletério. No caso de atletas, em que a intensidade e duração dessas atividades normalmente são intensas, encontra-se na nutrição um grande aliado para tentar atenuar o desgaste e o estresse e garantir melhor desempenho através do fornecimento dos substratos adequados de acordo com a especificidade de cada um.
Uma modificação importante e recorrente na atividade física é a fadiga muscular, aquela sensação famosa de “não dá mais” e que muitas vezes te faz parar antes do que você gostaria. A fadiga está ligada a alterações metabólicas que ocorrem durante o exercício, impedindo que as células trabalhem normalmente. Não se chegou ainda a um consenso sobre as principais causas desse estado, já que ela pode ser determinada por uma série de fatores e variáveis.
Uma das possíveis causas é que, em exercícios prolongados, a queda de pH, diminui a força das pontes cruzadas, que fazem a contração muscular. Essa queda de pH pode ocorrer de acordo com a intensidade do exercicio, quanto mais intenso, maior a produção de hidrogênio e maior a acidez muscular. Até o exercício ser interrompido. Sei que parece complicado, mas na prática é nesse momento que você tem vontade ou é até obrigado a parar. Ácidos, bases, pHs, lembra desse conceito logarítmico das aulas de química que vc achava que nao servia pra nada? Pois é, tá acontecendo aí o tempo todo, dentro de você...
E como a alimentação pode contribuir no retardo desse processo e na melhora da performance?
Uma interessante e possível estratégia muito estudada para se evitar a fadiga causada pela acidez, poderia ser fazendo uso dos alimentos ou suplementos como agentes alcalinizantes, ou seja agentes de regeneração do pH orgânico.
Para tal, já temos calculado a Carga Potencial Ácida Líquida para os principais grupos de alimentos de uma dieta moderna, chegando à conclusão de que os principais alimentos verdadeiramente alcalinizantes são as frutas e vegetais.
Sensação de que voltamos ao lugar comum né? A velha história das frutas e vegetais. Lembra do que eu disse sobre os clichês? Aham! Não tem como fugir, no fim das contas, é o que faz a diferença, frutas e vegetais, frutas e vegetais, frutas e vegetais... (e nós ainda nem vamos falar sobre serem orgânicos, ainda...).
Alguns investigadores, não por acaso, defendem que o ser humano está mais adaptado para a dieta seguida pelos caçadores-recolectores do Pleistoceno do que para a típica dieta recomendada por várias instituições de saúde, ricas em pães, leite e muita proteína, alimentos potencialmente acidificantes. Realizaram uma simulação, que consistiu em retirar da típica dieta americana os cereais, os óleos e o açúcar, substituindo-os por frutas e vegetais. O resultado foi uma dieta alcalinizante, que parece ter sido a norma durante a evolução do homem enquanto espécie, uma vez que os alimentos eliminados apenas começaram a fazer parte da dieta do homem a partir do Neolítico (11,000 anos atrás).
Então toda a neurose e recomendação de proteínas, proteínas e proteínas para atletas está sendo questionada? Pode crer...
Como aplicar essa idéia? Reduzir o consumo de alimentos considerado acidificantes e aumentar o consumo dos alimentos chamados alcalinizantes, os melhores? Lentilha, umeboshi (dá um google e me conta), sal marinho (basta trocar o convencional refinado, mas nao abuse porque continua sendo rico em sódio), missô, ÁGUA mineral, brócolis, algas marinhas, cebola, batata doce, inhame, lima, nectarina, abacaxi (sim conhecida fruta ácida, porém o seu “resíduo metabólico” alcaliniza), tangerina e melão. Um mundo se abre se formos olhar os alimentos e seu impacto por esse viés...
Enfim, entre mitos, rituais e modismos nos vemos diante de várias “receitas” sobre qual a alimentação adequada para o esportista, seja ele um atleta ou um praticante regular. Diante de tantas informações o melhor caminho ainda é se apoiar na ciência e, principalmente, no bom senso e na lógica, da natureza. Pelo menos eu acho... E você? Experimenta...