Embora a medicina avance, as pessoas não param de adoecer. Esse é o
paradoxo que caracteriza a atual fase da ciência médica, segundo o
ginecologista e especialista em medicina de antienvelhecimento Ítalo Rachid.
Segundo o médico, grande parte do problema consiste no conceito de saúde,
baseado no tratamento de doenças e não na prevenção. E na busca pela
longevidade saudável, o médico ressalta: a genética tem impacto de apenas 15%.
Estilo de vida, alimentação adequada e controle do estresse influenciariam mais
que os fatores genéticos, para Rachid.
Ítalo Rachid
“O que tem sido cada vez mais notório e concreto é que a longevidade
passa por uma complexa receita de bolo, onde a genética só interfere em cerca
de 15%. Na realidade, estilos de vida e escolhas que nós fazemos por meio de
informação de qualidade tem um impacto de quase 70% em quão bem e quão
longamente nós vamos viver”, afirmou o médico em entrevista ao Estar Bem
durante o congresso “O poder curativo da água”, no Clube Monte Líbano, no Rio
de Janeiro, em setembro.
Para Rachid, existe um pilar que é a base de uma boa saúde, composto por
alimentação, controle do estresse e estilo de vida. Em desequilíbrio, esse
pilar desencadearia a inflamação crônica do organismo, o que para o médico é
causa primordial de toda doença.
“Uma grande mentira que nos contam é que o colesterol é o causador de
infarto. É a inflamação crônica das artérias que causa infarto, não o
colesterol”, afirma o médico ressaltando a importância de se prevenir as
inflamações.
Baseado em uma terapêutica de prevenção e reposição hormonal, Rachid é
enfático ao afirmar que toda a tecnologia médica não evitou o aparecimento das
doenças, apenas aumentou a sobrevida.
“Antigamente as pessoas começavam a apresentar os sintomas de Alzheimer
aos 60 anos e morriam aos 65. Hoje apresentam os sintomas com a mesma idade,
mas morrem aos 80. Aumentou a sobrevida, mas continuam adoecendo”, pontua. “A
questão não é se as pessoas vão viver mais, mas se vão viver melhor. A arte de
curar é uma arte para poucos médicos bem preparados. Mas é preciso adotar a
prevenção. Curar é tão importante quanto prevenir”, conclui.
Segundo o médico, o gasto com o tratamento das doenças que acometem as
pessoas na velhice acabará por colapsar o sistema econômico, devido ao alto
custo das aposentadorias. Para Rachid, 90% desses distúrbios seriam
absolutamente fáceis de prevenir, se as pessoas mudassem a perspectiva sobre
sua saúde.
“Somos treinados a valorizar o que é perceptível, a dor, o caroço. E
ausência de sintoma não é saúde. Isso muda a forma como procuramos o médico.
Procuramos só quanto estamos doentes”, explica. ”Médicos são treinados a
perguntar ao paciente o que ele está sentindo, não sabe lidar com a prevenção.
É preciso atentar para a isso.”
Para o médico, cuidados com a dieta, estilo de vida, controle da
inflamação, atividade física, controle do estresse, detoxificaçao, entre outros
formam um complexo esquema que irá resultar não apenas na longevidade e sim
numa maior qualidade de vida. Rachid ressalta: “alimentos inadequados são
verdadeiras drogas, piores que certo medicamentos, por isso são tão importantes
na construção de uma boa saúde.”