Esse hábito tem gerado uma grande
preocupação para os pais pois atualmente tem sido cada vez mais frequente nas
crianças. As causas do bruxismo podem ser as mais diversas, desde estresse até herança genética.
Segundo a odontopediatra Adriana Ortega, professora da
Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia
da Faculdade de Odontologia da USP, caso a mãe esteja desconfiada do
problema, o diagnóstico deve ser complementado pelo exame físico, para o odontopediatra
investigar se há sinais de desgaste nos dentes. “É importante ressaltar que a
identificação dos desgastes é uma informação complementar e sozinha não é
determinante para o diagnóstico”, diz Ortega.
Em alguns casos, a criança que tem bruxismo não necessariamente
levará o problema para a vida adulta. Ainda assim, caso o problema persista, há
meios para controlar seus prejuízos, como o desgaste irreversível dos dentes,
fratura de restaurações. Este controle para preservar o tecido dentário é
feito com os dispositivos inter oclusais (placas) usadas durante a noite.
Para investigar a fundo a causa do
ranger de dentes é preciso marcar consultas com outros especialistas além do
dentista. Isso porque existem fortes evidências que os fatores que desencadeiam
o bruxismo estão relacionados com alterações no sistema nervoso central e não
nos dentes. “Pesquisas demonstram que muitas crianças com bruxismo podem
apresentar sinais de ansiedade, estresse, apneia, entre outras alterações, que
precisam de avaliação de diversos profissionais da área da saúde que não o
cirurgião-dentista”.
A Prof. Dra Juliana Stuginski,
especialista em DTM e dor orofacial, fez
algumas considerações importantes sobre
o bruxismo:
• Baseado
no relato de ranger de dentes, o bruxismo do sono é mais comum na infância (14
a 38%) do que na idade adulta (±8%).
• A
probabilidade da criança ranger ou apertar os dentes é 1.8 vezes maior se os
pais estiverem conscientes dos sinais e sintomas de bruxismo
• A
probabilidade do relato de bruxismo aumenta 3.6 vezes se a criança apresenta
algum distúrbio psicológico, 1.7 vezes maior se babar (relação com a
respiração bucal) e 1.6 vezes se for sonâmbula.
• Crianças
com bruxismo tem 16 vezes (!) mais chances de serem ansiosos.
• Crianças
com TDHA – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade que recebem tratamento com medicações estimulantes do Sistema Nervoso
Central (SNC) apresentam prevalência maior de bruxismo (o que pode ter relação
com o papel dos neurotransmissores em bruxismo, ainda não estudado em
crianças). Os autores enfatizam que neste caso o bruxismo seria secundário.
• Os
fatores genéticos merecem ser mais estudados. Se um dos pais relatam apresentar
bruxismo, a criança tem 1.8 vezes mais chance de ser também bruxista.
•
Pouquíssimos estudos foram realizados com polisonografia em crianças no
intuito de estudar a fisiopatologia do bruxismo do sono infantil. Um dos
estudos verificou uma aumento no número de microdespertar, o que associou a
problemas comportamentais de atenção. A forma como aconteceu o evento do bruxismo do sono primário é similar ao
do adulto. Outro estudo realizado em 90 crianças com cefaleia, verificou associação
entre bruxismo do sono e cefaleia tipo tensional.
•
Relação entre os distúrbios respiratórios e o bruxismo (neste caso o
primário é agravado ou o distúrbio do sono tem como consequência um bruxismo
secundário). De fato, crianças com obstrução nasal têm prevalência de 62,5% de
bruxismo. E já foi demonstrado que há uma redução na prevalência após procedimentos
de tonsilectomia (de 45,5 para 11,8%) e adenotonsilectomia (25,7% para 7,1%). Um estudo feito pela
Universidade de Montreal com 604
crianças de 7 a 17 anos mostrou que pacientes
Classe II apresentavam chance maior de relato de bruxismo (2.2 para esquelética
e 1.9 para dental). Dessa maneira, é importante o papel do cirurgião
dentista em detectar o paciente respirador bucal e submetê-lo a tratamento, sobretudo
aqueles com atresia maxilar.
•
Destaca
um artigo realizado no Brasil pela
equipe do departamento de Pediatria e Ortodontia da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) publicado em 2009 que avaliou a prevalência e influência
dos fatores psicológicos no bruxismo infantil. Eles encontraram uma prevalência de 35.3% mas não encontraram
associação entre bruxismo, estresse ou gênero, idade e condição social.
Crianças com algum tipo de neurose ou muito responsáveis tiveram duas
vezes mais chances de apresentar bruxismo do sono.
Atualmente, é importante observarmos o papel
da respiração e sua relação com o bruxismo; tendo em vista a frequência de
crianças com algum tipo de dificuldade
respiratória, processo alérgico, obstrução nasal. Vamos aguardar que linhas de
pesquisas sejam feitas para verificar que
esta associação vai além da casualidade.
Fonte:
http://saude.terra.com.br/saude-bucal/atualidades/aprenda-a-identificar-se-seu-filho-tem-bruxismo,355d7fe6907ac310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html
Dra Taluana Cezar Modesto França – CRO DF
4681
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
Periodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares