domingo, 12 de junho de 2011

O Equilíbrio das Moléculas....



Quem nunca deixou uma maçã cortada de lado para fazer outra atividade e surpreendeu-se com seu rápido escurecimento? Essa alteração que ocorreu com a maçã, ocorre da mesma forma com a bicicleta enferrujando ao relento ou com a manteiga que fica rançosa ao ser esquecida fora da geladeira. Esse processo é chamado de Oxidação e ocorre devido uma reação do oxigênio com moléculas destas substâncias frente a situações especiais. Saibam os senhores que nós também sofremos continuamente esse processo durante todos os dias de nossa existência.
Quer dizer que enferrujamos? Bem, essa não seria a terminologia adequada mas, é mais ou menos isso que acontece em nosso organismo e o grande vilão desse processo são os chamados Radicais Livres.
Os radicais livres são gerados continuamente dentro de nossas células (especificamente nas mitocôndrias) ao utilizarmos a queima de oxigênio para gerar energia a partir dos nutrientes. E olhe que fazemos isso a todo segundo! Situações como inflamações, infecções, nutrição inadequada com baixo teor de substâncias antioxidantes e contaminações do meio-ambiente podem aumentar em muito essa carga de radicais livres.  Os antioxidantes agem neutralizando e eliminando esses radicais livres. Sem eles, o dano causado por esses radicais destruiria todo o nosso organismo.
Para nosso alívio, nosso organismo tem um sistema capaz de neutralizar os radicais livres dentro de nossas células conhecido como enzimas antioxidantes.
Deste grupo fazem parte nomes estranhérrimos como superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx), que são fundamentais para nossa boa sobrevivência, neutralizando os radicais livres, sem afetar nossos órgãos e tecidos.
Mas, sem uma alimentação e suplementação adequadas esse sistema sozinho não seria capaz de prevenir esse mal. Vitaminas, sais minerais e outros nutrientes antioxidantes são fundamentais para a ativação desse processo agindo como co-fatores. O entendimento e manuseio desse processo é a premissa básica da prática Ortomolecular (Orto = equilíbrio / molecular = moléculas) que visa o equilíbrio do corpo e da mente.
Em 1960, Linus Pauling, professor emérito e prêmio Nobel por 2 vezes, já havia enfatizado sua teoria sobre a prática Ortomolecular, ao afirmar que as doenças tinham origem nas alterações de desequilíbrio bioquímico do organismo. Ele tornou-se mais conhecido do público por ser um grande defensor do uso de vitamina C na prevenção e combate de diversos males orgânicos.
Mas, foram os trabalhos científicos de outro pesquisador, Dr. Denham Harman, da Universidade de Nebraska, que levaram em frente toda essa teoria envolvendo radicais livres e a Ortomolecular. Sobre o poder dos radicais livres em promover a oxidação e o envelhecimento, existe uma teoria muito bem fundamentada, formulada em 1972 pelo Dr. Harman. Inicialmente combatida, essa teoria hoje possui aceitação universal e em função dela Harman foi indicado, em 1995, ao Prêmio Nobel de Medicina.
No último mês, tive a oportunidade de presidir o XXIV Congresso Internacional da Prática Ortomolecular, que ocorreu em São Paulo, onde congregaram-se médicos e cientistas de vários países e renomadas instituições ao redor do mundo com o grande objetivo de entender o que está acontecendo em nosso planeta.
Apesar de contarmos com a mais alta tecnologia e fármacos de primeira linha, ainda continuamos ver um crescimento exagerado de doenças como o diabetes e as doenças cardiovasculares. Médicos de várias especialidades como Cardiologia, Endocrinologia, Ginecologia, Psiquiatria, entre outras, e com prática nos conceitos da Ortomolecular discutiram extensivamente sobre toda essa interação que existe entre o homem e o meio-ambiente e suas correlações com a saúde. A lição tirada desses três dias foi a de que precisamos mudar urgentemente nossos hábitos para podermos viver mais e envelhecer com qualidade de vida e saúde.
Pesquisas sobre vitaminas e antioxidantes cresceram muito nos últimos anos, atingindo milhares de publicações científicas anuais. É fato não haver consenso total sobre a efetividade dessas substâncias; porém, pesquisas atuais em nutrição têm demonstrado melhor função celular e melhor saúde em indivíduos com níveis mais elevados de vitaminas e sais minerais.
A opinião médica convencional caminha para o consenso de que tomar vitaminas vai além da prevenção de doenças. Artigos publicados nos últimos anos no New England Journal of Medicine e no Journal of the American Medical Association (JAMA), duas das mais respeitadas publicações em medicina, recomendam a utilização dessa prática ligada a uma vida saudável. O JAMA de junho de 2002 diz “Apenas a alimentação não consegue prover à maioria das pessoas a quantidade ideal de todas as vitaminas”.
Sendo assim quais suplementos devemos ingerir? Em primeiro lugar, devemos entender o ser humano em sua individualidade bioquímica. O que você necessita e a quantia que necessita, dificilmente será igual à necessidade do seu marido ou da sua mulher. Somos seres únicos e devemos ser minuciosamente avaliados para obtermos essas conclusões.
Mas, de uma forma geral, existem vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais para todos. Entre as vitaminas temos as vitaminas C e do complexo B (solúveis em água) e as vitaminas A,D,E e K (solúveis em gordura). 
Entre os minerais destacamos o cálcio, o cromo, o cobre, o magnésio, o fósforo, o potássio, o zinco, o selênio, o manganês, o iodo, o boro, o molibdênio, o flúor, o sódio e o ferro.
Entre os ácidos graxos essenciais citamos os ácidos linoléico (ômega 6) e o alfa-linolênico (ômega 3).
Além desses chamados nutrientes essenciais, existem outros que também devem constar da lista de orientações individuais. O licopeno encontrado no tomate atua como prevenção de câncer de próstata e mama, o resveratrol do vinho tem grande papel como antioxidante, a luteína presente em frutas e verduras tem excelente atuação na saúde dos olhos. E assim, ocorre com muitos outros nutrientes. Também é importante lembrarmos que minerais como o alumínio, o chumbo, o cádmio, o mercúrio e tantos outros tem um potencial deletério a saúde que deve ser investigado, pois a contaminação orgânica por esses metais pode levar a vários problemas de saúde pública.
Portanto, em um mundo cheio de recursos e problemas como o que vivemos atualmente, devemos fazer escolhas. Nutrir-se bem afastando-se de fatores de risco ambiental e adotando uma postura ativa e positiva parece ser um bom caminho. Espero que façam as escolhas corretas. Saúde à todos!